segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado – III

Domingo, Junho 15, 2008

O Governo Ideológico do Crime Organizado – III

Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://www. alertatotal.blogspot.com

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Por Jorge Serrão

O esquema de Poder Real Mundial é exercido por poderosos grupos econômicos que formam uma Oligarquia Financeira Transnacional. A eles chamamos, resumidamente, de “controladores” ou “Oligarquia”. O objetivo final deles é o Poder – e não apenas o lucro, como muitas vezes fazem parecer. A dissimulação, a desinformação e a contra-informação acerca de seu verdadeiro papel são suas principais táticas.

O controle mundial é exercido por entidades corporativo-financeiro-estatais-transnacionais. O sistema de poder mundial integrado é comandado, diretamente, por seletos grupos de poder cujos membros se espalham, de forma tentacular, por todos esses organismos globais. As ordens são ditadas pelas grandes corporações associadas aos “clubes”.

O dogma dos controladores é a “globalização inevitável”. Sua verdadeira ideologia é a “moeda única”. Sua verdadeira paixão é o “poder pelo poder”. O “globalitarismo” (mistura de Globalização com totalitarismo) vende uma ilusão. Seu consenso virtual se baseia na tese pretensiosa de que tudo que é bom para os grandes conglomerados financeiros ou empresariais é bom para todos.

Como nos ensina o economista Adriano Benayon, no seu clássico livro “Globalização versus Desenvolvimento” (Escrituras, 2005), o sistema nos oferece três sistemas econômicos. As políticas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional criaram a “Economia de Cemitério” – ao suprimir a demanda e inviabilizar a produção. Em seu topo, o sistema também faz crescer a “Economia de Cassino”, com o aumento exponencial dos ativos financeiros, no mundo da especulação. Em sua base, cresce a “Economia Marginal”, da mesquinha subsistência e dos camelôs, e em lugares indefinidos, o crime organizado, a violência de compulsivos e demais desequilibrados.

O marketing da globalização nos vende, em pacotes ideológicos, modos de governar e sistemas políticos exóticos. Eis o motivo pelo qual os grupos de poder global investem no chamado "Socialismo Fabiano". Para tanto o poder mundial criou na Inglaterra, no final do século XIX, a Sociedade Fabiana (Fabian Society), cujos propósitos foram denunciados pelo grande escritor e historiador inglês G.K. Chesterton, no livro “Mestre de Cerimônias” (publicado em 2006, em Buenos Aires, pela Emecé Editores, sem tradução para o português, apenas para o espanhol).

A cínica doutrina é fácil de entender. O que a Oligarquia Financeira Transnacional realmente quer é escravizar a todos nós, sem que nos sintamos “escravos”. O irônico Chesterton nos dá um consolo: “Se ao final sabemos até onde nos guiam a ciência e os governos – evidentemente até um enorme manicômio -, chegaremos lá, com a graça de Deus, em companhia de um humorista”.

A Fabian Society tem seu lado engraçado. É um movimento de socialismo utópico, de perfil altamente elitista. Os socialistas fabianos propõem a expansão das idéias socialistas através de uma paciente e progressiva instilação da ideocracia socialista entre círculos intelectuais de poder.

O termo socialismo fabiano foi inspirado no General romano Fábio, que combateu Anibal e o conteve sem enfrentá-lo, à espera do momento oportuno. Tanto que o símbolo dos fabianos é uma tartaruga. Devagar e sempre é sua estratégia. Afinal, quem sabe o que espera sempre alcança.

O principal desejo propagado pelos fabianos é a necessidade de se implantar um Estado de Bem-Estar Socialista, no qual as pessoas terão imensas oportunidades de escolha. Só que terminarão não escolhendo nada, e ingressando no estágio de apatia que interessa à Oligarquia Transnacional. O negócio é confundir e dividir para dominar. Os controladores lucram administrando os conflitos ideológicos que provocam.

Os “socialistas fabianos” financiam, por debaixo dos panos, as aventuras pretensamente socialistas (na verdade Capitalistas de Estado e intervencionistas) para atenuar eventuais (d)efeitos danosos da ação capitalista que tente a monopólios ou oligopólios.

Na periferia, o objetivo dos fabianos é manter os países do Terceiro Mundo como colônias de exploração integradas. Eles patrocinam grupos como o Foro de São Paulo (balaio de gato que mistura partidos de esquerda com grupos revolucionários radicais ou narcoguerrilheiros na América do Sul e Caribe). Ou financiam, através de suas ONGs e Fundações, os intelectuais de “esquerda” que atuarão nos partidos políticos com discursos contra a “direita” ou os “conservadores”.

