quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Espanha: um paraíso para a hierarquia castrista

por Pablo Alfonso em 07 de fevereiro de 2008

Resumo: A Espanha converteu-se em um lugar seguro e discreto não só para os filhos e familiares das altas figuras da ditadura cubana, mas também para muitos ex-agentes da inteligência e do aparato militar cubano.

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Nos últimos anos, a Espanha converteu-se em uma espécie de paraíso para os familiares próximos dos mais altos dirigentes da ditadura cubana, que estabeleceram discretamente neste país prósperas empresas comerciais e têm estudado em suas melhores universidades.

“Ir para Miami ou qualquer outro país latino-americano é muito forte, por isso preferem a Europa e em particular a Espanha, onde não há problemas de idioma”, disse a El Nuevo Herald Delfín Fernández, um ex-oficial da contra-inteligência cubana que desertou em Madri há três anos.

Para escrever esta história El Nuevo Herald entrevistou vários ex-funcionários cubanos, quase todos residentes na Espanha. Alguns falaram sem ocultar sua identidade, porém, outros preferiram manter-se no anonimato, fundamentalmente por duas razões: temor de represálias contra seus familiares em Cuba e também porque, para obter sua residência espanhola ou normalizar seu status legal nesse país, devem ter um passaporte cubano vigente; algo que muitos não têm e devem ir renová-lo no consulado cubano em Madri.

“As conseqüências nesse caso são claras. Se você fala muito, não lhe renovam o passaporte e você fica em uma fraude legal”, explicou uma fonte.

A Espanha não é só um local de residência para familiares da classe dirigente cubana; é também um lugar de recreio e praça comercial. Débora Castro Espín, filha de Raúl Castro, o número dois do regime, com Vilma Espín, esteve de visita à Espanha em princípios de maio. Foi na realidade uma viagem de turismo e negócios.

“Atenderam-na executivos de uma firma de equipamentos médicos de Bilbao, onde esteve vários dias e também visitou Valencia”, comentou outra fonte que conhece de perto a família Castro-Espín.

Débora fez o doutorado em Engenharia Química aplicada à alimentação em uma universidade espanhola há algum tempo. Seu marido, Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, também visita a Espanha freqüentemente. Casado com Débora há 17 anos, o casal tem dois filhos: Raúl e Vilma. Rodríguez converteu-se na mão direita de Raúl e dirige a Quinta Sessão do Ministério das Forças Armadas (FAR), encarregado do aparato econômico e financeiro das FAR.

“Ele também administra negócios privados de Raúl e suas contas bancárias no estrangeiro”, afirmou Fernández, que como oficial da contra-inteligência operando no setor empresarial, conheceu Rodríguez de perto, cujo pai é o general-de-divisão Guillermo Rodríguez del Pozo.

Outra das filhas de Raúl Castro, Mariela, também visitava freqüentemente a Espanha, onde mantinha inúmeras amizades entre os empresários espanhóis. Porém, desde seu último casamento (o terceiro), desta vez com um empresário siciliano, dedica seu tempo livre a visitar seus sogros em Palermo.

Na Espanha vive uma neta reconhecida de Fidel Castro e outros três (trigêmeos) dos quais existem poucas referências familiares. Os trigêmeos, que estudam em Valencia, são filhos de José Angel Castro e sua esposa de sobrenome Odio, os quais vivem em uma residência perto do Parque Zoológico de Havana. Segundo diversas fontes, José Angel, de aproximadamente 52 anos, é filho do ditador cubano com uma senhora que morreu há alguns anos em Cuba.

Por sua parte, Mirta Castro Smirnova, filha de Fidel Castro Diaz-Balart e a russa Olga Smirnova, estuda Física Nuclear em uma universidade espanhola. Esse casamento se dissolveu há alguns anos e “Fidelito” está casado agora com María Victoria Barreiros, filha do ex-general do MINIT Luis Barreiros, que esteve encarregado dos serviços de inteligência cubanos até 1989.

Liset Ulloa, até não muito nora de Fidel Castro, teve menos sorte. Quando abandonou Cuba viu-se obrigada a deixar seu filho na ilha, já que Castro pessoalmente impediu sua saída do país. Ulloa, que foi esposa de Antonio Castro Soto, vive agora em Barcelona e está casada com um empresário espanhol, enquanto seu pequeno filho permanece em Havana.

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Raúl com o filho e o neto na Espanha.

Ramón Castro Ruz, o irmão mais velho do ditador cubano, também tem dois netos na Espanha. Um deles, apelidado de “Monchi”, administra em Tenerife um restaurante de propriedade de seu tio Raúl. O pai de “Monchi”, Ramón Castro Rodríguez, é filho de Ramón, a quem apelidaram de “Mongo” Castro. Outra das filhas de Ramón, Oneida Castro Rodríguez, tem um filho estudando na Universidade Complutense de Madri, segundo informam as fontes.

Porém, nem todos estes privilegiados cubanos que vivem na Espanha ou fazem turismo na Europa, pertencem ao clã dos Castro. Em Barcelona, está estabelecido há algum tempo Javier Leal, filho do empresário estatal Eusebio Leal, historiador de Havana. Leal filho é proprietário de uma loja de antiguidades que oferece relíquias e arte cubanas, e mantém vínculos com a ilha para onde viaja com freqüência.

Nesse mesmo status estão os filhos do comandante da revolução Juan Almeida: Juan Antonio passa seu tempo entre Havana e Madri, onde dirige um restaurante e seu irmão, Juan Juan, é um próspero empresário em Cancum, México.

Também o comandante da revolução e ex-ministro do Interior, Ramiro Valdés, tem um filho na Espanha, embora este tenha rompido com o regime castrista. Ramiro Valdés filho vive discretamente na província de Palencia, região de Castilla-La-Mancha, em companhia de sua esposa e filhos.

Entre os recém chegados à Espanha encontra-se Lourdes Argivaes – sobrinha da legendária guerrilheira Celia Sánchez Manduley -, que está estabelecendo um restaurante em Marbella. Lourdes, ex-esposa de Ernesto Guevara March, que por sua vez é filho de Ernesto “Che” Guevara, é filha de Miriam Sánchez Manduley e José Argivaes.

A Espanha converteu-se em um lugar seguro e discreto não só para os filhos e familiares das altas figuras da ditadura cubana, mas também para muitos ex-agentes da inteligência e do aparato militar cubano.

Um dos mais notáveis é o ex-coronel Héctor Carbonell, conhecido como “El Güiro”, que em 1989 foi condenado a 10 anos de cárcere na nomeada “Causa Dois”, junto ao ex-ministro do Interior José Abrahantes e outros altos oficiais do Ministério do Interior.

Segundo as fontes, Carbonell escapou de Cuba depois da obscura morte de Abrahantes na prisão de Guanajay. Utilizando o nome de Juan Villegas, aproveitou um passe para burlar os controles de Imigração. Porém, em conversação com El Nuevo Herald, Carbonell assegurou que saiu de Cuba legalmente, após cumprir a metade de sua condenação e declinou responder outras perguntas.

Fonte: http://www.neoliberalismo.com/pablo.htm

Tradução: Graça Salgueiro

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