segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

E o Suriname, presidente?

Mídia Sem Máscara

Não me lembro, em muitas décadas, de incidente tão grave, envolvendo brasileiros no exterior. E o que fez nosso presidente ante o ocorrido com quase uma centena de conterrâneos nossos no país vizinho?

Sempre pensei que as sociedades econômica, social e culturalmente mais desenvolvidas fossem dotadas de uma capacidade de análise superior e, portanto, menos sujeitas à influência dos demagogos. Lula tornou evidente que isso não é assim. O reconhecimento que ele obtém na comunidade internacional mostra duas coisas: 1ª) a máquina publicitária da esquerda vem trabalhando em favor do companheiro Lula porque descobriu ser ele um ícone mais palatável do que seus dois competidores: o velho e fracassado Fidel Castro e o doido de pedra Hugo Chávez; 2ª) aquela sua retórica de botequim (pasmem!) é tão convincente nas margens do Sena quanto nas barrancas do São Francisco.

Acabamos de assistir fato grave, que escapou à percepção da mídia nacional e internacional. Ou, se não escapou, foi sepultado sob a pá de cal do silêncio obsequioso ou adquirido. Em fevereiro de 2009, a brasileira Paula Oliveira, residente da Suíça, denunciou às autoridades daquele país ter sido agredida por skinheads, grupo de subcultura que, em certos locais, a Suíça é um deles, desenvolve tendências nazistas. Tão logo tomou conhecimento do relato da moça, nosso presidente subiu nas tamancas e declarou à imprensa que "o governo não pode aceitar e não vai ficar calado diante de tamanha violência contra uma brasileira no exterior". E acrescentou - conforme revista Veja, edição de 18 de fevereiro de 2009: a) que a embaixada brasileira fora acionada; b) que no Brasil "nós vivemos em paz, recebemos estrangeiros desde que Cabral aqui colocou os pés e os tratamos bem"; c) que nós queremos "é que eles respeitem os brasileiros lá fora como nós os respeitamos aqui, como nós os tratamos bem aqui".

Poucos dias depois dessa algaravia, ficamos sabendo que a moça se automutilara. Tudo fora uma farsa e Lula fechou a boca sobre o assunto. No último dia 16, aliás, saiu decisão suíça a respeito do caso, condenando Paula a pagar custas judiciais e periciais do processo e lhe impondo uma multa condicional (que será cobrada se ela incorrer em segundo crime).

"E daí?" perguntará o leitor. Pois é. E daí que antes de encerrar-se o ano, não uma moça, mas cerca de 80 brasileiros foram atacados no Suriname por um grupo de descendentes de quilombolas. Catorze saíram feridos, sendo dois em estado grave. Na confusão que se seguiu ao ataque, uma brasileira que estava grávida perdeu o bebê. Não me lembro, em muitas décadas, de incidente tão grave, envolvendo brasileiros no exterior. E o que fez nosso presidente ante o ocorrido com quase uma centena de conterrâneos nossos no país vizinho? Subiu nas tamancas? Botou a boca no trombone? Pediu respeito aos brasileiros? Falou sobre como nós os tratamos bem por aqui? Nada. Apenas telefonou ao secretário-geral da ONU para relatar o caso.

Esses dois episódios somam-se a dezenas de outras evidências dos parcos critérios do governo Lula em questões internacionais. Sua diplomacia é conduzida mais ou menos como o partidão tocava a UNE nos anos 60.

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