A confusão política e ideológica é intencional. Os controladores verificaram o quanto é eficaz bombardear as sociedades (sobretudo as mais desinformadas) com idéias, conceitos, ideologias, ideocracias, regras ou leis “fora do lugar” – na medida em que não são aplicáveis à realidade daquelas sociedades.

Eis a essência do sistema globalitário. Manda quem pode e obedece quem não tem juízo de valor sobre a realidade do poder. Ou se submete quem não tem condições de perceber o “poder das idéias impostas”. As ideologias ou ideocracias cumprem o papel de mecanismos de controle, dominação e manipulação social.

Entenda-se por ideologia "um conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas". O problema não é a ideologia em si. Mas o uso que se faz da ideologia ou das ideologias. Em suma, ideologia é uma tese para defender interesses.

Já as Ideocracias são os modelos ideológicos aplicados na prática para a conquista e manutenção do poder. As ideocracias querem o Poder – que é uma concentração de forças e energias para concretizar um determinado objetivo. “O Poder é a máquina que movimenta a História” – como bem define um dos papas do marketing político brasileiro Gaudêncio Torquato.

Os ideocratas são os promotores dos chamados “pensamentos únicos” ou “unificantes”. Junto com tantas outras utopias, as ideocracias e suas ideologias cumprem a função tática de padronizar o raciocínio das pessoas para controlá-las, dominá-las ou manipulá-las.

São “pensamentos únicos” ou “unificantes”: a Globalização ou neoliberalismo; os Socialismos ou comunismo; os Neonazismos ou fascismos; os Fundamentalismos religiosos e os dogmas radicais de toda espécie. Os “ismos” só servem para criar divisões e conflitos artificiais que facilitam as estratégias de controle, manipulação e dominação das sociedades – sobretudo as mais subdesenvolvidas e ignorantes.

Pelo visto, as cúpulas das chamadas “esquerdas” são manobradas de forma idêntica às chamadas “direitas”, em nome de interesses maiores dos “negócios” mundiais. Neste processo, as ideologias são simples instrumentos de dominação. Os ideocratas fazem de otários o resto dos militantes ideológicos, que se transformam em agentes conscientes ou inconscientes no trabalho para a corporocracia global.

Os militantes ideológicos funcionam como um agente político (em tese politizado) transformado em um fanático seguidor de uma causa. No fundo, se parecem com um aloprado torcedor de futebol. Um sujeito que odeia seus adversários. Um animal que fabrica inimigos mentais. Um monstro que só pensa em vencer tudo e todos a todo custo, para impor as idéias que defende. Assim se instaura a anti-política. A barbárie ideológica é negação do processo político.

O objetivo-meio da Sociedade Fabiana, no momento, é acabar com as soberanias nacionais. Quem resistir sofrerá ações do terrorismo. Trata-se do emprego radical da violência, patrocinada ideologicamente, para aniquilar qualquer reação política.

A parceria do Poder Real Mundial com o mundo do crime, interferindo na soberania dos Estados nacionais, é a chave para o entendimento dos crescentes conflitos, explosões de violência e terror nas sociedades atuais submetidas às regras da “globalização inevitável”.

Nas sociedades, os sentimentos gerados por tal processo político-econômico globalitário são o ódio, a inveja e os ressentimentos crescentes. Estes sentimentos primários formam o caldo de cultura para a radicalização, para a violência, para o terrorismo, e para a reprodução-perpetuação do sistema de escravização política e econômica.

Não é á toa que toda a “ira social acumulada” acaba direcionada para a luta de classes que fabrica demônios artificiais. “Ricos” e “empresários” se transformam em alvos, “inimigos” da sociedade. Tudo agravado pela ignorância da mídia e do também estulto establishment intelectual (especializado em cultuar idéias, ideologias ou ideocracias completamente deslocadas da realidade humana).

Até quando vamos aceitar, passivamente, a imposição de tal sistema? Precisamos reagir enquanto é tempo. Temos de botar para funcionar a Democracia (a Segurança do Direito Natural, através do Exercício da Razão Pública). Devemos experimentar um modelo de Economia Social de Mercado – sem “ismos”, mas colocando o ser humano no centro gravitacional da economia, em vez da mera especulação financeira do capital. Precisamos repensar a estrutura do Estado – que hoje serve aos interesses das grandes corporações transnacionais, e não das sociedades locais.

Enfim, desafios não faltam! Só falta vontade política e organização estratégica ara que possamos superá-los e atingir nossos reais objetivos por um mundo digno para o ser humano.

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Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://www.alertatotal.blogspot.com e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal

Postado por Alerta Total de Jorge Serrão às 00:03

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