por Heitor De Paola em 27 de maio de 2008
Resumo: A soberania brasileira está reduzida a quê? Ou melhor, o Brasil ainda é um país soberano?
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Quem lembra (...) quando os próceres petistas, (que então se mostravam) pseudo-nacionalistas, denunciavam a “internacionalização” da Amazônia como obra de milicos corruptos aliados a americanos espertos?
Na época do segundo artigo a Embrapa-Acre publicava um texto da JICA - Japan International Cooperation Agency (JICA Procura Iniciativas Promissoras na Amazônia), no qual dizia que “Os japoneses estão interessados em financiar e dar apoio técnico a iniciativas, públicas ou de organizações não-governamentais, que levem à conservação de florestas tropicais e melhoria da qualidade de vida da população amazônica”, e informava que “a missão japonesa manteve encontros em vários ministérios” e estudou “sistemas agroflorestais e agroindústria de alimentos a partir do cupuaçu, pupunha e açaí”, e também “oportunidades de parceria em projetos de plantas medicinais (desenvolvimento de processos e protótipos), subprodutos de castanha-do-brasil e manejo florestal (produção de sementes, estudos de novas espécies, adaptação de equipamentos e design de móveis em escala comercial)”.
Dizia eu ainda: “A estratégia tipicamente leninista de acusar inexistentes projetos americanos de invadir a Amazônia tem funcionado tão bem que civis e militares genuinamente nacionalistas e patriotas têm-se deixado cegar pela verdadeira internacionalização já (em 2003) em curso avançado! A cortina de fumaça leninista serve para acobertar a verdadeira e única ameaça de internacionalização, aquela comandada pela ONU, pelos liberals americanos do Partido Democrata – leia-se Carters, Clintons, Hillarys e John e Thereza Heinz Kerry – e por várias ONG’s européias entre as quais algumas financiadas pelos interesses dos grupos econômicos mais poderosos da Inglaterra, através do Príncipe Charles, como a World Wildlife e o Greenpeace, o Royal Botanic Garden e a Conservation International (http://www.conservation.org.br/onde/)”.
Já então era fato notório que a região estava loteada entre inúmeras ONG’s, mas desde então o número delas aumentou exponencialmente. Cito somente algumas: o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), intimamente ligado à Comissão Pastoral da Terra através da qual existem conexões com o MST e organismos internacionais como as FARC, a Via Campesina, a Indiana Navdanya Farmers Network and the Research Foundation on Science, Technology, and Ecology [1], dirigida pela Drª. Vandana Shiva; Nayakrishi Andolon (New Agricultural Movement) de Bangladesh; a organização suíça E-Changer [2], CCPY - Comissão Pró-Yanomami; Secoya - Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami; Opan - Operação Amazônia Nativa [3]; Cafod - Catholic Agency for Overseas Development [4], CESE - Coalition for Excellence in Science Education [5] - da Packard Foundation; COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira [6], OXFAM - Oxford Committee for Famine Relief [7], Rainforest Foundation [8], Survival International [9]. O site do Conselho Indígena de Roraima - CIR cita várias outras [10].
Listá-las todas é um trabalho hercúleo que já estou tentando (já registrei mais de cinqüenta) e oportunamente divulgarei [11]. O resultado é que nossa fronteira, do Mato Grosso ao Amapá (Ver Mapa abaixo) é uma verdadeira peneira com mais buracos do que fios. Desde o fim dos governos militares só fizeram aumentar os furos de tal modo que, de acordo com algumas estimativas, em breve poderemos ter a “declaração de independência” de mais de 200 “nações” indígenas que solicitariam – e certamente obteriam – reconhecimento por parta da OEA [12], da ONU, da Comunidade Européia e das casas reais européias. Essas ONG’s estão em íntimo contato com a ONU, com a qual possuem uma relação simbiótica, participando ativamente de reuniões como o “Fórum Permanente da ONU para Assuntos Indígenas” onde, na reunião deste ano (21 de abril a 03 de maio) integrantes da COIAB denunciaram a situação em Raposa Serra do Sol.
Quando as fronteiras estão assim arrasadas e quando Governadores, Parlamentares [13] e empresários brasileiros acorrem à Clarence House para de forma abjeta e degradante consultar o Príncipe Charles sobre o quê fazer com a Amazônia (ver em http://www.amazonia.org.br/english/noticias/noticia.cfm?id=268606), cabe a pergunta: a soberania brasileira está reduzida a quê? Ou melhor, ainda somos um país soberano? Será que ainda cabe perguntar se é possível salvar nossas fronteiras, ou se deve ser substituída por: será que ainda há tempo de retomá-las, expulsando todas as ONG’s e fazendo cumprir o Artigo 142 da Constituição do Brasil?
[1] www.navdanya.org
[2] http://www.humanitaire.ws/rubriques/rubriqueayainfo.php
[3] http://www.opan.org.br/opan_default.asp
[6] http://www.coiab.com.br/index.php
[7] http://www.oxfam.org/en/about/who/
[8] http://www.rainforestfoundation.org/
[9] http://www.survival-international.org/
[11] Sem falar nas ONG’s paganistas e satanistas que se interessam em estudar a “cultura” e as crenças “religiosas” dos povos da floresta.
[12] Cuja Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Capítulo VI do Relatório de 29/09/1997 http://www.cidh.org/countryrep/brazil-port/Cap%206.htm foi um dos fatores desencadeantes da política indígena brasileira.
[13] Ana Júlia Carepa, do Pará; Waldez Góes, do Amapá; e José de Anchieta Júnior, de Roraima. O Acre e o Amazonas foram representados pelos senadores Tião Viana (PT) e Arthur Virgílio (PSDB).
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