quinta-feira, 7 de maio de 2009

Evo Morales reproduz o caso de Danilo Anderson

Mídia Sem Máscara

O caso Danilo Anderson foi usado por Chávez para iniciar uma feroz perseguição contra os líderes da oposição, alegando que todos eram terroristas.

A Procuradoria boliviana anunciou no passado 4 de maio, que iniciará interrogatórios com empresários supostamente envolvidos com a “célula terrorista” desmantelada no estado de Santa Cruz no final de abril.

Em razão do justiçamento de três jovens estrangeiros, em circunstâncias bastante irregulares, as autoridades bolivianas responsabilizam praticamente a todos os grupos opositores cruzenhos em atividades terroristas contra o governo.

Para fundamentar suas acusações, o governo de Evo Morales se baseia em declarações de “testemunhas-chave”, algumas delas com ficha policial, que asseguram ter visto empresários e opositores cruzenhos reunidos com um dos três jovens mortos, Eduardo Rózsa Flores, acusado de dirigir a “célula terrorista”.

Todavia, para nós que vivemos na Venezuela, tudo parece uma montagem muito similar – para não dizer idêntica – ao que o governo de Chávez realizou por motivo do assassinato de Danilo Anderson, ocorrido no ano de 2004.

O procurador Danilo Anderson estava encarregado das investigações do “golpe” de 11 de abril de 2002 (na realidade não foi um golpe, senão um massacre orquestrado pelo governo venezuelano, muito parecido com o de Pando). Ao que parece, Anderson utilizava seu cargo para se enriquecer pessoalmente, convertendo-se assim em um incômodo tanto para o oficialismo quanto para a oposição.

Em 18 de novembro de 2004, o veículo de Anderson explodiu com ele dentro. Semanas depois, o então Procurador Geral da República, Isaías Rodríguez, produziu uma “testemunha-chave”, o colombiano Giovanny Vásquez, que se encarregou de incriminar no assassinato de Anderson destacadas figuras venezuelanas, entre elas o cardeal Rosalio Castillo Lara, o empresário Nelson Mezerhane e a jornalista Patricia Poleo, que permanece ainda hoje exilada nos Estados Unidos.

Giovanny Vásquez é um fraudador profissional e um falsificador com ampla ficha policial, que no passado já havia incorrido no delito de falso testemunho, porém mesmo assim o oficialismo continuou considerando seus depoimentos como válidos. Paralelamente surgiram outras versões, segundo as quais tinham sido funcionários do governo os que haviam ordenado o escandaloso assassinato de Anderson.

O caso Danilo Anderson foi usado por Chávez para iniciar uma feroz perseguição contra os líderes da oposição, alegando que todos eram terroristas. Os meios de comunicação da esquerda internacional aproveitaram a oportunidade para lançar uma campanha de calúnias contra os fatores democráticos da Venezuela, envolvendo até a CIA no atentado, tal como fazem agora os meios de comunicação como “Página 12” e a “Agencia Bolivariana de Noticias”, com a presumível “célula terrorista” desmantelada em Santa Cruz.

Não sabemos quem é Rózsa nem o defendemos, porém evidentemente Evo Morales quer utilizar este caso – válido ou não – para criminalizar a oposição boliviana por vários motivos: primeiro, encobrir sua responsabilidade no massacre de Pando; segundo, varrer toda forma de dissidência mediante o uso da força; e terceiro, impor um Estado policialesco na Bolívia, a fim de se perpetuar no poder.


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*Presidente de Fuerza Solidaria e UnoAmérica

Tradução: Graça Salgueiro

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