terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Notalatina - Tuesday, December 09, 2008

A VENEZUELA NÃO É TERRA DE NINGUÉM!

Quando saíram os resultados das últimas eleições para governadores e prefeitos na Venezuela, Chávez fez um pronunciamento fingidamente feliz, alegando que “respeitaria os resultados” que deram vitória à oposição nos estados mais importantes, inclusive o da capital do país, Caracas. Dizia ele que havia sido o grande vitorioso, pois abocanhara 17 estados e que “para desmentir os boatos de que era um ditador”, daria posse aos novos eleitos com a mesma satisfação que daria aos seus.

No entanto, passada apenas uma semana não foi isto que se viu. Recomeçou a perseguir seu eterno rival, Manuel Rosales, ex-governador de Zulia, onde está sendo acusado de corrupção e que vai depor no próximo dia 11. O prefeito municipal de Caracas não pôde instalar-se porque dona Cilia Flores (presidente da Assembléia Nacional) decidiu “recuperar” o local onde despachava e onde funcionava o colegiado. O governador eleito de Táchira, César Pérez Vivas, não pôde assumir porque o Conselho Legislativo Regional decidiu, arbitrariamente, que só vai juramentá-lo em... janeiro!

Entretanto, o caso mais insólito se deu com o governador eleito de Miranda, Henrique Capriles Radonski. Vale lembrar que durante os tumultos de abril de 2004 Radonski tentou impedir a depredação da embaixada de Cuba e viu-se, de uma hora para outra, acusado por Chávez de “ato de terrorismo” contra a tal embaixada. Apesar de tudo haver sido filmado, comprovando sua inocência e do próprio embaixador ter a princípio negado seu envolvimento, Radonski foi preso e sentenciado como “terrorista” e “contra-revolucionário”.

Radonski (na foto acima) denunciou que a administração de Diosdado Cabello, o ex-governador de Miranda, levou TUDO o que pertencia ao governo do estado, não deixando sequer móveis, veículos, nada! Diz ele: “As diversas casas do governo em todo o estado de Miranda foram saqueadas; não me deixaram nem uma cadeira onde me sentar e só não levaram as paredes por casualidade”. Alegou ainda que Cabello tinha à sua disposição pessoal mais de 24 veículos e 60 escoltas e que faltam devolver armas e motos designadas pela administração anterior às escoltas. “Parece que a antiga administração não disse: vamos com tudo mas, pelo contrário, levamos tudo”, afirmou Radonski.

Chávez não faz, ele mesmo, mas suas turbas de delinqüentes seguidores se encarregam de semear o caos, a desordem, o vandalismo. Semana passada recebi um relato de uma senhora que contava estarrecida o ataque que sofreu desses marginais. Ela passava por um local próximo à Assembléia Nacional quando viu uma quantidade exagerada de policiais fardados e a paisana nos arredores. Curiosa, e já temendo algum golpe, perguntou a um policial do que se tratava e ouviu que “o cachorro do Rosales está na Assembléia Nacional”. Depois alguns militantes começaram a olhá-la afrontosamente, de cima a baixo, como se estivesse estampado em seu rosto que ela era opositora. Assustada, postou-se na porta da igreja onde acontecia uma missa. A turba não se satisfez e resolveu entrar e agredir verbalmente as pessoas que estavam lá dentro rezando, e que não tinham nada a ver com suas manifestações.

Não satisfeitos em entrar na igreja, começaram a dizer aos berros: “Pátria, Socialismo ou Morte!” e em seguida, “Hipócritas! Queremos a cabeça de Rosales! Esta merda (a casa de Deus) não é de vocês!”. Um senhor fechou a porta e ao final todos saíram de cabeça baixa enquanto a delinqüência tomava conta das ruas, sob o olhar complacente dos policiais que nada, absolutamente nada fizeram para conter a fúria desmedida e sem sentido desses loucos. Ao ler este relato, que é bem mais detalhado, de imediato lembrei dos tumultos em Cuba e das hordas dos CDR atacando os cristãos nas procissões ou dentro dos templos, ou mesmo contra as Damas de Branco em sua pacífica e muda caminhada...

