domingo, 5 de setembro de 2010

Diplomacia rima com hipocrisia

Mídia Sem Máscara


Contrariando o que foi propalado por toda a esquerda brasileira, inclusive a candidata Dilma em debate na televisão, nem o Brasil nem tampouco a UNASUL contribuíram para a aproximação entre Colômbia e Venezuela.

O primeiro país a ser visitado pelo novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, foi o Brasil, e o fato se deu nos dias 1º e 2 deste mês de setembro. Antes Santos já havia se encontrado para reatar relações diplomáticas com Chávez, onde comprometeu-se a não investigar as denúncias da existência de acampamentos e líderes das FARC e ELN na Venezuela, motivo principal do rompimentos das relações entre os dois países.

Em troca, Chávez não questionaria mais o acordo que permitia militares norte-americanos utilizarem bases colombianas. Chávez aceitou muito feliz e prontamente porque sabia, de antemão, que este acordo seria rompido logo a seguir, em denúncia feita - e acatada - pelos terroristas que usam a fachada de "Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo", o mesmo que perseguiu e conseguiu condenar o Coronel Alfonso Plazas Vega a 30 anos de prisão, pelo atentado perpetrado pelos terroristas do M-19 ao Palácio da Justiça colombiana.

Depois os acordos "apaziguadores" foram com Correa, presidente do Equador, onde mais uma vez este infrator saiu vitorioso, pois os tão sonhados computadores de Raúl Reyes - que todos os defensores das FARC dizem ser falsos, Correa inclusive - foram-lhe entregues.

Agora tocou a vez do Brasil, país visto pelo resto do continente como muito rico e poderoso, considerando suas dimensões geográficas e o rótulo de oitava economia mundial. Santos tem interesses comerciais legítimos com o Brasil, e parece acreditar sinceramente em Lula quando este se diz contrário ao terrorismo. Segundo Santos, "Todos os países, Brasil e o resto dos países da região, rechaçam o terrorismo, rechaçam os métodos violentos para conseguir objetivos. E nisso, agradeço muito ao presidente Lula e ao Brasil essa posição, que foi clara e contundente", disse durante o almoço servido no Itamaraty.

Por sua vez, durante este mesmo almoço, Lula comentou: "Nada justifica o terrorismo como instrumento de luta política. O Brasil é solidário com o povo colombiano no caminho da paz contra a violência. (...) "Não somos mais uma região de conflitos, de revolta, de censura".

A diplomacia tem dessas coisas. A hipocrisia foi servida em baixelas, regada com taças do mais puro e legítimo cinismo, pois Lula não se referia ao terrorismo das FARC e do ELN - que não foram mencionadas nem uma vez -, mas ao que ele e seus comparsas do Foro de São Paulo chamam de "terrorismo de Estado". Dizer que não vivemos mais uma região de "conflitos, revoltas e censura" é tripudiar e negar, abjetamente, tudo o que tem sofrido o povo venezuelano nas mãos do ditador Chávez, que não apenas "censura" mas encarcera ou manda matar aqueles que o denunciam.

E Santos, por seu turno, sabe que a Colômbia tem lutado praticamente sozinha contra o terrorismo, contando com um apoio discreto do Peru e do Chile, únicos países ainda não dominados pelos comunismo. Ademais, quando Raúl Reyes foi abatido Santos era o Ministro da Defesa e não só participou ativamente daquela operação, como conheceu o conteúdo dos computadores, portanto, sabe do envolvimento de Lula com as FARC.

Mais absurdo do que toda esta farsa diplomática foi a candidata à presidência pelo partido governista (PT), Dilma Rousseff, entrevistar-se com o presidente Santos como se já fosse a presidente eleita. Conversaram durante 25 minutos, segundo a imprensa, declarando apenas que "O Brasil tem uma posição muito clara contra o narco-tráfico e a Colômbia sabe disso".(...) "Compartilhamos uma fronteira e a cooperação policial ali é crucial". Nós, que abominamos as FARC e qualquer bando terrorista sabemos disso mas, e este governo petista?

Dona Dilma resolveu mudar seu discurso para ser agradável e conquistar a simpatia do novo governante colombiano, já que do presidente Uribe nenhum deles gostava porque foi quem mais contundentemente combateu as FARC.

