domingo, 22 de junho de 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado - IV

Domingo, Junho 22, 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado - IV

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Por Jorge Serrão

O Brasil deveria mudar de nome. Deveria se chamar “Grampolândia”. Aqui corre solto esquema de escutas telefônicas ilegais ou de interceptação de conteúdos de e-mails. Muitas vezes, com a inocência ou a leniência da Justiça. A liberdade individual e o direito básico à privacidade são sistematicamente violados. Tudo isso é uma conseqüência da ação direta do Governo Ideológico do Crime Organizado. O sistema descobriu como usar a violência, de forma legitimada, para coagir, psicossocialmente, os cidadãos.

O leitor Eraldo Ângelo foi de precisão cirúrgica em seu comentário, durante uma postagem recente do Alerta Total: “Esta é uma tendência global - o Estado Policial - E não haverá como fugir. São grampos e mais grampos, câmeras, leitores óticos, sensores térmicos, chips e por aí afora. Ninguém escapará. Só a elite. Aliás, as elites se tornarão cada vez mais elites, poderosas e coesas, com domínio absoluto da plutocracia, e o povão, coitado, cada vez mais povinho”.

O método da “perguntinha idiota” nos ajuda a compreender o que se passa na Grampolândia Tupiniquim. Responda se puder: De que forma o aparelho repressivo do Estado (polícias, sistemas ditos de inteligência e afins) consegue autorização da Justiça para grampear telefones ou e-mails, sem saber, com precisão, o número do CPF ou o número do telefone de quem está sendo “interceptado”? Responda, novamente, se for capaz: Como o “bisbilhoteiro” oficial sabe que a voz de uma conversa pertence a fulano ou beltrano que eventualmente converse com o alvo do grampo?

Ou seja, a Justiça é ludibriada, na boa fé, quando concede autorização para uma escuta ou interceptação. Os grampeadores oficiais fazem o que bem entendem. Mas os grampeadores não-estatais fazem pior ainda. Grandes empresas de investigação – as melhores delas são transnacionais – empregam a mais alta tecnologia para bisbilhotar a vida alheia. Evidentemente, tais empresas são bem pagas para tal missão. E o poder estatal, dominado pelo crime organizado, é conivente com elas. Até porque, mesmo que quisesse, não tem como competir com elas em estratégia e tecnologia de ponta.

Os grampeadores profissionais usam os modernos sistemas ACME Packet (norte-americano) e Huwei (chinês com tecnologia canadense) para escutar a vida alheia. Mesmo sabendo disso, tem otário que ainda insiste em falar coisas importantes pelo telefone. Dá para supor que um político, que esteja no erro, fale coisas importantes no celular (mesmo trocando de chips a cada momento, como eles fazem)? As escutas obtidas em recentes operações da Polícia Federal confirmam que sim!

Por que tudo isso acontece? Elementar, meu caro Watson! O Estado Policialesco é filho bastardo do processo de Globalitarismo. O quadro se agrava institucionalmente em todo o mundo. A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma lei que legaliza o grampo de cidadãos norte-americanos. A medida deve ser confirmada esta semana pelo Senado. Na quinta-feira, o parlamento da Suécia também aprovou uma lei que permite às autoridades realizarem escutas telefônicas e interceptarem e-mails ou transmissões de sinal de fax. Outros países devem seguir o “belo exemplo”.

No mundo global, a iniciativa das pessoas não é livre. É ditada por condicionantes políticas, econômicas, organizacionais, jurídicas e psicossociais. Por isso, o Estado Policialesco ganha cada vez mais legitimidade para controlar, dominar e manipular. Aplica-se a verdadeira violência - que consiste na aplicação abusiva da força ou vigor contra qualquer coisa ou ente. Violência significa o uso abusivo ou injusto do poder, assim como o uso da força que resulta em ferimentos, sofrimento, tortura ou morte.

Tal sistema ideológico de Controle, Dominação e Manipulação age como se cumprisse o papel divino do “Grande Irmão”. Só que tam modelo parece muito maior que a entidade mítica e ditatorial – o “Big Brother” – do romance “1984”, do inglês George Orwell. Simulando uma retórica fraternal, o dominador se esforça para paternalizar os indivíduos. De preferência, assume a missão de “tomar conta deles”, literalmente. Eis a forma sutil e legitimada de o Estado exercer sua coerção de forma abusiva e até com amparo “legal”, dado pelo Legislativo ou pelo Judiciário.

O modelo consiste em fazer com que a maioria da população acredite que o regime governamental continua baseado uma democracia representativa, no qual as leis são obedecidas. Mas tal noção é fruto de puro jogo de cena político na manipulação do Poder. Na verdade, os políticos passam a fazer e promulgar leis adequadas aos interesses dos “controladores”.

Os cidadãos, que elegem os políticos (por mecanismos de escolhas), têm a ilusão de que eles os representam. Na realidade, os políticos representam seus “controladores”: a Oligarquia Financeira Transnacional que comanda os negócios do mundo, manipulando a política a seu favor.

A ação principal dos controladores globais é a exploração econômica das nações e dos recursos naturais dos seus territórios. Seu objetivo estratégico é a contenção ou o controle das potencialidades sócio-econômicas, políticas e militares das nações. Tudo na medida exata dos interesses transnacionais ou “globais”. Por isso, os poderes globais patrocinam o Governo Ideológico do Crime Organizado.

Para o poder de controle, manipulação e dominação é fundamental a associação, para fins delitivos, entre as classes política e empresarial, membros dos três poderes (Executivo, legislativo e Judiciário) e agentes marginais de toda espécie, com a finalidade de usurpar o poder estatal, praticando o roubo, a corrupção, a violência e o terror.
Ou rompemos com tal estrutura, ou tal estrutura vai romper conosco.

Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://www.alertatotal.blogspot.com e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal

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Alerta Total de Jorge Serrão

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