Movimento Endireitar
Escrito por Márcio Luís Chila Freyesleben
Ter, 05 de Maio de 2009 08:50
“Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade.” (Fernando Pessoa)
Tive a oportunidade de dizer alhures que a queda do Muro de Berlim (1989) criara em todos a falsa ideia de que, com o muro, desmoronava-se o próprio comunismo. A dissolução da União Soviética (1991), em certo sentido, funcionou como um cavalo-de-tróia sem obra de carpinteiro: enquanto a direita repousa de espírito desarmado, a esquerda viceja feito erva daninha; agora, porém, matreiramente oculta nos discursos do politicamente correto, do pluralismo, do relativismo cultural e da pós-modernidade, cantilenas aparentemente frívolas, mas que, em verdade, deitam suas raízes no lodo do marxismo cultural.
A nascente do marxismo cultural é o Manifesto Comunista de Marx e Engels (1848). Foi a Escola de Frankfurt, no entanto, que lhe deu a conformação virulenta. Arrebatados pelo advento da Revolução Russa de 1917, os europeus tentaram embalde implantar o comunismo no Velho Continente. Os malogros das diversas empreitadas foram creditados à cultura ocidental judaico-cristã. A Escola de Frankfurt elaborou então a Teoria Crítica, destinada ao ofício de solapar as bases dessa cultura, quais sejam: a fé cristã, o direito romano e a filosofia grega. A Teoria Crítica forneceu as bases ideológicas do pensamento do pós-guerra, tendo à frente as figuras de Antônio Gramsci e Herbert Marcuse. A contracultura ("Woodstock", "hippies", sexo, drogas e "rock and roll"), o aborto, a união homossexual e a liberação das drogas ganharam a pauta de um movimento que inequivocamente visava ao aviltamento dos mais caros valores da sociedade ocidental: a família, a pátria e Deus.
Não mais se dedicava, como muitos creram, à tomada do poder à força das armas. No marxismo cultural, a luta de classes é travada no campo ideológico: a luta pela hegemonia cultural e a implantação do senso comum modificado. Um exemplo do novo "front" marxista está nas escolas: o material didático das escolas públicas e, em boa parte, das privadas segue a cartilha marxista, cuja principal estratégia é "desconstruir" a história, para "reconstruí-la" sob o ponto de vista da esquerda. Basta dizer que, de uns anos para cá, os livros escolares são de uma desonestidade intelectual escandalosa e revoltante. O ordenamento jurídico evidentemente não escaparia incólume. O "garantismo", linha doutrinária inspirada na obra "Direito e Razão" do jusfilósofo italiano Luigi Ferrojoli, propaga a ideia de que as leis penais e processuais penais são injustas porque provêm de um Estado burguês; opressor, portanto. Conquanto os "garantistas" considerem-se herdeiros da filosofia iluminista, sua dialética guarda a essência do marxismo cultural de Gramsci: a luta ideológica de classes. Os garantistas, à semelhança dos adeptos do "direito alternativo" e do “direito achado nas ruas”, veem o Direito como uma "práxis de libertação", com a qual procedem à interpretação desconstrucionista de leis e dos princípios, de modo amoldá-la a seu ideal revolucionário: o comunismo.
Outro modelo do novo campo de batalha está nas igrejas. Trata-se da Teologia da Libertação, movimento ideológico em franca atividade desde o final do terceiro quartel do século passado. A Teologia da Libertação prega doutrina de cunho pseudo-religioso que, feito lobo em pele de cordeiro, impinge aos católicos uma versão marxista das Escrituras Sagradas. De acordo com documento elaborado pelo então Cardeal Josef Ratzinger (publicado no corpo do livro "A Fé em Crise? - o Cardeal Ratzinger se interroga", EPU, 1985, p. 135-145), a Teologia da Libertação pretende apresentar a interpretação global do cristianismo. A Teoria da Libertação, que o Padre Paulo Ricardo perspicazmente qualifica de "heresia da libertação" [visitem, por favor, o seu sítio eletrônico: www.padrepauloricardo.org], interpreta o cristianismo como um todo, nada escapando de seu ferrete ignominioso: os sacramentos, a moral, a estrutura da Igreja Católica, etc.; nenhum tema lhe sobrevive imune. Cuida-se de heresia contra todos os dogmas do cristianismo. Segundo o Santo Padre, a Teologia da Libertação explica o cristianismo com uma "práxis de libertação política", cuja chave de interpretação é o marxismo cultural. Na arguta visão do Teólogo Josef Ratzinger, "precisamente a radicalidade da Teologia da Libertação faz com que a sua gravidade não seja avaliada de modo suficiente, já que não se encaixa em nenhum esquema de heresia até hoje existente".
