terça-feira, 15 de julho de 2008

14/07 - O ESTADO POLICIALESCO

14/07 - O ESTADO POLICIALESCO

A verdade sufocada

Ternuma Regional Brasília
Gen. Bda RI Valmir Fonseca AZEVEDO Pereira
Muitos aplaudem a lei seca no trânsito. A maioria das pessoas, segundo a grande imprensa. De repente, descobrimos que todos ou quase todos os acidentes automobilísticos são causados por bêbados ao volante.Percentuais significativos, levantados no passado recente, informam que muitos trágicos acidentes foram ocasionados por motoristas embriagados. As autoridades sabiam. Convém recordar que, apesar da existência de leis que condicionavam a condução de veículos por motoristas que haviam ingerido determinadas quantidades de bebidas alcoólicas, a fiscalização era inexistente. Ou seja, as leis inibidoras, que evitariam tantas mortes, estavam à disposição das autoridades que, descaradamente, não as aplicavam.

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De repente, por meio de uma lei que escandalosamente interfere na vida das pessoas, surgem blitz, fiscalizações espartanas, bafômetros, abusos de autoridade, e a indústria das multas, elevadíssimas por sinal, cresce de forma descomunal. Eis uma nova e eficaz maneira de encher os cofres de governos picaretas e corruptos.

Os cordeiros e inocentes úteis são os mesmos que aplaudiram o banimento de bebidas alcoólicas na estrada. Sem contar que apóiam, incondicionalmente, a quebra de sigilo na internet, na crença de que tudo é pornografia, quando não pedofilia.

Estas e tantas outras medidas de controle, quase que, cotidianamente, são aprovadas e jogadas ao grande público, como um fato consumado. É mais fácil caçar do que porco selvagem. Os inocentes (?) porcos selvagens permitem e aplaudem a criação de um estado policial.

No DF, tramita a aprovação de uma nova barbaridade, a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas. E não adianta espernear, se os representantes do povo aprovarem, a questão está decidida.

É o politicamente correto. É a falta de coragem para refutar, pois todos ou a maioria a sua volta concorda, ou covardemente aceita. Tudo, conforme o companheiro Gramsci preconizou.

Foi bem assim no caso da posse de armas. Se o governo perdeu o Referendo, recuperou – se através de inúmeras leis e restrições que foram aprovadas em surdina.

Alertamos a algum tempo que o molusco é apenas a ponta visível de uma enorme besta. O tempo tem posto a nu o voraz monstrengo, que pessoas, mesmo esclarecidas parecem não se dar conta.

A criação da Força de Segurança Nacional aos poucos delineia – se como um poderoso braço armado, pronto a servir ao governo, e não ao País.

As ações espalhafatosas da Policia Federal, com seus cognomes pomposos, servem para iludir aos incautos e aos iletrados. Não ocorrem contra conhecidas figuras do governo. Recordemos o milhão de Roseana Sarney, as falcatruas do Barbalho, a quebra do sigilo bancário do caseiro do Palloci, da prisão em Roraima do prefeito Quartiero e de seu filho, a rápida prisão dos atletas cubanos e sua pronta entrega ao governo de Fidel, e podemos prosseguir citando ad aeternum.

Na verdade, vivemos às claras, a existência de uma extensa e permissiva rede de escutas telefônicas, e de quebra, de sigilo bancário, com total desconhecimento dos alvos.

É licito afirmar que ninguém, mas absolutamente ninguém, que possa configurar uma ameaça, por menor que seja, ao status de domínio que se debruça, ardilosamente, sobre a Nação, está a salvo.

O domínio sobre a mídia amestrada é um fato. Configura - se que, aquilo que não pode ser convencido pela coação, pode sê – lo pela corrupção, pela bajulação, pela negociata, pela troca.

As constatações não são da minha lavra, modesta por sinal, porém elas estão às nossas vistas, saltam aos olhos dos mais céticos, são claras e irrefutáveis.

Por outro lado, nenhuma medida, por leve que seja, atinge aos nossos parlamentares. Qualquer crápula, com extensa folha corrida, pode postular - se como candidato a representante do povo. A fidelidade partidária tem sua validade subordinada ao sabor dos ventos e interesses.

Pelo contrário, benesses, escudos jurídicos, pensões, auxílios de todos os tipos, como a verba funeral, são aprovados à larga, como uma coisa natural. Foros e mais foros privilegiados acobertam canalhas e corruptos. Em ultimo caso, nada que um licenciamento oportuno, não livre um canalha de uma cassação, permitindo que o indigitado, após “gloriosa” volta por cima, retorne, consagrado pelas urnas.

Infelizmente, a forte onda de pudor e a incontida vontade governamental em atuar com draconiana severidade são orientadas para a inibição dos direitos dos incautos, dos pobres mortais, no frigir dos ovos, sobre a classe média.

Temos receio de prognosticar para onde, e até aonde iremos. Morremos dia a dia, vitimas de uma lassidão que dá medo.

Pobre Brasil varonil! Quando acordarás dessa letargia complacente e conivente?

Já invadiram o teu jardim, o meu canteiro, a nossa casa, e em breve seremos aprisionados, senão no cárcere dos descrentes, seremos reféns de nossa covardia e da nossa falta de propósitos.

Brasília, DF, 12 de julho de 2008

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