segunda-feira, 21 de julho de 2008

“Apicultor...? Faz sentido...”

Segunda-feira, Julho 21, 2008

“Apicultor...? Faz sentido...”

Edição de Artigos de Segunda-feira do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com

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Por Arlindo Montenegro


Este título acima foi o comentário de um leitor, Kitagawa, ao artigo “Veneno lento” publicado no Alerta Total, no Domingo, dia 13 de Julho.

Conheço apicultores que são engenheiros e até um jornalista famoso, budista, equilibrado no “caminho do meio”, coerente. Conheço apicultores que são pesquisadores em campus universitários. Conheço gente honesta que luta contra os vícios dos que comandam a saúde neste país, conservando preconceitos contra os produtos naturais. E conheço muitos predapicultores, isto é predadores da natureza, ávidos por lucro fácil viciados em explorar abelhas e homens.

Apicultura é uma atividade que exige estudo, comparação, pesquisa e em pouco tempo se torna um vício que exige a observação constante da organização social e da natureza destes insetos. Quem administra uma colméia ou um apiário sabe bem que, um instante ou decisão afastada dos movimentos naturais leva ao desastre.

Se uma colméia ataca predadores humanos é para defender seu território, sua família, seu alimento, suas crias. Se um enxame sai em busca de nova morada é porque as condições do habitat anterior, por interferência humana, se tornaram insuportáveis.

Quando os homens administram ou oferecem espaço e condições estáveis, quando ajudam as abelhas a produzir seu alimento, formar novas famílias - com pasto, flores, com néctar e pólen suficientes e saudáveis, sem agrotóxicos – as abelhas oferecem o mel e outros alimentos e sub produtos artesanais do seu ofício, sem apedrejar “ferroar” os predadores.

Nas estações climáticas em que o alimento natural é insuficiente, os administradores que ajudam as colméias, aplicando a tecnologia para mantê-las suficientemente nutridas, têm como agradecimento, quando chega a estação produtiva um número cada vez maior de famílias fortes, prontas para o trabalho. E mostram sua gratidão ao administrador, com eficácia produtiva de alimentos medicamentos naturais da mais alta qualidade, sem falhas, sem greves.

Cada abelha parece consciente das responsabilidades e do peso das tarefas para a manutenção da vida. Daí o interesse em entender a organização desta sociedade de seres que se dizem “superiores”, “humanos” e que marcam sua passagem com veneno letal contra todas as formas de vida. Caracterizam-se pelo desrespeito, preconceito, julgamento, apedrejamento, entre outras torturas e modos de destruição massiva da vida e do ambiente natural propício à liberdade criativa.

Estamos no século XXI, a 2008 anos da morte sob a tortura da crucificação de um jovem de 33 anos de idade, condenado por religiosos compatriotas por difundir a liberdade, o amor, o perdão, a tolerância. Por reconhecer que, perante o Deus superior – diferente dos poderosos deuses humanos – somos iguais, somos irmãos.

Inda ontem, pessoas foram sentenciadas à morte por apedrejamento no Irã. Por isso lembrei de Jesus, protegendo uma mulher, com autoridade moral: “Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”.

No Brasil governado por seguidores da ideologia/religião que reverencia deuses de carne e osso, o desprezo aos ensinamentos de fraternidade, amor, reconhecimento da mesma origem e destino humano é tão atual como o apedrejamento de ‘pecadores’ no Irã.

No mundo, que parece superpovoado, as pessoas foram tangidas que nem gado, afastadas de seus biomas (pastos onde nasceram), coagidas a buscar a sobrevida em ambientes estranhos e agressivos. Aos poucos foram abrindo mão das dietas naturais para consumir enlatados, produtos químicos, águas contaminadas. Esqueceram as origens.

Esqueceram os princípios e valores, as crenças, as tradições. Poucos conservaram os traços culturais e ainda pensam na terra como Pátria, território que abriga a energia dos antepassados. O alvoroço, a barulheira de notícias e informações mal digeridas, a interminável dor de barriga mental, ocupa o espaço/tempo para apreciar e contribuir para a vida comprometida com o sentimento de ser entre semelhantes. A semelhança se reduz a ver o outro como possível predador.

O veneno das abelhas é um potente medicamento, reconhecido e processado por laboratórios americanos, canadenses, franceses, alemães. Pode matar. Mata menos que a infinidade de produtos químicos que lentamente minam a saúde das pessoas e são vendidos livremente nas farmácias – especialmente no Brasil – onde a saúde é tratada como negócio dos mais lucrativos e os medicamentos carregam altos impostos para os cofres do Planalto Central, além de propiciar grandes negócios e gordas comissões para os políticos: na construção de hospitais, na importação de aparelhos de alta tecnologia, nos contratos internacionais com laboratórios farmacêuticos, na desinformação dos consumidores através de artigos e notícias plantadas nos veículos de comunicação.

O veneno das ideologias extermina todas as possibilidades da mente humana na busca de soluções vitais. Impede a liberdade, atrapalha a livre iniciativa. Conduz desde a educação primária ao respeito cego à autoridade. Lembrando Einstein: a exigência fundamental da educação é “a necessidade de liberdade intelectual”. É a liberdade que foi banida de nossas escolas onde se utiliza o “decoreba” para assuntos agradáveis ou necessários. E o “decoreba” leva a conclusões coercitivas sobre temas ditados de modo superficial e unilateral de uma autoridade inimiga da verdade.

As abelhas me ensinaram que predadores externos e internos, colonizadores e oligarcas, administraram este país de modo a juntar boiadas em megalópoles, impedindo a gente de pensar e agir livremente. Continuam explorando as colméias humanas como predadores. Mais sagazes e brutais, menos humanos.

Arlindo Montenegro é Apicultor.

Postado por Alerta Total de Jorge Serrão às 07:00

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