Mídia Sem Máscara
| 01 Agosto 2009
Media Watch - O Estado de São Paulo
E que se diga também que o Estadão tem abusado cotidianamente do seu poder midiático contra a figura pública do senador, sem explicar aos brasileiros porque só ele, Estadão, tem acesso exclusivo às fontes de notícias, algumas nitidamente ilegais, como as gravações que estavam salvaguardadas pelo segredo de Justiça.
Acabei de ver no site do Estadão, agora são 23:30, a manchete dos sonhos dos que estão a perseguir o velho coronel Ribamar do Maranhão: Justiça censura Estado e proíbe informações sobre Sarney. Talvez tenha sido o passo em falso mais ingênuo que Sarney terá dado nesse enfrentamento com as hostes petistas e estadônicas: recorrer à Justiça. Sua posição era frágil desde o início, porque a base real das denúncias procedia, mas Sarney estava plenamente dentro do figurino de vítima da campanha singularmente virulenta que tem sofrido.
Com esse gesto de recorrer à Justiça o panfleto petista autorizado, o jornal Estadão, assumiu integramente o papel de censurado, chamando para si o histórico papel que desempenhou durante o regime militar, como se houvesse paralelo. É preciso que se diga que decisão de Justiça não é censura - é ato legítimo do Estado de Direito. E que se diga também que o Estadão tem abusado cotidianamente do seu poder midiático contra a figura pública do senador, sem explicar aos brasileiros porque só ele, Estadão, tem acesso exclusivo às fontes de notícias, algumas nitidamente ilegais, como as gravações que estavam salvaguardadas pelo segredo de Justiça. Quantos golpes no mesmo cadáver!
O populismo jornalístico em torno da decisão da Justiça já começou e provavelmente esta será amanhã a manchete do jornalão paulista. Será digna de guardar como exemplo de cinismo. O algoz caçoando da vítima. Mais uma vez vamos assistir à comédia em que um fato verdadeiro irá suportar a infâmia mais vil. O poder do Planalto baixou contra o velho senador nas páginas alugadas do jornal. Devo dizer que poucas vezes em minha vida vi campanha mais sistemática, mais longa e mais determinada contra um homem público como esta levada a efeito pelo Estadão.
A mim provoca náuseas. E medo. Se fazem isso a Sarney, um homem sabidamente poderoso, poderão fazê-lo contra qualquer um. Talvez seja esse o cálculo político: a falange do ministro da Justiça, usando dos poderes de espionagem do Estado, terá informações desabonadoras suficientes contra todos os senadores e outras autoridades da República. Ao fazer de Sarney um Judas impiedosamente massacrado passa o recado para todos os seus pares que indisciplina não será tolerada contra a vontade o partido governante. É a ante-sala de um regime de exceção. A vontade do PT vai prevalecer.
Não tenho nenhuma simpatia pessoal pelo velho coronel Ribamar do Maranhão. Mas tenho para mim, perfeitamente claro, o significado político de sua imolação: todo o poder aos bolcheviques do PT. A fúria com que se jogaram contra Sarney e a pressa demonstrada para dar logo a machadada final me levam a suspeitar que os acontecimentos na direção da sucessão estejam se precipitando. Nem a Justiça serve de escudo para Sarney. Ele está politicamente liquidado e provavelmente sairá de cena da pior forma possível.
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