segunda-feira, 10 de março de 2008

A Guerra do Foro de São Paulo

por Ipojuca Pontes em 10 de março de 2008

Resumo: Por baixo do pano a guerra do Foro de São Paulo continua firme, a espera do momento certo para dar o bote no governo Álvaro Uribe.

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Engana-se quem imaginar que a situação de guerra deflagrada na América Latina resulta apenas da ação militar desfechada na fronteira do Equador pelo exército colombiano, ocorrida no último sábado de fevereiro. Depois de exame mais acurado dos documentos encontrados no computador do terrorista Raúl Reyes, no santuário fronteiriço das FARC, o governo da Colômbia não teve a menor dificuldade em concluir o que já sabia: Hugo Chávez, escorado nos bilhões de dólares provenientes do petróleo, é o principal financiador da escalada bélica que ameaça tomar conta do continente: só para as escaramuças terroristas das FARC o coronel venezuelano repassou US$ 300 milhões.

Desde que em meados de 1995 ingressou formalmente no Foro de São Paulo, entidade criada por Lula e Fidel Castro para “restabelecer na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu”, Hugo Chávez logo se integrou nos planos estratégicos da organização subversiva. De imediato aceitou, com entusiasmo, representar o papel de aríete dentro do esquema tramado para a implantação do “Socialismo do Século XXI” na América Latina. Enquanto o barril de petróleo não ultrapassava a faixa dos US$ 30, Chávez limitava-se a exercitar os arreganhos da sanha totalitária em âmbito interno. Nesta fase, perseguiu em larga escala os políticos que lhe ofereciam resistência, tratou de fechar as portas das instituições venezuelanas livres e, o mais criminoso, armar um exército paralelo de bate-paus para massacrar a população adversa aos seus objetivos de ditador.

Mas quando o petróleo bandeou-se para a casa dos alarmantes US$ 100 o barril, o pretenso substituto de Fidel Castro logo recebeu sinal verde da liderança do Foro de São Paulo para atuar a todo vapor na expansão do esquema revolucionário no subcontinente. Em rápida escalada, ele investiu firme na ascensão do cocalero Morales, na Bolívia; impulsionou a subida ao poder de Rafael Correa, no Equador; o retorno de Daniel Ortega à presidência da Nicarágua - não deixando de colaborar, por sua vez, na reeleição do companheiro Lula e aliviar, como 500 milhões de dólares, a situação de insolvência financeira da Argentina do companheiro Kirchner. (Como diria Napoleão, para se fazer a guerra só são necessárias três coisas: dinheiro, dinheiro e dinheiro).

Mais do que isso, percebendo sinais receptivos dos companheiros do Foro, o atrevido coronel, tal como o seu mentor Fidel Castro na Crise dos Mísseis entre EUA e URRS, em outubro de 1962 , acelerou a corrida armamentista na AL. Numa só negociação, comprou por US$ 4 bilhões armas e material bélico sofisticado, de origem russa, entre os quais os Sukhoi Su-30, jatos destinados ao lançamento de mísseis e bombas radioativas.

Depois da morte de Raúl Reys e demais terroristas, mesmo cauteloso quanto à reação do mundo civilizado ante sua aliança com a organização envolvida com narcotráfico, seqüestros e assassinatos em massa, Chávez abriu o verbo contra o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia e, mais realista do que o rei, tratou de enviar tropas para bloquear a fronteira da Venezuela. Pretende com a medida, de pura força, reafirmar sua aliança com o terror das Farc, que tem em conta de “movimento insurgente com um projeto político respeitável” – a mesma visão do governo Lula, por sinal.

Como previsto, os governos esquerdistas integrantes do Foro de São Paulo, entre eles Brasil, Cuba, Argentina, Chile, Bolívia, Nicarágua, etc., foram unânimes em condenar a ação militar da Colômbia. Nada mais previsível, pois um dos pontos consagrados da entidade subversiva diz respeito à mútua solidariedade entre os seus membros. Fidel Castro, por exemplo, um dos fundadores do Foro, apoiando a atuação das Farc, apressou-se em entoar as “trombetas da guerra” na América do Sul, sem deixar de apontar o “imperialismo ianque” como responsável pelo conflito que ele mesmo açulou.

O governo brasileiro, por sua vez, na qualidade de principal signatário do Foro de São Paulo, do qual as Farc também faz parte, condenou a atitude do governo Uribe e exigiu pedido de desculpas e o compromisso formal da Colômbia de não mais atacar o exército terrorista caso ele se instala de novo em território equatoriano.

Celso Amorim, o “chanceler vermelho”, assumindo completa parcialidade, afirmou que a “violação de território soberano é muito grave”, esquecendo de condenar as Farc e de esclarecer a denúncia da World-Check, abalizada empresa de consultoria voltada para o monitoramente de transações bélicas. Em seu jornal eletrônico, a Worl-Check divulgou a informação de possível envio para a Venezuela de 31,5 toneladas de armas fabricadas no Brasil e transportadas por aviões da TAM para Caracas - quem sabe a serem repassadas por Chávez aos guerrilheiros de Manuel Marulanda, “El Tirofijo”, líder das Farc que, segundo o noticiário internacional, estaria refugiado em algum ponto do território equatoriano.

E na Venezuela? Bem, na Venezuela milhares de pessoas continuam aplaudindo a ação do governo Uribe, ao tempo em que repudiam a intromissão grosseira de Chávez nos negócios internos da Colômbia. Numa atitude de protesto, boa parte da população clama pelo fim dos infindáveis atos de virulência da guerrilha. Em carta endereçada ao Palácio de Nariño, em Bogotá, Peña Esclusa, um dos principais líderes da oposição venezuelana, felicitou o presidente da Colômbia e seu governo pelo êxito da operação militar, “ao abater destacados chefes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, responsáveis, também na Venezuela, por dezenas de seqüestros, torturas, assassinatos e crimes de extorsão.

No exame do conflito, depois de 48 horas de discussões acaloradas, a OEA, a organização voltada para negociar questões diplomáticas no âmbito dos Estados americanos, divulgou nota condenando a invasão territorial do Equador, mas não a ação militar da Colômbia, numa clara manifestação de neutralidade.

Mas, não se enganem: por baixo do pano a guerra do Foro de São Paulo continua firme, a espera do momento certo para dar o bote em Uribe, último elo do continente com a democracia.

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