por Graça Salgueiro em 24 de julho de 2008
Resumo: No Brasil o terrorismo colombiano nunca foi tratado pela mídia com a seriedade devida, e nas pautas dos jornais o tema FARC esgotou-se com a libertação dos 15 reféns, no último 2 de julho. Este tema, entretanto, está longe de acabar e não se resume apenas às FARC.
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Aqui no Brasil o terrorismo colombiano nunca foi tratado pela mídia com a seriedade devida, e nas pautas dos jornais o tema FARC esgotou-se com a libertação dos 15 reféns, no último 2 de julho, como se isto encerrasse o assunto de uma guerra que já ultrapassa quatro décadas. Este tema, entretanto, está longe de acabar e não se resume apenas às FARC. Diariamente encontro informes nos sites do Ministério da Defesa e do Comando das Forças Militares colombianas sobre baixas, capturas, deserções e desmobilizações voluntárias de guerrilheiros das FARC, ELN e bandos menores, além da desarticulação de bombas, minas anti-pessoa, apreensão de armamentos, material bélico e de comunicação, laboratórios de processamento de pasta base de coca e toneladas desta droga destruídos ou confiscados pelas Forças Militares, mais de 2.400 crianças libertadas das fileiras guerrilheiras. É um trabalho incessante, abnegado, silencioso.
Entre 2000 e 2007 o ELN seqüestrou 3.293 pessoas e mantém ainda em cativeiro 240. A maioria de suas vítimas são pequenos produtores cujo fim é essencialmente a extorsão pela cobrança de resgate. O presidente Uribe tem sido duro com relação a este bando e as Forças Militares têm agido com rigor em sua perseguição. No dia 15 pp., foi abatido em combate o segundo cabeça e chefe de finanças da frente “Heróis e Mártires de Anori”, condinome “Samir”, que era responsável pela cobrança do “imposto” aos produtores e pela comercialização da pasta base de coca. Essas notícias, entretanto, não saem nos nossos jornais. E ainda há quem alardeie que a nossa imprensa é vigilante e presta relevantes informações com o jornalismo investigativo...
Durante o período em que Ingrid Betancourt esteve refém das FARC iniciou-se uma campanha mundial pela sua libertação como se ela fosse um “ícone do martírio”, mas muito dessa história foi fabricada para pressionar Uribe e para desmerecer o Governo e a excelência do trabalho da Inteligência e Forças Armadas colombianas. Quando ocorreu o seqüestro, em fevereiro de 2002, esta senhora, então candidata à presidência da Colômbia por um partido “ecologista”, tinha míseros 2% de intenção de votos e seria apenas mais um número nas estatísticas macabras do narco-terrorismo não fossem os bons ofícios de Dominique de Villepin, então chanceler da França. Em julho de 2003 Villepin, que fora amante das irmãs Ingrid e Astrid na época em que estudaram na França, armou uma desastrosa operação de resgate que foi abortada quando o avião teve que aterrisar em Manaus e descobriu-se que não carregava remédios e médicos mas militares. Posteriormente, em 2005, um emissário francês reuniu-se cinco vezes com as FARC nas selvas da Colômbia sem informar ao governo colombiano, causando muito desconforto na diplomacia dos dois países.
Com todo este interesse da França pela libertação de Ingrid, as FARC perceberam que ela tornara-se “a jóia da coroa” e que daí poderiam extrair grandes lucros. Ao mesmo tempo, discretamente foi-se construindo o “mito Ingrid” e colaboradores dos terroristas, como Chávez e Piedad Córdoba – e posteriormente os outros membros do Foro de São Paulo do qual as FARC são membros -, uniram-se às pressões, não para que as FARC a libertassem sem condições, mas para que Uribe cedesse às chantagens de desmilitarizar os estados de Pradera e Florida.
