Mídia Sem Máscara
| 06 Agosto 2009
Artigos - Direito
Juntando a babaquice de apelo "cidadão" à força persuasiva da lei, acender um cigarro no bar poderá, em breve, ser uma imagem tão ou mais assustadora do que chamar a atenção do garçom dando um tiro de escopeta.
Você aceitaria ter o comportamento na privacidade do lar regulado pelo Estado? Presumo que não. Se a resposta for sim, você não é humano, é gado.
Os donos de estabelecimentos comerciais
Construir um mundo melhor não é tarefa reservada apenas a políticos conscientes. O povo tem que participar. Trechos de matéria do Estadão (grifos meus):
"(...) o governo de José Serra (PSDB), autor do texto da lei, sustentou que a eficácia das blitze será garantida por meio da participação e das delações populares. A pesquisa InformEstado, entretanto, apontou certa fragilidade na participação efetiva da população - resistência muito maior entre o público fumante. Do universo estudado, 22,6% têm o hábito de fumar e, dessa parcela, 86,7% afirmaram que não vão fazer denúncias - ainda que 48,8% sejam totalmente a favor da lei. A não adesão às denúncias também ocorre entre não fumantes: 58,4%"
Atenção agora:
"O uso do cigarro em ambiente interno é culturalmente aceito há anos. Começamos a mudar isso só agora", avalia o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, um dos responsáveis pela fiscalização. "Por isso, nesse primeiro momento, a intenção de denunciar não aparece. Acredito que, com a aplicação da lei e os donos de bares se engajando em preservar os estabelecimentos, as denúncias vão surgir", afirma. "Fumar dentro do local será exceção. Vai chatear." O secretário de Estado da Justiça, Luiz Antônio Marrey, diz que a "metade de fumantes que vai denunciar é suficiente para colaborar com a fiscalização".
A intenção é desfazer um hábito inofensivo e culturalmente aceito há anos, tido pela burocracia iluminada como uma grave ameaça ao nosso bem-estar, e instaurar um novo, transformando os fumantes
Serra pretende que seu objetivo seja alcançado à velha moda socialista: investindo os cidadãos da função de delatores a serviço do governo. Nos sonhos do tucano, o desgraçado que insistir em fumar, além do vexame de "chatear" e prejudicar a coletividade asséptica, se verá acuado por uma multidão de acusadores que até ontem estavam cuidando de suas próprias vidas.
A pesquisa do Estadão diz que a maioria não pensa em dedurar os fumantes. Menos mal.
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