Mídia Sem Máscara
| 06 Maio 2009
Artigos - Conservadorismo
A “esquerda moderada” é um inimigo ainda mais perigoso dos conservadores do que poderiam sê-lo os próprios comunistas de carteirinha, os quais sem ela não teriam poder nenhum.
Entre liberais e conservadores, no Brasil e no resto do mundo, só uns poucos têm uma noção clara de quem é seu inimigo e de como enfrentá-lo. A maioria luta apenas contra uma esquerda idealizada, um trompe l’oeil fabricado pela própria esquerda para ser consumido por seus adversários como uma droga estupefaciente, paralisante e incapacitante. O modelo do artifício é copiado de algo que já existiu historicamente: uma esquerda humanitária, democrática, anticomunista, só separada da direita pela diferente concepção dos meios, mais estatistas do que capitalistas, a ser usados para realizar valores que no fundo eram os mesmos de parte a parte – liberdade, direitos humanos e uma vida decente para todos.
Embora vagamente herdeira do reformismo de Eduard Bernstein e de Karl Kautsky – o “renegado”, como o chamava Lênin –, essa esquerda só se tornou um ator de destaque na mídia ocidental por ocasião da Guerra Civil Espanhola, quando a violência assassina desencadeada pelo comando estalinista contra seus próprios companheiros de trincheira agiu como um toque de alerta sobre muitos esquerdistas, levando-os a compreender que o comunismo era pelo menos tão destrutivo quanto o nazismo. O pacto Ribbentropp-Molotov de agosto de 1939 completou a decepção. Alguns mudaram de lado completamente, tornando-se conservadores. Outros, renegando toda fidelidade ao governo soviético, embora não à idéia socialista, acabaram se integrando nos partidos trabalhistas e socialdemocratas e tornando-se bons aliados dos conservadores na luta contra o comunismo, continuando a combatê-los no plano das políticas sociais. George Orwell e o filósofo Sidney Hook são exemplos famosos. O primeiro tornou-se mesmo, com os livros Animal Farm e 1984, um dos grandes criadores da linguagem anticomunista, calculada para parodiar e implodir o jargão comunista. O segundo foi o principal organizador do Congresso pela Liberdade da Cultura, o único empreendimento sério já tentado – em 1949-50, com a ajuda da CIA – para reunir intelectuais anticomunistas e opor alguma resistência à avassaladora ofensiva cultural soviética iniciada trinta anos antes.
Não é preciso dizer o quanto a existência de uma prestigiosa esquerda anticomunista incomodava o establishment soviético. A política de “coexistência pacífica” inaugurada por Nikita Kruschev teve como uma de suas principais finalidades reintegrar na estratégia comunista o exército de desgarrados. O sucesso da operação foi completo. Já nos anos 70, conforme o escritor Vladimir Bukovski viria a descobrir nos Arquivos de Moscou, praticamente toda a mídia socialdemocrata da Europa era subsidiada e controlada pela KGB (v. Jugement à Moscou. Un Dissident dans les Archives du Kremlin, Paris, Robert Laffont, 1995). Nos EUA, infiltrado e dominado por agentes camuflados ou declarados da esquerda revolucionária, o Partido Democrata, que até a década de 60 funcionara como o abrigo ideal dos esquerdistas anti-soviéticos, foi indo cada vez mais para a esquerda, até assumir a bandeira do anti-americanismo mais radical e intolerante. A bibliografia que documenta essa transformação é abundante, não havendo desculpa decente para os autoproclamados especialistas em política internacional ignorarem o fenômeno, como os nossos o ignoram
A transfiguração da esquerda moderada americana em agente da esquerda radical culmina na presidência Obama, que protege ostensivamente organizações terroristas e criminaliza qualquer resistência conservadora, ao mesmo tempo que continua a ostentar os sinais convencionais do progressismo democrático (v. http://truth11.wordpress.com/2009/04/22/former-presidential-candidate-alan-keyes-has-given-perhaps-his-most-dire-warning-yet-saying-that-the-obama-administration-is-preparing-to-stage-terror-attacks-declare-martial-law-and-cancel-the-2012/, http://www.onenewsnow.com/Politics/Default.aspx?id=494798, http://www.onenewsnow.com/Politics/Default.aspx?id=490720 e http://www.worldnetdaily.com/index.php?pageId=).
Na América Latina, a encarnação mesma da “esquerda moderada”, o Partido dos Trabalhadores, é discretamente o coordenador do Foro de São Paulo, isto é, o estrategista máximo da violência revolucionária no continente.
Em suma, a esquerda democrática, civilizada, concorrente leal dos conservadores, já não existe mais como força política independente. Financiando e acobertando movimentos terroristas e subversivos por toda parte, e impondo sob outros nomes as mesmas políticas que seriam rejeitadas pela população se apresentadas com o rótulo de comunistas, a “esquerda moderada” é um inimigo ainda mais perigoso dos conservadores do que poderiam sê-lo os próprios comunistas de carteirinha, os quais sem ela não teriam poder nenhum.
A diferença entre as duas esquerdas é que uma quer alternar-se no poder com os conservadores, segundo o rodízio democrático normal, enquanto a outra não se contenta em vencer esses adversários nas eleições, mas busca destrui-los completamente, marginalizá-los, criminalizá-los, expeli-los para sempre não só da política mas da vida social, quando não da existência física. Outra diferença é que a segunda é a única que existe na realidade; a outra, só na imaginação residual da direita.
Se a esquerda ainda se prevalece da bela imagem de moderação democrática criada nos campos de batalha da Espanha, é somente para ludibriar seus inimigos. Mas que estes continuem acreditando na existência dela, e imaginem combater adversários leais quando na verdade se defrontam com revolucionários e assassinos, é algo que decorre de uma imperdoável covardia intelectual e moral, suicida como todas as covardias.
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