quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eles estão no meio de nós

Mídia Sem Máscara

No livro The Day of Islam, Paul Willians (um ex-agente da CIA) cita o Foro de São Paulo como articulador das negociatas entre terroristas e narcotraficantes.

A reportagem de capa da Revista Veja desta semana traz informações da Polícia Federal sobre terroristas agindo livremente no Brasil. Devo dizer que é um assunto sobre o qual venho falando (e escrevendo) há pelo menos 3 ou 4 anos.

Em maio de 2009, publiquei um tipo de compêndio de links auto-explicativos - e que complementam a ótima reportagem da Veja:

Alguns links em uma ordem cronológica e auto-explicativa: 1) Em novembro, a ex-ministra das relações exteriores de Israel, num programa de rádio, apontou o estreitamento dos laços entre guerrilhas sul-americanas e organizações terroristas iranianas que, segundo ela, pode ser facilmente observado. Ela ainda disse que o Irã procura constantemente o auxílio político para bloquear as sanções internacionais que vão de encontro ao seu programa nuclear. O ministério da defesa israelense tem observado durante anos as áreas de fronteira entre o Paraguai, Argentina e Brasil, identificando-as como focos do terrorismo iraniano em conjunto com o Hizballah. (Livni aponta focos de terrorismo na América Latina);

2) Em janeiro, é a vez da NEFA Fundation divulgar um extenso documento sobre os arquivos do computador do ex-chefão das Farc, Raúl Reyes, com todas as suas conexões com diplomatas e agentes de inteligência da Venezuela. Juntamente com membros do governo da Nicarágua, foram usados como contatos com ex-integrantes do Exército Republicano Irlandês (IRA), com os separatistas espanhóis do ETA, além do Hamas, Hizballah e o Irã, que deu suporte ao contrabando de armas para as guerrilhas latino-americanas. (The Farc's International Relations: A Network of Deception).

«UPDATE: Em outubro de 2010, o jornal espanhol El País noticiou que terroristas do ETA foram recebidos pelo governo venezuelano para treinamentos de guerrilha:

Dos etarras confiesan que se entrenaron en Venezuela en 2008;

ETA en la Venezuela de Chávez: la prueba definitiva »

2) Na última segunda-feira, dia 25 de março, um relatório de inteligência do governo israelense diz que a Venezuela e a Bolívia estão fornecendo urânio para o programa nuclear do Irã. (Israel suspeita que Venezuela e Bolívia enviem urânio a Teerã);

3) A coluna do jornalista da Folha, Josias de Souza, nesta terça-feira, 26, informa que um integrante da alta hierarquia da organização terrorista Al Qaeda está preso no Brasil sob sigilo rigoroso (Integrande do alto escalão da Al Qaeda está preso no Brasil);

4) Ainda hoje, repercutindo a notícia do terrorista da Al Qaeda preso sigilosamente no Brasil, diz a Folha que o Ministério da Justiça confirma a informação de que um membro da Al Qaeda foi capturado no Brasil, porém, já foi libertado por estar casado com uma brasileira e ter residência fixa. (Membro da Al Qaeda não está mais na prisão).

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Vale lembrar que no livro The Day of Islam, Paul Willians (um ex-agente da CIA) cita o Foro de São Paulo como articulador das negociatas entre terroristas e narcotraficantes, denuncia ligações do governo brasileiro com o Irã - no que diz respeito ao Programa de Enriquecimento de Urânio -, e ainda aponta o interior de Minas Gerais como local de um campo de treinamento da Al Qaeda (um tipo de centro de operações para captação de recursos, i.e., narcotráfico e contrabando de armas em conjunto com as Farc).

Outra informação importante é que, em 1973, quando o Brasil ainda tinha um governo, o SNI (Operação Tulipa), executou 13 membros da Al Fatah e do Setembro Negro no Brasil (C.f. reportagem de Mario Chimanovitch, na revista Isto É, n. 1430, de 26 de fevereiro de 1997: Setembro Negro no Brasil - Como órgãos de repressão quebraram a conexão do terror palestino no Brasil nos anos 70, pp. 32-34).

Enfim, atualmente, com a conivência do governo brasileiro, os terroristas se espalham por todo o país, que sequer tem uma legislação para julgar crimes de terrorismo. Da "terra sem lei" da Tríplice Fronteira, já atuam em São Paulo.

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Para entender melhor o assunto, também recomendo a leitura da entrevista do jornal Correio Brasiliense com o Prof. Dr. Ely Karmon, pesquisador Sênior do ICT (Instituto Internacional de Contra-Terrorismo - http://www.ict.org.il). Alguns excertos:

Que interesse o Irã tem na América do Sul e América Latina?
O interesse é transformar a América do Sul em uma frente contra as pressões da coalizão americana, dos estados europeus sobre seu programa nuclear. Eles sabem que Hugo Chávez também se sente ameaçado pelos EUA, e que, então, tem aqui um aliado para combater os EUA. Os dois presidentes já falaram em uma aliança de países revolucionários, que seria formado com a influência que Chávez tem no Equador, nos regimes bolivarianos. A Bolívia, por exemplo, que tinha apenas uma embaixada na região, localizada no Egito, um país moderado e o maior do mundo árabe, a transferiu para Teerã. A Bolívia também aceitou que o Irã abrisse uma televisão por satélite, em espanhol, para toda a América Latina, como uma arma de propaganda de Teerã. Hoje a TV do Hezbollah tem um grande site em espanhol.

Há presença do Hezbollah na América do Sul?
Na América do Sul, sabemos que há, com certeza, uma estrutura ativa do Hezbollah desde os anos 1980. E ela, pouco a pouco, se desenvolveu com a chegada de imigrantes xiitas do Líbano. Hoje, depois de um grande número de prisões entre 2002 e 2003, eles são mais cautelosos e um grupo mais descentralizado - o que torna mais difícil o seu acompanhamento. É claro que não são todos os libaneses, mas o Hezbollah utiliza essa comunidade para recrutar militantes e hoje tem, claramente, uma presença, principalmente na Tríplice Fronteira, em Isla Margarita (Venezuela) e Iquique (Chile). No caso da Tríplice Fronteira, temos um organograma, com alguns nomes conhecidos. E essas células foram envolvidas nos ataques em Buenos Aires contra a embaixada israelense, em 1992, e, em 1994, contra a comunidade judaica. Sabemos que a Justiça argentina tem gravações de conversas durante o atentado de 1994 feitas a partir de Ciudad de Leste para Buenos Aires. Mas, como não há controle da polícia local, nada foi feito.

Que risco representa essa presença do Hezbollah na região?
Hoje eles não têm ações, mas esperam uma decisão. Se o Irã ou o Hezbollah decidem que tem interesse em fazer uma ação, eles estão preparados. O atrativo da América do Sul é usar as fraquezas da região. Por exemplo, o fato de não ter serviços policiais suficientemente capacitados para tratar com o Hezbollah.

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Mais alguns links que trazem informações importantes:

1. Comunicado da Embaixada dos EUA nos Brasil:
Departamento do Tesouro identifica rede de arrecacação de fundos na região da Tríplice Fronteira
http://embaixada-americana.org.br/index.php?action=materia&id=4986&submenu=press.inc.php&itemmenu=21

2. Revista Época
Os terroristas estão aqui?
ÉPOCA foi investigar quem são os homens que os EUA acusam de financiar o terrorismo na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR76636-5990,00.html

3. UOL NEWS:
Argentina, Brasil e Paraguai rejeitam acusações de apoio ao Hezbollah
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/12/07/ult34u169775.jhtm



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