domingo, 24 de fevereiro de 2008

TV Brasil: o sinal é outro.

Domingo, 24 de Fevereiro de 20

TV Brasil: o sinal é outro.

Coturno Noturno

Colocar um cabresto na Imprensa não é uma estratégia exclusivamente petista. É uma estratégia do Foro de São Paulo. Sempre funcionou em Cuba, calando qualquer protesto, tendo o Granma como um poder paralelo. Em tempos mais recentes, a estatização da RTVC por Chávez foi o primeiro passo, efusivamente saudado pela esquerda brasileira, que sonha com o fim da Rede Globo. Não conseguindo abalar o poderio de produção e distribuição da emissora-líder, agora incentiva o fortalecimento de uma Record chapa-branca, mancomunando-se com o bispo sonegador, cuja última ação é mover ações nos cafundós do Judas contra jornais e jornalistas independentes, sob o aplauso de Lula.


Enquanto assistimos aqui o debate morno sobre a TV pública, criada através de medida provisória, que deve consumir cerca de R$ 500 milhões por ano, vejam o que está ocorrendo na Venezuela, onde a estatização da maior emissora não conseguiu calar a imprensa, que continua sendo a última resistência contra a instalação da ditadura chavista.


O ministro do Poder Popular para a Comunicação e Informação, Andrés Izarra, o Franklin Martins venezuelano, informa que está sendo criado um sistema nacional de meios de comunicação competitivos e de qualidade, “com uma televisão combativa”. Como vão fazer isso? Utilizando vários canais de TV estatais. A Ávila TV será um canal juvenil. A ANTV, da Assembléia Nacional, será uma canal de debate político. A Vive TV será um canal interativo, de participação popular. A TVES estará dedicada ao entretenimento. A VTV será o canal jornalístico. E a Telesur será o canal internacional do socialismo de Chávez. Segundo o ministro, “os canais competiam por uma mesma audiência, com uma mesma programação e não obedeciam as preferências do telespectador”. E vejam qual é o foco do projeto: “temos que ser competitivos e de excelência nestes canais, para que eles possam competir, inclusive, com os canais privados”. Não é a cara cuspida e escarrada da TV Brasil?


Para implantar esta nova "política de comunicação", que na verdade é "comunicação política", será criado um Instituto de Rádio e Televisão, cujo objetivo será articular os meios estatais e trabalhar em estreita colaboração com o Ministério, que será o gestor da política comunicacional.Quais as semelhanças com o Brasil? O escopo ideológico da decisão. Segundo o ministro Izarra, “o país vive um cerco midiático como nunca antes”. Tem argumento mais petista? E prossegue: “a Globovisión se articula com outros meios internacionais e propaganda política a serviço dos poderes econômicos multinacionais, que atentam contra a Venezuela”. Não é a mesma coisa que os petistas dizem da Globo, toda vez que ela dá repercussão às denúncias crescentes de corrupção no Governo Lula? Por fim, encerra o Franklin Martins bolivariano, “a Venezuela é um exemplo de liberação de nossos países, busca eliminar o processo de colonização, busca o homem novo. É uma batalha política e ideológica.”


A TV Brasil deve ser analisada, pela Oposição, sob um prisma mais amplo do que as "quatro linhas" do território brasileiro. Pode ser, por exemplo, a porta de entrada para transmitir a programação de uma Telesur venezuelana, que não consegue ser incluída nas grades de programação privadas, tendo em vista o seu ranço socialista. A TV Brasil poderá abrir sucursais em toda a América Latina, transformando-se no tambor para o socialismo bolivariano, tão admirado por Lula e sua gente. As oportunidades oferecidas à esquerda, pela TV Brasil, serão inúmeras. É bom que a Oposição abra o olho pois, daqui a pouco, estaremos convivendo com Evos, Chavez, Castros e outros em rede nacional, colocados em matérias altamente ideológicas e demagógicas, mandadas lá de fora via satélite, com o patrocínio das nossas estatais e das suas fundações, ou de alguma PDVSA da vida. Se existe algo que o Brasil não precisa, é de uma TV estatal. Quem precisa de uma TV estatal, como se pode ver pela Venezuela, é a esquerda e o Foro de São Paulo, para derrubar a última fronteira de resistência no país: a imprensa livre.

Coronel

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