Sábado, 14 de Março de 2009
Movimento da Ordem Vigília Contra Corrupção
Vizinho diz que valor 16 vezes maior seria o justo por carga excedente gerada por Itaipu
O Paraguai quer elevar para até US$ 1,8 bilhão o valor que o Brasil paga anualmente pela energia procedente da hidrelétrica de Itaipu, ante os atuais US$ 109 milhões, afirmou o presidente paraguaio, Fernando Lugo, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo.
"Hoje recebemos US$ 109 milhões ao ano de Itaipu e nos oferecem subir a US$ 200 milhões. Nós queremos pelo menos de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,8 bilhão por ano", respondeu Lugo ao ser questionado se o Paraguai vai renegociar os tratados das hidrelétricas que administra com o Brasil e a Argentina. "Lutamos por um preço justo, o do mercado. O Paraguai é um país pobre que, de alguma maneira, está subsidiando a energia do Brasil."
O governo de Lugo questiona o preço que o Brasil paga pela energia paraguaia, da qual Brasília tem prioridade de compra. O presidente paraguaio quer esgotar os meios bilaterais, mas deu ao Lula da Silva o prazo de um ano para um acordo.
"Se neste tempo não tivermos resposta...", afirmou o presidente paraguaio, sem completar a frase. "Agora a energia vai diretamente para o Brasil, não sabemos nem sequer quanta. Falta alcançar o preço justo e a livre disponibilidade da energia."
Novo capítulo
A entrevista representa só mais um episódio do esforço do governo paraguaio para conseguir revisar o acordo de Itaipu Binacional. Enquanto Lugo – que se elegeu com a plataforma de mudança no contrato da usina – insiste no aumento dos valores pagos pelo Brasil pela energia de Itaipu, o Brasil admite, no máximo, oferecer um pacote de ajuda ao vizinho do Mercosul. Em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, propôs a uma comitiva de ministros paraguaios a criação de um fundo binacional de investimentos para projetos nos dois países. A proposta foi feita durante reunião para discutir as reivindicações do vizinho. Na ocasião, Amorim não detalhou com que recursos esse fundo seria formado e nem o montante necessário.
Lobão contesta
Contrariado com a entrevista do mandatário paraguaio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o Paraguai não contribuiu com "um centavo sequer" para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, que fica na fronteira entre os dois países.
– Ele entrou apenas com parte da água, porque a outra parte era do Brasil – afirmou.
De acordo com Lobão, o governo brasileiro não está explorando o país vizinho em relação à tarifa da usina, apesar das declarações de Lugo.
– Não estamos espoliando ninguém, mas fazendo o que a Justiça e o Tratado de Itaipu determinam – contestou o ministro.
Durante o discurso na posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, Lobão explicou que, na época da construção da usina, cada país teria que contribuir com US$ 50 bilhões, mas como o Paraguai não tinha os recursos disponíveis, o valor foi emprestado pelo Brasil.
– Esse valor deveria ser pago com a geração de energia, o que está acontecendo, mas o pagamento ainda não foi concluído – disse.
Lobão também criticou o presidente do Paraguai, que teria dito que o Brasil paga US$ 2,85 ao Paraguai pelo megawatt (MW) consumido de Itaipu.
– Tivemos que dizer a ele que não era isso, e sim US$ 45, mais do que custará a energia das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio – afirmou o ministro brasileiro. JB Online
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