Sábado, Maio 17, 2008
Entre Santos e Demônios, o Desastre
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Por Márcio Accioly
No Brasil, como se sabe, as pessoas de uma forma geral conhecem tudo de tudo, principalmente no serviço público. Se o presidente da República (ele próprio um especialista em qualquer matéria) chamar um dos 513 deputados federais ou dos 81 senadores, para assumir qualquer função, o escolhido irá aceitar.
Tem sido assim desde a chegada da Corte Portuguesa (na vinda de D. João VI, O Imundo, 1808), até os dias de hoje; e até bem antes daquela data. Sem contar a roubalheira, claro, com muitos enriquecendo a olhos vistos, sem que a Receita Federal, Ministério Público, Justiça, ou Polícia (ou quem quer que seja), consiga brecar.
A gestão petista, iniciada com a sagração de Dom Luiz Inácio (PT-SP), nada mais é do que a continuação da bandalheira acontecida na “administração” do sociólogo Boca de Tuba, FHC (1995-2003). Sem contar que os mesmos nomes vão girando e atuando em todas as posições, com uma competência de doer na raiz.
Por exemplo: o ex-ministro da Previdência de FHC, Reinhold Stephanes, é agora ministro da Agricultura do PT. O ex-ministro da Justiça daquela então excelência, Nelson Jobim, é o atual ministro da Defesa que de vez em quando se exibe metido numa farda de general quatro estrelas, desmoralizando códigos e regras.
O atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que viajou recentemente com Dom Luiz Inácio para o Piauí (atrás de sobras da popularidade de sua excelência), foi ministro do Planejamento de FHC e também ministro da Saúde. Se o chamarem para qualquer outra função, seguramente sentir-se-á qualificado.
De maneira que já não se sabe mais dizer se o povo é que está mal acostumado, além de indiferente para inacreditáveis acontecimentos no país da galhofa, ou se nossos dirigentes são verdadeiramente geniais, com alguns invejosos que os acusam injustamente de salafrários.
O episódio de substituição da ministra Marina Silva (PT-AC), no Ministério do Meio Ambiente, deu bem uma mostra do ridículo de certas situações. O próprio indicado a assumir o cargo, Carlos Minc (PV), fez as vezes de sacripanta.
Secretário de Meio-Ambiente do “governo” (governo?) Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Minc se encontrava em Paris quando lhe foi comunicado que seria convidado a substituir Marina Silva. Qual a reação de sua excelência?
Disse que tinha senso crítico suficiente para saber não estar à altura da função. E pontuou claramente: “-O Rio de Janeiro eu conheço muito bem, o Brasil eu conheço muito mal”.
E como não acreditava mesmo que seria convidado, tratou de falar mal do governador Blairo Maggi (PR-MT), um dos principais aliados do presidente da República. Desceu a lenha no lombo do governador que é um dos maiores plantadores de soja do Brasil, acusado de desmatar de forma indiscriminada.
Um dos fundadores do Partido Verde, mas atualmente no PT, Carlos Minc é deputado estadual já por seis mandatos consecutivos. Depois que viu que era mesmo pra valer, sua ida para o Meio Ambiente, tratou de ficar quietinho na escuta, tal qual canário na muda, e agora o dito deverá ficar por não dito e tudo irá se acomodar como desejado.
Não vamos nem falar em falta de vergonha, pois não se deve reclamar de uma coisa que muitos nem sabem dizer se existe. Fosse assim, Mangabeira Unger não faria parte da equipe do presidente da República, depois de apontar essa gestão como a mais corrupta da história nacional.
Cada qual só dá o que tem. Por isso que a população só recebe rebotalhos.
Márcio Accioly é Jornalista.
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