quinta-feira, 29 de maio de 2008

Golpe de mestre

por Ipojuca Pontes em 28 de maio de 2008

Resumo: A promoção da tensão racial, a internacionalização da Amazônia e a “socialização” da riqueza nacional, através do aumento da carga tributária sobre a classe média e setores produtivos da sociedade, são úteis aos objetivos do Foro de São Paulo no Brasil.

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O jornal “Valor Econômico”, na sua edição de 6 de maio último, oferece uma oportuna visão de como evoluiu em seis anos todo um processo de desinformação nas relações de “cooperação diplomática” entre Brasil e Estados Unidos, e que deu margem, pela soma de embustes propositadamente acumulados, a escalada do poder comunista em doze países da América Latina. O emaranhado de informações falsas que permitiram o avanço vermelho na região está contido num informe enviado por Washington à embaixada americana no Brasil, do qual o jornal obteve uma cópia.

Entre outras preciosidades, o texto encabeçado pelo título “Lula ofereceu ajuda aos EUA para deter Chávez”, informa que o presidente-operário, diante da desconfiança dos americanos quanto à instabilidade latino-americana, afirmou à secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que estava disposto “a usar sua influência na América Latina para exercer um papel moderador na região”. Assim, no inicio de 2005, Lula se ofereceu ao governo Bush como um “interlocutor” capaz de conter as ambições do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e as tensões sociais que começavam a se manifestar na Bolívia. Uma proposta oportuna, mas inteiramente falsa, para um Bush atolado até os ossos no combate ao terrorismo e nas guerras do Afeganistão e do Iraque.

Segundo registra “Valor Econômico”, o agente da mensagem de Lula foi o seu então chefe da Casa Civil, Zé Dirceu que, ante a inquietação da Casa Branca em face da ameaça desestabilizadora que Chávez representava, garantiu à secretária de Estado americana que o presidente brasileiro já tinha chamado às falas o coronel venezuelano, aconselhando-o a moderar sua retórica. Parece cômico se não fosse deslavada mentira: Lula, expressão grave, teria advertido a um Chávez submisso que ele “estava brincando com arma carregada”.

No encontro mantido com Condoleezza Rice, em Washington, o ex-guerrilheiro petista vinculado à DGI cubana (o serviço de espionagem de Fidel Castro) não teve a menor pudor em armar o seu enganoso Cavalo de Tróia diplomático. Indagado sobre as relações do presidente da Venezuela com as FARC, Dirceu assegurou, na maior cara-de-pau, que o Brasil não acreditava que a Venezuela de Hugo Chávez desse qualquer tipo de ajuda aos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, como desconfiava o governo norte-americano. O coronel tinha seus limites, conjeturou. Quanto ao caso da Bolívia, em vias de ser tomada pelo cocalero radical Evo Morales, o ex-chefe da Casa Civil de Lula garantiu que não havia porque o governo Bush se preocupar, visto que o Brasil “mantinha a situação sob controle”.

A farsa montada por Lula nas suas relações com o governo Bush é coisa antiga. Já em 2002, antes de chegar à presidência, ele entrevistou-se com a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrink, quando, em tom de promessa, assegurou-lhe que não “haveria surpresa” no campo da política externa, visto que o seu governo não teria nenhum ranço “ideológico”. Para lograr os americanos na base da conversa do joão-sem-braço, o presidente-operário, voltando-se para o affair da ditadura cubana, pediu a embaixadora (e, por extensão, ao governo americano) que não interpretasse seu apreço pessoal por Fidel Castro como um sinal de aprovação ao regime da ilha caribenha, admitindo que não havia “liberdade em Cuba”.

Em 2004, numa viagem que fez aos EUA em busca de investimentos, Lula entrevistou-se em New York com o secretário do Tesouro americano, John Snow e, pedindo apoio para enfrentar “grandes desafios” e “honrar as dívidas do país”, voltou a afiançar que o Brasil, sob a sua liderança, seria “uma força pela estabilidade e pela democracia na região”.

Mas, de fato, a coisa não era bem assim. Por debaixo do pano, o sindicalista-presidente simplesmente articulava a ação subversiva de um novo “eixo do mal”, consubstanciado no projeto intempestivo do Foro de São Paulo, uma frente ampla do comunismo refratário à democracia criado pelo próprio Lula e Fidel Castro, com o objetivo de “recriar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu”. Em reuniões periódicas, enquanto o novo astro levava a Casa Branca no bico, o famigerado Foro urdia no continente o avanço do antiamericanismo explícito, com a máquina partidária do PT aparelhando ideologicamente o Estado, corrompendo as eleições e, por fim, usando as brechas da democracia contra a própria democracia.

Reunido neste final de maio em Montevidéu, onde realizou o seu XIV Encontro, o Foro de São Paulo, ao tempo em que festejou o desempenho comunista, tratou de estabelecer as metas do assalto definitivo à democracia representativa na América Latina. Entre as resoluções articuladas para os próximos dois anos, o Foro elegeu como prioritária a derrubada do presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, e de Alan García à frente do governo do Peru, além de planejar uma ofensiva contra o referendo de Santa Cruz, que pretende livrar a Bolívia do radicalismo furibundo de Evo Cocales.

Para assegurar a permanência definitiva do poder vermelho, o Foro trata de criar uma “Organização de Estados Latino-Americanos”, que “exclua os Estados Unidos e inclua Cuba” no arranjo continental, além de apressar a completa tomada da Organização dos Estados Americanos (OEA), hoje sob o comando do comunista José Miguel Insulza.

No Brasil, por sua vez, o ditame do Foro é intensificar a política de cotas raciais nas universidades, agenciadora da desagregação social entre brasileiros; impor a internacionalização da Amazônia a partir da autonomia dos territórios indígenas hoje governados por 100 mil ONGs estrangeiras; e avançar na “socialização” da riqueza nacional fundamentada no aumento da carga tributária sobre a classe média e setores produtivos da sociedade.

Tudo isto, claro, sob a égide de uma máquina burocrática altamente partidarizada e onipotente.

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