sábado, 12 de abril de 2008

11/04 - Indenização de R$ 1 milhão

11/04 - Indenização de R$ 1 milhão

A verdade sufocada

Jaguar e Ziraldo também vão receber pensão mensal de R$ 4 mil por perseguição na ditadura

Rio - Os jornalistas Ziraldo e Jaguar ganharam ontem o direito de receber mais de R$ 1 milhão em indenizações pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça por alegados prejuízos que sofreram com a perseguição política durante o regime militar. O julgamento dos processos deles foi realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro, juntamente com os de outros 18 jornalistas.

Texto completo

“Aos que estão criticando, falando em bolsa-ditadura, estou me lixando”, discursou Ziraldo, em referência ao apelido dado à remuneração pelos opositores dos pagamentos liberados pela Comissão de Anistia. “Esses críticos não tiveram a coragem de botar o dedo na ferida, enquanto eu não deixei de fazer minhas charges. Enquanto nós criticávamos o governo militar, eles tomavam cafezinho com Golbery (do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil durante os governos Geisel e Figueiredo)”, emendou o cartunista, muito aplaudido pelos que acompanharam a sessão, a primeira feita fora de Brasília.

Jaguar está viajando e não quis falar sobre o assunto. Segundo sua mulher, Célia Regina Pieroantoni, o chargista só vai se pronunciar na próxima semana, quando voltar ao Rio.

Entre os beneficiados também está o jornalista Ricardo de Moraes Monteiro, chefe da assessoria de Comunicação do Ministério da Fazenda, que receberá R$ 590 mil. Preso e torturado durante a ditadura, Monteiro alegou ter perdido o vínculo com a empresa em que trabalhava por causa da perseguição. “Meu pai foi preso em 1974. Meu irmão foi preso comigo em 1975 e depois se suicidou. Essa dor não vai ser reparada”, disse ele, que receberá pensão de R$ 4,7 mil.

Já Ziraldo, escritor e chargista, e o cartunista Jaguar trabalhavam no ‘Pasquim’ quando o semanário sofreu forte repressão por ser considerado ofensivo pela ditadura. Os dois receberão pensão mensal de cerca de R$ 4 mil, além de uma verba de R$ 1.000.253,24.

O montante, que será parcelado, é retroativo a 1990, antes da criação da Comissão de Anistia, em 2001. Os jornalistas fizeram o pedido ao Ministério do Trabalho em 1990, por meio da ABI.

Nenhum comentário: