Mídia Sem Máscara
Klauber Cristofen Pires | 03 Setembro 2010
Artigos - Cultura
O trabalho dos blogueiros nos últimos anos tem causado uma crônica dor de cabeça para a imprensa tradicional que antes tudo controlava: ficou para a história a cumplicidade da mídia com a tentativa de golpe de estado lulo-chavista contra Honduras, bem como também com relação ao acobertamento do Foro de São Paulo e da decorrente sociedade entre o PT e as FARC.
Houve uma ocasião, há algum tempo, em que recebi o e-mail de uma estudante de jornalismo que me fazia algumas perguntas para uma monografia sua. Em síntese, ela queria saber se eu me considerava um jornalista e por qual razão assim pensava. Solícito, respondi ao seu questionário e ao que me parece, por ter restado insatisfeita, enviou-me mais uma série de perguntas. Foi então que percebi que ela não fazia uma pesquisa científica para descobrir a verdade a partir de suas investigações, mas sim, procurava fatos e depoimentos que comprovassem a sua convicção já pré-formada, ao que devidamente lhe mandei passear e importunar outra pessoa.
Isto tem um nome: vigarice; vigarice estimulada pelas faculdades de jornalismo. O caso acima se deu em meio ao alvoroço que antecedeu a sábia decisão do STF que suprimiu a obrigatoriedade de um diploma para o exercicio da liberdade de expressão, o que era um absoluto absurdo. E que não me venham com firulas os bacharéis em Direito, sociólogos e assemelhados: estão neste rol também.
Para quem acha que o exercício da atividade jornalística requer uma gama de conhecimentos científicos ou assemelhados à precisão das ciências naturais, dou um exemplo bem corriqueiro: nesta semana, ouvi do Jornal Nacional sobre uma pesquisa que afirma serem os brasileiros o segundo povo mais estressado do mundo, mas isto, pasmem, na mesma semana em que a capa da revista IstoÉ estampava a manchete "Nunca fomos tão felizes". E agora, quem tem razão?
Os jornalistas "diplomados" andam a promover uma ampla campanha e a exercer um pesado lobby para que a obrigatoriedade do diploma como requisito obrigatório para o exercício da profissão de jornalista volte ao sistema jurídico sob a forma de uma emenda constitucional. Sinceramente, não vejo como, eis que a própria Constituição Federal, no seu art. 60, § 4º, inciso IV estabelece: "Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais". (grifos meus)
A norma julgada inconstitucional vigorava até então sob o fenômeno jurídico da "recepção", segundo o qual as leis anteriores à Constituição permanecem em vigor desde que seus artigos mantenham-se aparentemente em concordância com a Lei Maior. No caso, a lei que exigia os diplomas foi derrubada pelo STF, depois de provocado a pronunciar-se sobre a sua constitucionalidade. Ademais, no meu entender particular, propostas de emendas à Constituição para sanear a inconstitucionalidade de leis que ferem cláusulas pétreas configuram um flagrante caso de inadmissivel desobediência ao soberano Poder Judiciário, cujos precedentes, se aceitos, só podem nos levar a uma dissolução do estado de Direito pela via do derretimento do poder judiciário.
Sustentando-se em pesquisas com a profundidade desta que denunciei no primeiro parágrafo, andam a levantar as alegações de que os blogueiros não produzem notícia, mas apenas agem como divulgadores de notícias. Pura bobagem, e vou agora matar a cobra e mostrar o pau...
Nem todas as notícias dos jornais impressos ou televisivos são produzidas por eles mesmos. Na verdade, apenas uma pequena parte, local ou regional, compõe o mérito próprio da produção de notícias novas e até então desconhecidas. O resto compõe-se de edição de reportagens sobre assuntos de amplo conhecimento ou obtido de agências de notícias, entre as quais a estatal agência Brasil, de onde as redações reproduzem suas matérias as mais das vezes sem um pingo de crivo. Finalmente, temos também o trabalho de opinião e de media-watch.
Um blogueiro amador e individual, como eu, não tem como oferecer notícias novas todos os dias, haja vista as minhas próprias limitações físicas e circunstanciais (eu tenho de me sustentar de outro modo). Mas isto cada um dos repórteres pagos pelos jornais também não produz, de forma que os "furos" são conquistados ora por um, ora por outro, de um grande time.
Há blogueiros que se especializam especialmente para a notícia de fatos novos, e eis a combativa Graça Salgueiro como exemplo notório, a nos trazer os fatos da América hispânica em primeira mão; de minha parte, concentro-me em um trabalho de pesquisa sobre fatos conhecidos, de opinião e de media-watch, que também, como vimos linhas acima, constitui a atividade jornalística. Ou não?
Há sim, claro, os blogueiros que apenas reproduzem as notícias e editoriais da grande mídia, mas não são eles quem fazem toda esta diferença. Se andam incomodando, é porque justamente têm produzido mais do que mera divulgação dos textos da própria mídia tradicional.
O trabalho dos blogueiros nos últimos anos tem causado uma crônica dor de cabeça para a imprensa tradicional que antes tudo controlava: ficou para a história a cumplicidade da mídia com a tentativa de golpe de estado lulo-chavista contra Honduras, bem como também com relação ao acobertamento do Foro de São Paulo e da decorrente sociedade entre o PT e as FARC. Aqui mesmo também denunciamos a reportagem global que reclamava pela construção de cinemas públicos, convenientemente publicada logo depois do lançamento do filme "Lula, o filho do Brasil", e da mesma forma, da reportagem militante governista e absolutamente enviesada de modo a promover a legalização do aborto. Ôpa, não me deixem esquecer da massiva campanha das diversas cadeias de tevê a favor do desarmamento, felizmente, malograda.
Caros leitores, de uma coisa lhes posso dar certeza: de minha lavra, jamais enganarei o público para agradar ao governo, como a chamar Fidel Castro de presidente, por exemplo. Comigo ladrão é ladrão, terrorista é terrorista, ditador é ditador, vigarista é vigarista e os sonsos são a escória por quem nutro mais nojo do que a petralhada assumida. Não por acaso, mesmo sem nenhum tipo de publicidade, a cada dia mais pessoas vêm ler dos meus textos e de tantos outros amigos que fui encontrando pelo caminho e que compartilham desta missão que nos imbuímos, seja em meu blog, seja nos sites que nos dão a oportunidade de nos expressar. A estas pessoas, dedico os meus agradecimentos e peço a sincera ajuda para nos divulgarem como uma eficaz fonte alternativa de informação e de opinião.
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