Inteligentemente Uribe não cedeu nem deu trégua aos combates, até que em meados do ano passado o presidente Sarkozy, a pedido de Villepin, resolveu também participar da farsa. Pediu ao presidente Uribe que libertasse unilateralmente Rodrigo Granda (membro do Secretariado das FARC) como prova de boa-vontade no processo de paz da Colômbia. Em troca as FARC não libertaram nenhum refém, tampouco pararam com o terror. O policial John Frank Pinchao, que conseguiu fugir do cativeiro, informou as condições sub-humanas em que vivem os seqüestrados fazendo um relato comovente, inclusive citando o uso de correntes nos presos para que não fugissem, apresentando a sua própria.
Em dezembro as FARC liberaram imagens e fotos de uma Ingrid debilitada e a partir desta foto “construiu-se” a história de que ela padecia de Hepatite B, Leishmaniosis e que “poderia morrer” caso não fosse libertada com urgência. A segunda parte do plano elaborado pelas FARC, Chávez e apoiado pelos filhos de Ingrid e dona Pulecio, era destruir a imagem de Uribe rotulando-o de “desumano” por não ceder aos apelos “humanitários” das FARC. Entretanto, a foto que a tornou famosa por sua “resistência ao martírio” fora tirada em outubro de 2007; seu marido declarou estranhar as doenças que diziam padecer sua mulher uma vez que ela havia se vacinado em 2001 contra malária e outras enfermidades; as correntes eram postas apenas à noite e só passaram a ser usadas depois da tentativa de fuga de Ingrid, ou seja: não foram 6 anos ininterruptos acorrentada pelo pescoço como se dizia.
Com relação às “doenças”, segundo o cabo William Pérez que foi seu enfermeiro no cativeiro, Ingrid padecia de depressão. Diz ele: “Ela estava muito fraca e tive que lhe dar muito soro, alimentá-la com cuidado porque não podia comer nada; tudo que comia vomitava”. E acrescenta: “Nas provas de sobrevivência que vocês viram e que escandalizaram o mundo, ela já demonstrava sinais de melhora; imaginem como ela chegou a ficar!”. Quer dizer, quando se falava na iminência de morte ela já estava praticamente recuperada e 9 meses depois, quando foi libertada, é natural que tivesse recobrado a aparência que todos viram no dia do resgate! Quanto à Hepatite B, o hospital francês que fez o checkup negou a existência ou resquício de tal enfermidade, acrescentando que seu estado de saúde era bom.
Esta senhora, que sempre foi de esquerda, agora cospe no prato que comeu e dá as costas ao povo que de fato lutou por sua libertação, pois menos de 24 horas depois da “Operação Xeque” embarcava no avião presidencial de Sarkozy rumo à França, onde se encontra até hoje. Lá, não tem poupado agradecimentos ao governo e povo francês por sua libertação, o que tem causado imensa decepção nos colombianos e nos militares que se arriscaram para salvá-la. Se havia alguma pretensão de nova candidatura presidencial, Ingrid acaba de dar um tiro no próprio pé com suas críticas a Uribe, com sua condescendência para com seus verdugos e com esta traição a quem realmente fez tudo por sua libertação.
O ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, disse em entrevista no início do mês que a idéia do terceiro mandato não é do presidente Uribe mas que ele não a refuta. O medo que paira entre seus colaboradores é que Uribe não concorrendo, seja eleito alguém que não continue este combate tão exitoso contra os bandos terroristas e se instale, como no resto do continente, um governo comunista. Nas pesquisas de opinião Uribe subiu de 87% para 92%, e 74% apóia o terceiro mandato porque o povo colombiano não quer FARC, não quer terrorismos e rechaça a idéia de apoiá-los “com palavras amorosas”. Segundo o ministro Santos, se as FARC não se renderem por bem, vão receber todo o peso da pressão militar. Se até 2010 Uribe conseguir destruir as FARC e o ELN, ótimo; mas se não, quem conseguirá?
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