quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O caso Peña Esclusa: quando nos tocará?

Mídia Sem Máscara

Bastou apenas um suposto interrogatório sem a presença de um tribunal, sem um julgamento nesse país, sem o comparecimento obrigatório dos advogados de quem resultaria acusado, para que Peña Esclusa fosse tratado como o pior dos criminosos.

Nesta oportunidade, centrarei minha atenção no caso de um notável homem venezuelano que, ao que tudo indica, foi privado de sua liberdade de uma forma completamente apartada da justiça e da legalidade estabelecida pelo ordenamento jurídico venezuelano.

Refiro-me ao senhor Alejandro Peña Esclusa que no passado 12 de julho foi detido por uma equipe de 20 funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN), sem cumprir com o estabelecido nas leis do país. A razão de seu aprisionamento? Umas supostas declarações emitidas pelo terrorista salvadorenho Francisco Chávez Abarca, detido e imediatamente deportado, não para seu país natal nem aos Estados Unidos, senão a Cuba.

Bastou apenas um suposto interrogatório sem a presença de um tribunal, sem um julgamento nesse país, sem o comparecimento obrigatório dos advogados de quem resultaria acusado, para que Peña Esclusa fosse tratado como o pior dos criminosos.

Abuso? Bem, não somente o levam preso, senão que sem a correspondente ordem de um tribunal, os 20 funcionários invadem a residência do político e supostamente encontram explosivos até nas gavetas da filha de 8 anos do senhor Peña. Estranho, não?

Não obstante isso, o tribunal ao qual se designa a causa, ordena o julgamento sem a possibilidade de liberdade, alegando que ele procuraria uma forma de escapar do país. Obviamente o juiz não vai correr o risco de contradizer alguém no alto governo, sob pena de correr o mesmo destino da juíza Afiuni.

Porém, qual foi o verdadeiro delito de Peña Esclusa? Ser opositor acérrimo e declarado do regime de Hugo Chávez. Foi um dos cidadãos que formulou maior quantidade de denúncias contra o presidente da República.

Agora você se perguntará: quem é este senhor? Bem, só para que tenham uma pequena visão posso citar informação que encontrei na Web, quer dizer, que não é confidencial: Alejandro Peña Esclusa, de 56 anos, não possui antecedentes penais, nem conhece armas. Foi um desportista destacado, obtendo títulos internacionais para seu país. Tem uma família estável e bem constituída. É engenheiro mecânico, com estudos superiores em administração financeira e em segurança e defesa. Foi assessor do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Venezuela (CONASEDE). É escritor e colunista, autor de seis livros, alguns dos quais foram traduzidos em outros idiomas. Foi candidato à Presidência da Venezuela. É correspondente na Venezuela e na Colômbia do diário argentino "La Nueva Provincia". Membro da Academia Brasileira de Filosofia. Presidente da Associação Civil Fuerza Solidaria. Presidente da União de Organizações Democráticas da América (UNOAMÉRICA). Foi condecorado em Honduras com a Ordem José Cecilio del Valle. Obteve um reconhecimento especial por parte do Congresso do Alabama, por seu dilatado esforço em defender a democracia e as liberdades na América Latina. Foi convidado como conferencista em quase todas as capitais da América.

Agora caberia se perguntar: uma pessoa que foi candidato à Presidência da República, pai de família, lutador social, um homem com centimetragem de sobra na imprensa nacional e internacional, alguém com essa vocação democrática, teria necessidade de empreender atos terroristas?

Agora também é preciso perguntar: quando nos tocará, como opositores, as trapalhadas cometidas pelos funcionários do regime ao amparo de seu líder máximo, ocupar o atual lugar de Peña Esclusa? Será o princípio do encarceramento dos milhões de cidadãos que fazemos oposição política ao líder da revolução bolivariana? É suficiente que atribuam a alguém declarações contra nós para se ativem os mecanismos do SEBIN, ao melhor estilo da antiga Segurança Nacional ou dos serviços cubanos protetores da ditadura dos Castro?

* Excertos tomados de um artigo publicado no diário La Prensa de Barinas.

Título original: "Não há presos políticos na Venezuela", disponível em http://www.laprensadebarinas.com.ve/nueva/xxview.php?ArtID=107084

Tradução: Graça Salgueiro

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