sábado, 2 de maio de 2009

Declan Ganley e o Libertas: resistência à proto-ditadura européia

Mídia Sem Máscara

A tartaruga dos socialistas fabianos de Bruxelas e da ONU pode até ser lenta, mas é pesada, teimosa, e pouco disfarça seu modus operandi autoritário.

Que a União Européia é o modelo maior de estado supra-nacional que, aos poucos vai corroendo toda a autonomia política, jurídica, econômica, militar e mesmo cultural dos países que a ela se inserem, só ainda não vê quem não quer. Mas a resistência a essa proto-ditadura também já adquire contornos pan-europeus. E um dos fatos mais visíveis nesse sentido é a atuação do empresário irlandês Declan Ganley, fundador e líder do movimento Libertas, um dos principais responsáveis pela vitória na “campanha do não” na Irlanda em junho passado, no único país europeu em que a opinião do povo foi levada em conta, por meio de referendo, no que tange à adesão ao Tratado de Lisboa, que confere ainda mais poder à Comunidade Européia sobre os países membros.

Quase nada se falou, nem mesmo nos meios conservadores, sobre Declan Ganley até agora. Como jornalista, considero muito alta a possibilidade de que seu nome fique conhecido em âmbito mundial por meio da caricatura e do factóide, já que ele é, sim, uma pedra no sapato das hordas “globalitárias”. Por isso, é bom passar algumas informações sobre Ganley, o Libertas e o porquê de sua relevância na esfera política mundial, antes que a desinformatsia da New World Order o faça.

Declan James Ganley tem 40 anos e é presidente da Rivada Networks, empresa de telecomunicações que fez amplos investimentos no leste europeu. Tem experiência em gestão de grandes projetos públicos nas áreas de economia, segurança, tecnologia e assuntos estratégicos, tendo atuado em países como Letônia, Rússia e nos Estados Unidos, onde foi premiado por seu auxílio à restauração das redes de segurança pública no estado de Louisiana. Mas, ao contrário dos típicos empresários brasileiros, que, estupidificados, se inflam de “culpa burguesa” e logo passam a papagaiar os slogans de vigaristas da “responsabilidade social” como Oded Grajew, Ganley tem uma visão muito clara dos rumos políticos que o mundo tomará se as pessoas que amam a liberdade e ainda dela desfrutam não se posicionarem. Fundou o primeiro movimento político pan-europeu, o Libertas, que denuncia a falta de transparência, a natureza antidemocrática e desrespeito pelos interesses dos países que integram a União Européia.

À frente do Libertas, Ganley ficou conhecido como “Mr. No”, “Senhor Não”, durante a campanha sobre o Tratado de Lisboa, mobilizando ativistas em toda a Irlanda que se valeram de cartazes, panfletos e helicópteros para denunciar o autoritarismo e os equívocos nas medidas econômicas presentes no documento que vale como uma nova Constituição Européia. Como o próprio premier irlandês Brian Cowe admitiu não ter lido na ocasião o Tratado na íntegra, Ganley se posicionou perante a população como “o homem que leu o tratado”. Mesmo admitindo não ser contrário à integração do bloco, no site do Libertas a mensagem é clara:

O outrora honesto e inclusivo governo da União tornou-se irresponsável, sombrio e antidemocrático. Os Tratados propostos recentemente iriam alargar o fosso entre as elites governantes de Bruxelas e o povo Europeu. E lamentavelmente quando esses tratados foram rejeitados pelo povo Francês, Holandês e Irlandês, a vontade democrática do povo foi ignorada.

Como pode se ver, lá, como cá, quando se trata dos interesses dos globalistas e da burocracia assentada em Bruxelas – como legalização do aborto, eutanásia, desarmamento, intrusões nas liberdades individuais, etc. – todo sim é definitivo e torna-se cláusula pétrea na legislação, e todo não é provisório. Deve ser driblado ou contestado por meio de novo referendo, dois ou três anos depois. Vale lembrar que o Tratado de Lisboa foi submetido a referendo na Irlanda três anos após o colapso da Constituição da UE. A tartaruga dos socialistas fabianos de Bruxelas e da ONU pode até ser lenta, mas é pesada, teimosa, e pouco disfarça seu modus operandi autoritário.

À época do referendo irlandês, Mario Vargas Llosa alertou que a cada derrota dos eurófilos, novas medidas de centralização de poder são tomadas, sem levar em conta a preocupação dos cidadãos com o aumento da burocracia européia e que uma Carta de Direitos significativa não poderia surgir e ter legitimidade num contexto desses. É nessa tecla que o Libertas toca, e com isso obtém cada vez mais atenção, passando a ser visto como uma alternativa viável para as eleições para o Parlamento Europeu, que serão em junho, com o movimento lançando candidatos por todo o Velho Continente.

Neste dia 1o de maio, acontece a primeira convenção do Libertas, Roma, com a presença e apoio de Lech Walesa, que já declarou que o Libertas tem potencial para fazer a Europa mudar para melhor. A repercussão vai aumentar, e as notícias chegarão. Provavelmente tortas. Mas vale a pena aguardar.

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Edson Camargo, jornalista, é editor-executivo do MSM.

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