segunda-feira, 21 de julho de 2008

Brasil leva mais chumbo na OMC porque Celso Amorim chamou de nazista a ação de ricos sobre emergentes

Segunda-feira, Julho 21, 2008

Brasil leva mais chumbo na OMC porque Celso Amorim chamou de nazista a ação de ricos sobre emergentes

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Por Jorge Serrão


A falta de diplomacia do chanceler Celso Amorim, que falou uma verdade fora de hora sobre a ação dos países ricos sobre os emergentes, vai prejudicar ainda mais o Brasil no encontro que reúne, a partir de hoje, em Genebra, 35 ministros que tentam salvar do fiasco a Rodada Doha. A negociação na Organização Mundial de Comércio (OMC), que se arrasta há sete anos sem solução, deve se complicar ainda mais, Por causa das palavras de Amorim, os EUA já anteciparam que adotarão uma estratégia para desqualificar a posição do Brasil sobre o comércio global.

No sábado, Amorim acusou os países ricos de orquestrarem uma campanha de desinformação nas negociações da OMC, ao acusarem os emergentes, e o G-20 em particular, de estarem dificultando um acordo para concluir a Rodada de Doha. Amorim atacou o discurso mentiroso dos países ricos, acusando-os de empregar a mesma tática do chefe de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, que dizia que uma mentira contada muitas vezes acaba sendo aceita como verdade.

Ontem, o chanceler brasileiro insistiu que os países ricos estão contando mentiras sobre as negociações da OMC: “O que mantenho é o seguinte: repetir uma distorção faz as pessoas acreditarem que a distorção é uma verdade”. Amorim tentou minimizar o episódio, que causou um mal-estar diplomático: “Eu sinto muito. Quem cobriu política no Brasil sabe que isso é dito milhões de vezes sem ofensa a ninguém. Comecei meus comentários desqualificando o autor. Talvez se eu tivesse dito o mesmo, sem mencionar o autor, o que seria uma espécie de plágio, não haveria reação”.

Em nota, o ministério das Relações Exteriores tenta contornar o incidente: "O ministro Amorim foi suficientemente cuidadoso para desqualificar o autor da frase. Sua única intenção era destacar que, algumas vezes, falsas versões repetidas com frequência podem sobrepor-se aos fatos, e a propaganda pode suplantar a verdade". Oficialmente, o Brasil contesta os argumentos dos Estados Unidos e da União Européia, que afirmam ter feito ofertas generosas no comércio de produtos agrícolas, enquanto os países em desenvolvimento fizeram muito pouco para abrir seus mercados para produtos manufaturados.

O G-20, grupo liderado pelo Brasil, pela primeira vez rejeitou publicamente a tentativa da União Européia, Japão, Suíça e outros países de criar novas cotas para produtos agrícolas. Na OMC, os EUA vão se confrontar com esta posição. O diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, convocou 30 minutos para uma nova rodada de reuniões em Genebra, Suíça, para tentar alcançar um esboço de um acordo ainda este ano.

Se correr o bicho pega...

A Europa oferece a mínima abertura de seu mercado aos produtos agrícolas brasileiros e exige total acesso ao mercado nacional para seus bens industriais.

Enquanto isso, o governo americano impõe condições para apresentar sua proposta de corte de subsídios agrícolas e quer livre acesso para seus veículos, máquinas e têxteis.

Já o Brasil deixou claro que o "preço da Rodada mudou" e que não vai mais pagar o mesmo que estava disposto há um ano.

Leia o artigo de Arlindo Montenegro: “Apicultor...? Faz sentido...”

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