sábado, 19 de abril de 2008

Caso Cabrini

Sexta-feira, Abril 18, 2008

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Caso Cabrini

O jornalista Roberto Cabrini, que estava preso desde a última terça-feira, conseguiu ontem o relaxamento da prisão em flagrante.

O repórter foi preso na noite de terça-feira, no Jardim Angela, com 10 papelotes de cocaína.

Ele não é usuário e não é traficante. Ele é jornalista. O que faria um jornalista bem pago ir até a favela, um dos lugares mais distantes de São Paulo, para comprar drogas?

Eis a tese do advogado Renato Marques Martins, que foi contratado para defender o jornalista.

Record defendendo

"A área de jornalismo da Record tinha o registro interno que o repórter estava desenvolvendo uma reportagem de caráter investigativo. Roberto Cabrini é reconhecido pela cobertura de reportagens especiais e por sua trajetória profissional nas principais TVs brasileiras. A Record acredita na polícia e na Justiça do Estado de São Paulo e espera a correta elucidação dos fatos".

Foi a nota oficial da Record, que deseja preservar seu recém-contratado.

O salário de Roberto Cabrini na Record é de R$ 105 mil por mês, segundo ele mesmo relatou ao delegado em seu depoimento.

Relato de cada um

Em seu depoimento, Cabrini disse que foi se encontrar com Nadir Domingos Dias da Silva, conhecida como Nádia, que era sua fonte e lhe entregaria gravações nas quais apareceria um depoimento de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa que comandou ataques terroristas a São Paulo.

A fita, segundo ele, demonstraria autenticidade da entrevista que fez em maio de 2006. Naquele ano, durante os ataques, o jornalista colocou no ar um áudio que seria entrevista com Marcola, que estava preso na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes.

A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que não se tratava de Marcola e a entrevista foi desmentida. Cabrini não havia se pronunciado sobre o assunto desde então.

Ataque à ação policial

Ao chegar para pegar as fitas, ele teria sido abordado por policiais, que teriam achado a droga no carro.

Cabrini alega que o policial achou a droga em menos de 3 segundos.

O jornalista diz ainda que o delegado disse que tinha prova que ele era usuário de droga e queria que ele assumisse no depoimento que era amante de Nadir.

Como ele não o fez, teria sido preso por tráfico de drogas.

O jornalista diz que existe uma fita na qual ele aparece usando droga e que ele foi obrigado a consumir cocaína sob ameaça de armas. A cena teria sido gravada por Nadir para garantir que Cabrini não a denunciasse.

Versão da Loura

A comerciante Nadir Domingos Dias, de 50 anos (conhecida como Nádia pelos amigos), declarou à polícia que apenas ela estava no carro de Cabrini com o jornalista quando ele foi preso e que ele não estava fazendo qualquer reportagem.

"Somos namorados há três anos".

Nadir diz que queria terminar o namoro e o jornalista a chantageava com um documento que a associaria à facção criminosa que realizou ataques a São Paulo.

Ela afirmou ainda que o jornalista usava droga.

O encontro, segundo ela, teria sido marcado para que ele lhe devolvesse o documento comprometedor.

Em troca, ela daria ao jornalista um pen-drive (dispositivo de armazenamento de dados digitais) com as imagens dele usando drogas, para que a "chantagem mútua" - conforme ela definiu - acabasse.

Caso que vai render

Roberto Cabrini nega qualquer relacionamento com Nadir.

Mas a “comerciante” declarou que conheceu Cabrini pouco antes da primeira onda de ataques da facção criminosa, há quase dois anos.

Por ser mulher de um ex-policial que se tornou ladrão de bancos, o jornalista a teria procurado.

O marido dela estava preso e Cabrini estaria à busca de informantes dentro do sistema carcerário.

Versão diferente

Já o jornalista contou que conheceu Nádia apenas depois do ataque do crime organizado.

"(...)Havia uma senhora que tinha entrado em contato com a redação oferecendo-se para possibilitar que o lado dos presos fosse ouvido", disse Cabrini em depoimento à polícia.

A comerciante admitiu que já foi absolvida de um caso de homicídio, em que teria tomado a arma de uma ladrão e atirado em sua cabeça.

Nádia contou que, no dia da prisão de Cabrini, estava com ele desde as 14h.

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