quarta-feira, 18 de junho de 2008

Efeito Corretivo

Terça-feira, Junho 17, 2008

Alerta Total

Efeito Corretivo

Foi o tenente do Exército Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, de 25 anos, quem idealizou e comandou a entrega de três jovens do Morro da Providência, no Centro, a traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi.

Em depoimento à Polícia, o oficial admitiu ter ameaçado escrever as iniciais da facção que controla o tráfico na Providência nas testas dos detidos, antes de deixá-los na outra favela, dominada por uma quadrilha rival.

O delegado Ricardo Dominguez, da 4ª DP (Central), e a promotora Márcia Velasco, responsáveis pelo pedido de prisão do grupo, admitiram a surpresa com o fato de os militares não terem demonstrado arrependimento com o desfecho da história, na qual sabiam que os jovens seriam mortos.

Ordem descumprida

De acordo com os depoimentos dos militares, o oficial ficou indignado com a decisão do capitão de serviço, que mandou liberar os jovens no sábado.

Ao sair da 111ª Companhia de Apoio de Material Bélico, no Santo Cristo, o tenente perguntou aos subordinados se havia nas proximidades um morro dominado por traficantes rivais.

Segundo os militares, a idéia do oficial era aplicar um "corretivo" nos três jovens.

Nos depoimentos, os envolvidos dizem que um sargento, morador do Morro do Turano, no Rio Comprido (onde o tráfico é comandado pela mesma facção da Providência), sugeriu levar o grupo para a Mineira.

Ao chegar à favela, o sargento Maia Bueno, de 29 anos, desceu do caminhão e seguiu com as mãos para o alto até os traficantes, onde teria pedido que os jovens recebessem um castigo por terem desacatado os militares.

Os militares indiciados

Onze militares do Exército foram indiciados por triplo homicídio.

Eles são acusados de ter seqüestrado e entregado três jovens da Providência a traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi.

Todos estão presos administrativamente:

VINÍCIUS GHIDETTI DE MORAES ANDRADE, de 25 anos: Tenente
LEANDRO MAIA BUENO, de 24: Sargento
JOSÉ RICARDO RODRIGUES DE ARAÚJO: Soldado
BRUNO EDUARDO DE FREITAS: Soldado
RENATO DE OLIVEIRA ALVES, de 22: Soldado
JÚLIO ALMEIDA, de 22: Soldado
RAFAEL CUNHA DA COSTA SÁ, de 21: Soldado
SIDNEY DE OLIVEIRA BARROS, de 21: Soldado
FABIANO ELOI DOS SANTOS, de 22: Soldado
SAMUEL DE SOUZA OLIVEIRA: Soldado
EDUARDO PEREIRA DE OLIVEIRA, de 24: Soldado

Pegou pesado...

O governador Sérgio Cabral chamou de “marginais” os militares que teriam entregado três jovens do Morro da Previdência para traficantes de uma facção criminosa do Morro da Mineira, na manhã de sábado:

“A Polícia Civil atuou com firmeza no caso desses 11 marginais que não honraram a farda do Exército Brasileiro. Eles estão apenas travestidos com a farda, portanto devem ser tratados como criminosos”.

A declaração foi feita ontem em Berlim, onde o governador está em missão oficial.
Apesar do problema, o governador afirmou que o Exército é uma instituição honrada que merece todo o apreço do povo.

Politizando o caso

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, aproveitou o episódio para considerar “inadmissível que os militares sejam utilizados como seguranças num projeto eleitoreiro de um candidato a prefeito”:

“O episódio demonstra claramente por que não se deve atribuir às Forças Armadas o papel da polícia de zelar pela segurança pública da cidade. Esta é uma competência do estado que está sendo desvirtuada, porque o Exército não é treinado para essa função”.

A presença de soldados do Exército no Morro da Providência foi justificada como uma forma de dar segurança aos trabalhadores do projeto Cimento Social, fruto de emenda do senador Marcelo Crivella (PRB), pré-candidato a prefeito do Rio. Crivella é do mesmo partido do vice-presidente José Alencar, que já ocupou o cargo de Ministro da Defesa no primeiro governo do presidente Lula.

Exército na defensiva

Em nota distribuída ontem, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou que "repudia, veementemente, qualquer desvio de conduta e qualquer ação fora da legalidade praticada por seus integrantes, inclusive no desenvolvimento de operações de segurança na área abrangida pelo acordo de cooperação firmado entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa, por intermédio do comando do Exército, no contexto do projeto Cimento Social".

Na mesma nota, o Exército informou que "permanecerá realizando a segurança do pessoal, material e equipamentos empregados nas obras do Projeto Cimento Social, no Morro da Providência".

O projeto consiste na reforma de 780 casas e recebeu R$ 12 milhões do Ministério das Cidades.

Mais chumbo contra o EB

O Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe) quer que o chefão Lula da Silva interfira pessoalmente para libertar o sargento Laci Araújo, preso pelo Exército e acusado de deserção por ter se ausentado do trabalho por oito dias.

Ariel de Castro Alves, advogado do Condepe, órgão ligado ao governo paulista, afirmou que se reuniu com o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi. Alves, e pediu a interferência do governo para soltar Araújo:

“O chefe maior do Exército é o presidente. Queremos a colaboração dele para pôr fim a essa arbitrariedade”.

Guerra psicológica

O advogado afirmou que as justificativas do Exército para prender o casal de sargentos são "pretextos para encobrir o preconceito, a discriminação e a homofobia".

A prisão ocorreu depois que Araújo e o também sargento Fernando Alcântara Figueiredo declararam ser homossexuais e que mantêm desde 1997 uma relação estável.

Na sexta-feira, o sargento Figueiredo também foi preso por 8 dias e o Exército disse que ele infringiu normas.

Caso a estourar

Está prestes a estourar na mídia uma nova denúncia de suposta opressão do EB a um membro homossexual.

Um Major do Exército teria sofrido punição porque compareceu à Parada Gay, em São Paulo.

O militar ameaça “sair mesmo do armário”, caso sua punição não seja revista...

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