Sábado, Abril 12, 2008
Alerta Total
Por votação unânime, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou na quinta-feira pedido de liminar formulado pela União e manteve a decisão de suspender operações policiais que tivessem por objetivo a desocupação de parte da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ainda ocupada por não-índios.
A decisão valerá até o julgamento de mérito de uma de várias ações propostas pelo governo de Roraima com objetivo de evitar a desocupação da área.
Diante da ameaça de conflito social na região, o relator da ação, ministro Carlos Ayres Britto, comprometeu-se a colocar a matéria em votação tão logo uma dessas ações esteja com alegações da Advocacia Geral da União (AGU) e parecer da Procuradoria Geral da República (PGR).
Argumento sólido
O ministro Carlos Britto disse que a área em conflito representa apenas 1% de toda a reserva indígena Raposa Serra do Sol, tendo 99% dela já sido desocupada.
Mas, segundo alega o governo estadual, a produção dos arrozeiros lá instalados representa cerca de 6% de toda a economia do estado, e sua retirada poderá ter como conseqüência a redução da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em virtude do desaquecimento da economia, além de aumento do desemprego.
Tanto Britto quanto outros ministros, como Celso de Mello e Gilmar Mendes, ponderaram que a questão é delicada, porque envolve a retirada de boa parte da autonomia constitucional do estado, constituído, quase em 50% de seu território, por área indígena.
O problema constitucional é que, em se tratando de área indígena localizada na fronteira, a responsabilidade pela administração é da União.
General citado
Britto relatou também que há divergência no estado sobre a desocupação da área.
O ministro mencionou o caso do general comandante da região militar, Augusto Heleno Pereira, que se opõe à desocupação e adverte que o Brasil pode perder uma parte de Roraima, justamente parte da área em conflito que se localiza na fronteira com a Venezuela.
O general Heleno critica que o território assegurado com exclusividade aos índios ao longo da fronteira do país e outros benefícios previstos em lei podem pôr em risco a integridade e a segurança nacionais.
Foi a primeira vez que um General do Alto Comando falou publicamente sobre o assunto, embora esta seja uma posição antiga predominante nas Forças Armadas.
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