domingo, 23 de março de 2008

Dúvidas, indecisões e Feliz Páscoa!

Domingo, Março 23, 2008

Dúvidas, indecisões e Feliz Páscoa!

Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://alertatotal.blogspot.com

Por Arlindo Montenegro

Em 1964, num teatro que nem sei se existe ainda ali numa ruazinha que desemboca na Av. Rio Branco, o irreverente trovador comedor de gilete, Ary Toledo, de viola em punho contava o conto do fazendão Sta. Luzia. Quem nascia ali, recebia no berço uma camada de cera nos olhos e estava condenado a não ver nada. Desde criança, ia para o eito, acompanhando os adultos na produção das lavouras. Na varanda, o gordo fazendeiro comandava tudo e enchia a pança. Um dia, chegou um viajante, engraçou-se de uma daquelas moças cegas e numa carícia, retirou, sem querer, a cera dos olhos dela. Descoberta a farsa, começou a via sacra dos que seguidamente foram ajudados pelo casal e passaram a ver as coisas. Como descartar todas as crenças e costumes de uma vez só? Que fazer com as informações novas de um mundo até então desconhecido?

O colunista Nelson Mota, pergunta quantos “tantos ainda crêem que ‘tudo que é de esquerda é bom’? e o que “... de direita, é portanto, do mal...(?) Quem...vai acreditar que a esquerda é generosa com os pobres e oprimidos, quer a igualdade e a fraternidade, é trabalhadora, honesta, não rouba, só pensa no bem do povo e do país”(?) Que “os que apenas são contra a esquerda são autoritários, gananciosos, só pensam em dinheiro, em explorar os pobres, em atrasar o país, em pilhar o Estado.(?) É patético.” (in FSP 21Mar/08)

O que parece racional, lógico, exeqüível para uns é inadmissível para outros. Como se a moeda da maturidade emocional só tivesse uma face visível e corrente, sendo a outra face lisa, inconsistente, lixo descartável produzido por mente insana. O jornal e a revista, a novela e a igreja devem ser as mesmas, com o mesmo conteúdo. Uma foto mostrando um presidente almofadinha, cumprimentando o outro presidente em manga de camisa, supõe um comentário crítico elogioso para o primeiro e irônico para o segundo.

O que vem de fora é sempre melhor. É o cachimbo na boca do espírito colonizado, aprisionado em currais ideológicos cujo limite é uma frágil cerca, ainda que de arame farpado. A multissecular dependência cultural ativando o fascínio pelos padrões do colonizador, que domina como ninguém a arte de tacar cera nos olhos da putada! (obs.: de puto, no sentido lusitano corrente).

Aqui na caverna da ignorância mental, alguns neurônios defeituosos pelas carências nutricionais, vez por outra gritam perguntas, cujas respostas corretas e apropriadas para entender o mundo em que vivemos, ainda não consegui elaborar. Talvez algum ocioso ou intelectual que leia estas linhas, me possa ajudar. Preciso de respostas sim ou não, porque e como, quando e onde. E a quem interessa.

Devo esconder de mim mesmo o que os meus olhos vêem?

Devo abrir mão da busca de fazer diferente para obter resultados diferentes?

Devo continuar acreditando que tudo quanto vem de fora é melhor?

Se considero Hitler abjeto, devo continuar acolhendo os credos e ideais de Stalin, Castro, Chaves, das farc, do Foro São Paulo?

Se eu tiver uma verba e poder de decisão, construo uma escola ou uma prisão?

Narcotraficante é profissão?

Um aloprado, cheirado ou esfumaçado, tem senso crítico?

Quem é mais manipulável: uma pessoa lúcida ou outra confusa e desesperada?

Devo continuar pensando: é assim mesmo, não tem jeito?

Nosso comportamento político pode ser considerado positivo sob o aspecto de saúde mental?

Almejar e perseguir um ambiente de convivência em paz, trabalho, respeito e colaboração entre diferentes é estupidez?

O que impede a civilização de caminhar por vias que parecem ser amplas e arejadas?

Será que ainda creio em Deus?

Quais são os limites da tolerância e respeito aos outros?

Que aspectos da ação humana ultrapassam estes limites?

O que justifica a invasão o espaço do outro, a agressão, o isolamento, a guerra?

Como conduzir drogados emocionais e físicos, mergulhados na irresponsabilidade?

O povo tem capacidade crítica?

Uma nação pode subsistir sem inteligência, sem credibilidade na liderança?

Em que condições é lícito, ético e de direito indignar-se e dizer NÃO!?

Que instituições ou veículos temos disponíveis para fazer ouvir um NÃO?

Ainda é possível escolher entre carne e peixe, arroz ou feijão?

Como fazer para sacudir a letargia e construir soluções para o bem comum?

O preço da gasolina vai baixar?

O que é prioritário: guerra ou educação?

O que garante melhor qualidade de vida: enxada ou planejamento com educação?

A ONU vai governar o mundo?

Porque os boinas azuis não vão pacificar a Colômbia?

Os banqueiros e políticos vão sair de cima da carne seca?

A Amazônia vai ser internacionalizada, quando?

As populações da América do Sul vão entrar em guerra?

Interessaria aos donos do mundo nova divisão territorial, subordinada a biomas e aspectos culturais específicos: Amazônia, Cerrado, Pampa, Pantanal... países menores?

Mais países, facilitariam a competitividade, influências, negócios, garantia de acesso aos bancos naturais estratégicos?

O Ministro Jobim vai conseguir o conselho de defesa sul americano apoiado por Chavez e com aprovação dos EUA?

E o exercito bolivariano, vai sair?

A URSAL reforçaria a unidade e posições políticas dos controladores do mundo?

Isto que vivemos está mais para civilização de bárbaros ou cristãos?

A venda de drogas paga um salário mínimo por semana. É vantagem?

Prostituição infantil é responsabilidade de quem?

Quousque tandinem Catilina abutere patientia nostra?

Ultimamente, tenho observado que emitir opiniões, pensamentos sobre a realidade sócio política e ambiental é como falar no deserto. Será que perdemos o sentido crítico ou nunca o possuímos como ferramenta construtiva?

Um admirável mundo novo ou um mundo novo digno de admiração?

Que as comemorações achocolatadas da Páscoa – nova vida, renovação – possam significar um passo adiante na construção de ambientes mais cômodos e confortáveis. Em ações produtivas para afirmar a humanidade.

Arlindo Montenegro é Apicultor.

O Alerta Total deseja a todos uma Feliz Páscoa!

Alerta Total de Jorge Serrão

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