E então, uma semana depois Chávez não se conteve e resolveu revelar o que era e sempre foi seu desejo: fazer um novo referendo para votar sua reeleição perpétua. Ele não tem mais como alterar a Constituição porque suas fichas se acabaram em meados de junho, com o fim das prerrogativas da Lei Habilitante que lhe davam plenos poderes. Como ele sabe que tem maioria do Congresso, que a Assembléia Nacional come na sua mão, lançou a campanha para um novo referendo em fevereiro para novamente se votar sua reeleição.

Como muito claramente nos explica Alejandro Peña Esclusa neste artigo, que também pode ser lido em seu original em espanhol, a resposta a esta aberração constitucional o povo já deu em 2 de dezembro do ano passado, com acachapante derrota aos planos sinistros deste macaco louco. Chávez está percebendo que, com a estrondosa queda do preço do petróleo que garantia seus arroubos mundo afora, a situação econômica da Venezuela está se tornando cada dia mais crítica e vai explodir no ano que vem. A produção da PDVSA há anos se deteriora dia-a-dia, porque ele não mediu as conseqüências de demitir em torno de 22.000 empregados qualificados da estatal petroleira e pôr incompetentes cubanos para um trabalho que não é qualquer um que faz. Acreditando que dos petrodólares que jorravam em abundância faria seu império e poder, comprou muitas consciências, governos falidos de companheiros do Foro de São Paulo e o pior: endividou-se magistralmente com a Rússia que é impiedosa e um dia vai cobrar a fatura. Por isso ele tem pressa nesse referendo e também já fala em dar calote no Brasil do “hermano e cumpanhêro” Lula da Silva.

Ocorre que pedir uma nova votação sobre um capítulo já votado e rejeitado pela maioria do povo venezuelano é INCONSTITUCIONAL, IMORAL E GOLPE DE ESTADO mas, graças a Deus, há muita gente se movimentando para impedir que esta afrontosa consulta se repita, como mostram as fotos de um mega cartaz que circulou no início do mês em Caracas, acima. O próprio povão e até mesmo oficialistas já não o apóiam como antes. Nesta entrevista dada ontem ao Canal RCTV, Alejandro Peña Esclusa – A VOZ MAIS SENSATA DA VERDADEIRA OPOSIÇÃO VENEZUELANA – explica porquê este projeto deve ser rechaçado in limine, uma vez que referendar a proposta de nova votação àquilo que já foi votado e recusado em dezembro do ano passado, é legitimar o golpe de Estado, é legitimar a fraude – que vai ocorrer – e é legitimar o espírito de subserviência aos caprichos determinados pelo monstro do Caribe Fidel Castro e seu lacaio Chávez.

E para ilustrar como anda o termômetro da opinião pública acerca da desgraça chavista, ouçam esta salsa que deixou Chávez enlouquecido chamada “Usted abusó”, que é uma paródia da música “Você abusou” de Toquinho e Vinícius. Estes opositores anônimos venezuelanos não perdem tempo e bem diferente daqui, a classe artística, sobretudo esta, quer paz, prosperidade, liberdade, e seu lema é “Pátria, Democracia e Vida”, por uma Venezuela livre do comunismo e soberana.

E para encerrar a edição de hoje, faço um chamado especial para a primorosa edição sobre o Holodomor, o genocídio ocorrido na Ucrânia na década de 30, que o Heitor De Paola apresentou em seu site. Há documentos originais, cartas, histórico, vídeos, que devem ser lidos e divulgados amplamente por todos aqueles que abominam o horror psicótico do comunismo.

Na edição de amanhã o Notalatina vai falar da perseguição aos verdadeiros opositores do regime cubano, com relatos chocantes sobre o que passa quem não se vende nem comunga da ideologia assassina dos donos da Ilha. Fiquem com Deus e até a próxima!

Comentários: G. Salgueiro

Nenhum comentário: