Domingo, 10 de Maio de 2009
Alerta Total
Por Jorge Serrão
A Velha Guerreira Hebe Camargo, loiruda fogosa de 80 aninhos, ganhou de presente dos apresentadores Angélica e Luciano Huck o “The Big Pênis Book”. O erótico livro da editora alemã Taschen, em suas 380 páginas, exibe o instrumento fotografado em variadas poses, tamanhos e épocas, desde os anos 40. Confesso, penitenciado, que não li, não vi e nem quero ver a obra recomendada para “entendidos”, especialistas médico-estéticos ou admiradores do picante assunto.
Mas, sem sacanagem, quem merecia ganhar um exemplar do livrinho de presente são os comandantes de nossas Forças Armadas. Afinal, amadas ou não por revanchistas ideológicos, elas merecem tudo, menos um consolo diante da atual conjuntura. Os bravos integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica parecem desarmados criticamente para encarar a guerra assimétrica movida pelos inimigos da soberania nacional. Sempre estimulados pelo viagra do globalitarismo, violentam quem tem a missão de defender a Nação.
Voltemos à obra alemã que retrata a situação brochante do Exército Brasileiro - em sentido denotativo, mas simbolicamente real. Só os militares-melancia (verde-oliva por fora, e vermelhos por dentro) se divertem com tanta sacanagem. Os militares verde-amerelos sobrevivem na penúria há anos. Agora, para piorar, o Ministério da Defesa ainda os golpeia com cortes orçamentários de 40% na verba para novos recrutas e de 50% na alimentação da tropa. Como diria o caboclo alemão, é P... das grandes.
A coisa já não andava mole para os militares há décadas. Mas ficou mais dura sexta-feira de manhã. Dois margiranhas, elegantemente vestidos de terno, penetraram no subsolo do Forte Apache. Foi mais um golpe dos bandidos para violentar a boa imagem da Força Terrestre. O ataque à sede administrativa do Exército, onde trabalham 5 mil servidores militares e civis, teve destaque no Jornal Nacional.
Vale repetir a notícia triste. Dois bandidos invadiram o Quartel-General do Exército, lá na Ilha da Fantasia dos políticos, projetada pelo centenário arquiteto capimunista Oscar Niemeyer. Do local supostamente seguro, agência do Bradesco, no subsolo, os ladrões profissionais amarraram um General e um bancário e fugiram com apenas R$ 8 mil reais. O banco não tinha seguranças particulares por questões óbvias: ficava em um lugar seguro por militares. A câmara que deveria filmar a ação dos ladrões, estranhamente, estava “em manutenção”.
Na verdade, quem precisa passar por uma manutenção urgente é a mentalidade dos militares brasileiros. O fato de terem perdido a guerra ideológica pós-64 parece ter transformado a maioria dos oficiais em acuados funcionários públicos fardados. Aceitam, passivamente, restrições orçamentárias. Reagem defensivamente – e não à altura - contra ataques à imagem institucional – como o assalto ao depósito de armas de Caçapava (SP), dois meses atrás, e ao incidente de ontem.
Alguns militares mais corajosos – e ficam mais destemidos ainda quando passam para a reserva - já cansaram de denunciar à Nação a maléfica e bem orquestrada campanha contra as Forças Armadas. O objetivo é desmoralizar, enfraquecer e desmotivar os militares. Tudo para deixá-los acuados e retirá-los das grandes decisões políticas da Nação. O mais grave é que militares, sem experiência em combate, acabam facilmente iludidos ou anulados pelos cantos das sereias.
Temendo levar o carimbo de “golpistas”, imposto pelos inimigos do Brasil, os militares adotam o silêncio obsequioso como arma defensiva. Tal comportamento acaba interpretado pela opinião pública como sinônimo de indiferença, acomodação ou concordância com o caos reinante. Legiões amedrontadas não combinam com a História do Brasil. Militar não tem de dar golpe. Seu papel, agora, é a constitucional Garantia da Lei e da Ordem - por eles conhecida pela sigla GLO. Militares podem tudo. Menos passar recibo de otário ou de traidor da Pátria. Isto não combina com o juramento deles.
Quinta-feira passada, o auditório do próprio Clube Militar serviu de palco para mais um espetáculo de ilusionismo produzido pelo poderoso titular do Ministério da Defesa. O evento foi assistido por centenas de militares da ativa, devidamente fardados, das três Forças. Nelson Jobim encenou uma conferência de mais de quatro horas para vender as vantagens da Estratégia Nacional de Defesa. Visivelmente irritado com uma pergunta do debate, Jobim chegou a afirmar que seria um axioma a estratégia do Diálogo Interamericano para enfraquecer as Forças Armadas brasileiras. O pior é que muito milico embarca neste papo. Por conveniência ou por conivência.
A END mais parece o famoso Manual do Escoteiro Mirim dos sobrinhos do Pato Donald. Não tem consistência. É um emaranhado de promessas e boas intenções. Só que o inferno está cheio delas! Triste é ver Huguinho, Zezinho e Luizinho comandando as tropas e acreditando que o FIM será feliz. Ilusão dos lobinhos, malvadeza do Lobo Mau...
Os lobinhos – incapazes de enxergar a realidade diante de suas fardas - não percebem que o Lobo Mau está pegando a vovozinha (aqui entendida como a soberania nacional). Ou será que os bobinhos das Legiões fingem que não estão vendo a realidade objetiva? Falando duramente, a END parece perfeitamente retratada no livrinho que a Velha Guerreira Hebe ganhou de presente.
Será que os lobinhos ainda não constataram que a “máquina” do Lobo é enorme e potente, capaz de estragos irreparáveis para a Nação e seus objetivos nacionais permanentes? Será que os escoteiros-mirins acreditam que os caçadores vão aparecer, um dia, para salvar a Vovó? Será que eles só vão gritar de verdade quando o negócio doer e não tiver mais jeito? Se isto acontecer, pode ser tarde demais para pedir socorro. O coturno terá apodrecido no brejo.
Este artigo - um pouco grande e grosso - certamente provocará reações nas Legiões. Depois de escrevê-lo, só espero que os militares de bem me perdoem e compreendam. E desejo que o nobre Esculhambador-Geral da República, macaco José Simão, me indique para o cargo de “Cutucador-Geral da República” - com direito a jetom de conselheiro de administração da Petrobrás.
Apenas para não assustar alguns melancias plantados no Ministério da Defesa, eu juro, solenemente, não penetrar em qualquer unidade militar, enquanto estiver investido do cargo. Não vale a pena provocar um estrago mais profundo que o já gerado pela guerra assimétrica contra os guardiães constitucionais da soberania nacional.
Os cidadãos de bem deste País esperam uma reação de consciência, em nome da garantia constitucional da lei e da ordem. Eis uma missão para combatentes comprometidos com o Brasil - e não para aprendizes de lobinhos iludidos pelo papo sedutor do Lobo Mau.
Alerta Total de Jorge Serrão
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