Contrariando o que foi propalado por toda a esquerda brasileira, inclusive a candidata Dilma em debate na televisão, nem o Brasil nem tampouco a UNASUL contribuíram para a aproximação entre Colômbia e Venezuela porque Santos sempre disse que agradecia mas dispensava a intervenção de terceiros. E reafirmou isto aqui no Brasil acrescentando que "O Brasil pode colaborar colocando as FARC em seu devido lugar, quer dizer, qualificando-as como um grupo terrorista".

Ao contrário do que toda a mídia tem alardeado, não foi em relação às FARC que Lula se disse contrário ao "terrorismo" mas às ações do Estado, através de suas Forças Militares, conforme pode-se comprovar neste trecho da Declaração Final do X Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido entre 4 e 7 de dezembro de 2001, em Havana, Cuba, do qual fizeram parte e assinaram em absoluta concordância as FARC e o próprio Lula, que ainda presidia os encontros. Diz o trecho:

"Rechaçamos toda tentativa de apresentar como terroristas os movimentos de libertação nacional, o chamado movimento anti-globalização, a esquerda, os movimentos sociais e progressistas. Reafirmamos o direito de nossos povos a saber a verdade e a conseguir justiça acerca dos terroristas de Estado que hoje continuam impunes".

"No contexto da denominada luta anti-terrorista a 'Carta Democrática da OEA e a reativação do TIAR' convertem-se em uma camisa de força para negar a soberania popular, controlar os processos de mudança e legitimar eventuais intervenções, mediante mecanismos de bloqueio ou ações militares coletivas". Portanto, são os militares e o Estado Colombiano os terroristas de Lula e Dilma, não as FARC.

Dentre os acordos firmados entre Colômbia e Brasil está o de cooperação entre as Polícias de fronteira. Entretanto, em maio deste ano foram presos em Manaus alguns elementos das FARC que tinham várias bases no Amazonas, há mais de 10 anos, cujo chefe possuía documentos brasileiros falsificados e atendia pela alcunha de "Tatareto". A Polícia Federal fez um excelente trabalho de inteligência e desbaratamento da quadrilha mas, em declarações ao jornal "Estadão", um dos agentes que participou da operação e não pôde se identificar, declarou:

"Ninguém fala abertamente, mas a posição hesitante do governo brasileiro em relação às FARC coloca em situação difícil os órgãos de segurança que, de alguma maneira, esbarram nas ações da guerrilha por aqui. Os investigadores se vêem diante de um incômodo dilema. Avançar ou não? E se o governo não gostar?". (...) "Ele não foi preso porque é das FARC, foi preso porque é traficante e eu estava no cumprimento de meu dever".

Essa seria, segundo este agente, a "desculpa" que eles dariam ao chefe pela captura de um "cumpanhêro". A Colômbia solicitou a extradição de Tatareto que foi negada, com a alegação de que o terrorista havia cometido crimes no Brasil e teria que ser julgado aqui. E nunca mais se falou no assunto.

E ainda mais insólito do que todo esse faz de conta asqueroso foi a declaração do Ministro da Justiça a um repórter da "RCN Radio" de Bogotá, acerca do pedido de revisão da condição de "refugiado político" dado ao terrorista das FARC, Oliverio Medina, conhecido pelo vulgo de "Padre Camilo", gravada no mesmo dia em que o presidente Santos estava em Brasília. O ministro confirma a condição de refúgio a um elemento que, mesmo antes desta ratificação, continuava mantendo contato com o Secretariado Geral das FARC, como ficou comprovado através de correspondência trocada entre ele e Raúl Reyes, onde ele afirma cinicamente que, "tão logo consiga o status de refugiado e a nova identidade como brasileiro, a primeira coisa que vai fazer é encontrar-se com eles nas montanhas". Ouçam a gravação da "RCN":

Agora, eu pergunto: depois de tanta falsidade, tanta hipocrisia, tanto cinismo, quem está fazendo o outro de bobo? Será que o senhor Juan Manuel Santos acredita em Papai Noel ou está se fazendo de morto para assaltar o coveiro? Só o tempo dirá...

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