sexta-feira, 13 de março de 2009

O que as máscaras ocultam

Diário do Comércio

Máscaras usadas nas invasões servem para disfarçar a presença de militantes profissionais de políticas de enfrentamento não vinculados aos verdadeiramente sem-terra.

Paulo Saab - 12/3/2009 - 21h44

Máscara: sf 1 disfarce. 2 Fig. fachada, casca fig, aparência. A: interior. 3 Fig. fingimento, falsidade, hipocrisia.

Chama a atenção das pessoas de bem do País, e se espera que ainda seja a esmagadora maioria da população, o fato de ações criminosas de movimentos ditos sociais, como o Movimento dos Sem Terra e Via Campesina, para ficar em dois exemplos, serem ostensivas, arbitrárias, violentas e absolutamente a céu aberto, em plena luz do dia, com cobertura marcada da mídia de massa e com a complacência, a leniência das autoridades públicas.

De uns tempos para cá –, mesmo que já haja histórico de violência e crime por parte desses movimentos há pelo menos cerca de duas décadas–, militantes das ações infratoras passaram a usar máscaras, a cobrir o rosto ou parte dele. Por quê? Para não serem identificados? Esta hipótese, isolada, parece soar como ingênua. Se há anos os criminosos acobertados em ditos movimentos sociais se expunham, sabendo que seguiriam impunes, por que haveriam agora de ter algum receio, se não há nenhum sinal por parte da autoridade pública de fazer cumprir o que manda a lei?

Uma pequena nota de fim de parágrafo, em notícia com fotos que mostram os mascarados invadindo, obstruindo, ocupando, delinqüindo, fornece uma pista: segundo a notícia, em ação documentada em nome do MST e do Via Campesina, a maioria dos membros era composta de militantes não vinculados aos verdadeiramente sem terra.

Infiltrados, militantes profissionais de ações políticas de enfrentamento, organizados para ações políticas, agem em nome do social e, o que é pior, financiados com dinheiro público – como todos já sabiam e denunciou formalmente o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.

A situação chegou a tal ponto que até o presidente Lula, sempre leniente e passivo diante desses movimentos, protestou contra os argumentos de defesa dos ditos sem terra que mataram quatro seguranças em invasão em Pernambuco.

Já o ministro da Justiça, Tarso Genro, que não consegue separar as ações que um ocupante de tão importante pasta deve ter, das decisões ideológicas que toma, disse que "era uma coisa natural que houvesse invasões, era amadurecimento do movimento.".

A verdade é uma só: as máscaras são uma demonstração de que há cada vez menos sem- terra na militância urbana e mesmo rural. Servem também para mostrar a verdadeira face de brasileiros que, em nome de defesa dos interesses sociais, têm um único, constrangedor e anacrônico objetivo, morto e enterrado na atual quadra do ser humano: a tomada do poder pela força e implantação de uma ditadura à la Lênin/Stalin, suprimindo todas as liberdades e impondo a perseguição e o terror.

Tudo isso é frontalmente contrário ao que prega a nossa Constituição. Mais ainda, é totalmente avesso à índole do povo brasileiro que deseja, sim, justiça social, mas não pela via do crime, da baderna, da conspiração de inspiração internacional. E financiada pelo recurso do próprio brasileiro pagador de impostos, porque os governantes, os parlamentares, os magistrados, não cumprem sua obrigação constitucional de desenvolver o País num clima de liberdade, ordem e verdadeira justiça.

Deveriam as autoridades públicas brasileiras, elas sim, usar máscaras de disfarce. Não cumprem a lei, não honram seus juramentos e mandatos.

Paulo Saab é escritor e jornalista

http://www.dcomercio.com.br/Materia.aspx?canal=39&materia=12774

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