Gramsci, fundador do partido comunista italiano, afirmava que todo pensamento é instrumento de ação política. A Teologia da Libertação fez coro com Gramsci, para afirmar que só haveria duas alternativas possíveis: a opção preferencial pelos pobres, ou a cumplicidade com o sistema capitalista opressor. "Tertium non datur", isto é, não há uma terceira opção; ou você está como os oprimidos, ou está contra eles. Tudo deve estar a serviço da luta de classes, da luta pela instauração de uma sociedade sem classes sociais, sem capitalismo.
O embuste da Teologia da Libertação consiste na leitura desconstrucionista das Escrituras Sagradas. Os textos bíblicos são pisados e macerados no cadinho ideológico de Marx, para que se conformem à hermenêutica comunista. O cristão incauto não se apercebe do engodo, porque os pregoeiros do estelionato religioso utilizam a linguagem bíblica esvaziada de seu real conteúdo, expediente com o qual logram induzir em erro o fiel cristão. O povo de Deus, para eles, é a classe proletária, ou seja, o pobre, o oprimido. O conceito de povo de Deus, ensina-nos o Padre Paulo Ricardo, confunde-se com o de classe proletária: "se você é rico, você não é povo; se você é bispo, padre, você não é povo; povo é somente o proletariado". Ou seja, servem-se da linguagem bíblica para veicular a doutrina marxista. As noções de fé, de amor, de reino de Deus, de esperança são despidas de seu conteúdo cristão e revestidas de fundamentos comunistas. O dualismo entre imanência e transcendência não existe: o reino de Deus não é o céu; é o aqui, é o agora, porque Jesus veio para libertar os oprimidos e, portanto, o reino de Deus não é uma realidade universal, não é para todos, é somente para os proletários, e deve realizar-se no plano mundano.
O fim do Governo Militar da Contrarrevolução de 64 e a queda do Muro de Berlim enfraqueceram o ímpeto do movimento. A eleição de Karol Jósf Wojtyla (Papa João Paulo II) foi outro duro golpe na teologia herética, pois, vindo o Papa de um país comunista e hostil à Igreja, era natural que nutrisse sérias desconfianças a respeito dos propósitos das chamadas "comunidades eclesiais de base". O novo quadro impôs à Teologia da Libertação a revisão de sua abordagem ideológica e a adoção de nova roupagem: o "Cristianismo de Libertação". A ordem do dia passou a incluir o neoliberalismo, a globalização e a pós-modernidade. À visão puramente economicista foram adicionados temas como a igualdade entre homens e mulheres, a discriminação racial e religiosa, o diálogo entre as religiões, as minorias e a ecologia.
O "astrólogo" Frei Beto é um dos vendilhões dessa farofa sectária. Nunca ocultou sua profunda admiração por Cuba e por Fidel Castro, um assassino psicopata, de quem é amigo e conselheiro. Encarna, outrossim, uma espécie de "rasputin" do MST e de outros movimentos sociais subversivos. Ao lado de Leonardo Boff, Francisco Whitaker e dos Bispos vermelhos Tomás Balduíno, Luciano Mendes de Almeida e Mauro Morelli, é presença certa entre as vivandeiras do Fórum Mundial Social, evento cujo objetivo precípuo resume-se na implantação do comunismo na América Latina. O III Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL) foi uma das oficinas do Fórum Social Mundial realizado este ano em Belém, no Pará. O concílio dos sepulcros caiados serviu para reflexão sobre as diferentes formas de vida , isto é, sobre o pluralismo, uma das chaves de pensamento de que se socorre do marxismo cultural.
A análise do contexto aponta para um conjunto de perspectivas inquietantes. Estamos diante da guerrilha cultural comunista, cujas reais faces nem sempre nos são suficientemente visíveis. Sob o pálio de causas aparentemente lícitas (direito humanos, meio ambiente, menores, negros, quilombolas, homossexuais, presidiários), propagam a fé na Hidra Vermelha de Lerna.
As pesquisas indicam que o povo brasileiro é religioso, abomina o aborto, não aceita a liberação das drogas e repudia o casamento homossexual. Indicam que o brasileiro quer a redução da maioridade penal, que é favorável à prisão perpétua e à pena de morte. Em suma, atestam o fato ineludível de que a nossa sociedade é conservadora e liberal; avessa, portanto, ao marxismo. Não obstante a satisfação que isso me causa, reconheço a necessidade de agirmos com rapidez para reverter o estado de coisas instaurado no país, antes que seja demasiado tarde. É chegado o tempo de união em torno dos valores e dos ideais que fizeram deste solo a nossa mãe gentil, a pátria amada Brasil. É chegada a hora de hastearmos os lábaros do conservadorismo e do liberalismo em todos os quadrantes da vida nacional. É tempo e hora de joeirar o trigo; tempo e hora de saber quem é conosco e quem é contra nós, pois "tertium non datur".
Márcio Luís Chila Freyesleben
Procurador de Justiça, Ministério Público de Minas Gerais
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