por Carlos I.S. Azambuja em 27 de junho de 2008
Resumo: Lula, a “Metamorfose Ambulante”, colocou o Exército a serviço do marketing eleitoral do senador Marcelo Crivella, aliado do governo e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Foi dele quem partiu a ordem para a Operação Cimento Social, e não pode dizer que não foi avisado das possíveis consequências, através de documento do comandante militar do Leste.
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Lula, no Palácio Guanabara, assessorado por Paulo Vanuchi, ministro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos e por Benedita da Silva, Secretária Estadual de Ação Social, defendeu que o julgamento dos 11 envolvidos na morte dos jovens seja feito pela Justiça Civil, e não na Justiça Militar. O ministro Nelson Jobim endossa a mesma tese, contrária ao entendimento dos militares.
Mas, apesar do discurso contrário à atuação das Forças Armadas no Morro da Providência, o presidente Lula, uma “Metamorfose Ambulante”, concordou com o fato de o Ministério da Defesa ter pedido à Advocacia-Geral da União (AGU) para entrar com recurso na Justiça a fim de garantir que os militares permaneçam na favela, dando proteção ao pessoal que trabalha na obra e ao material (O Estado de São Paulo de 24 de junho de 2008).
As obras no Morro da Providência fazem parte do Projeto Cimento Social, fruto de acordo entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa, para atender ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que seria o candidato preferido de Lula à prefeitura do Rio. Ontem, pela primeira vez após o crime, o senador compareceu a uma solenidade de lançamento de apoio à candidatura do Rio para sede das Olimpíadas de 2016. Lula e Crivella saíram juntos da cerimônia.
O presidente Lula gostou muito do projeto Cimento Social dando a ordem para que fosse executado, segundo declaração, há cerca de três meses, do vice-presidente José Alencar, do mesmo partido do senador Crivela.
Ainda segundo José Alencar, o projeto só saiu porque Lula mandou o Ministério das Cidades liberar o dinheiro e mandou o Comando Militar tocar as obras na favela. Isso em dezembro de 2007, antes do convênio firmado entre o Ministério da Defesa e o Ministério das Cidades, o que só ocorreu em 31 de janeiro de 2008, um ano eleitoral.
O cadastro dos moradores cujas casas seriam reformadas foi feito por integrantes da Igreja Universal, do bispo Crivella. O Ministério das Cidades liberou o dinheiro (16,6 milhões de reais) em dezembro de 2007, antes mesmo que o projeto sobre a matéria fosse aprovado. As obras foram usadas como material de propaganda do bispo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, embora o Comando Militar do Leste tenha emitido um parecer contrário ao projeto. (“No parecer, o general Luiz Cesário da Silveira Filho expressa aos superiores todos os perigos da missão. A possível contaminação dos soldados pela convivência com traficantes de drogas, a possibilidade de morte de civis devido a confrontos entre traficantes e militares, e a falta de amparo legal...”). Diz-se que um documento de Inteligência do CML acusou dois assessores do bispo Crivella – chamados de Eduardo de Tal e Gilmar de Tal – de negociar uma trégua com os traficantes do Comando Vermelho, que dominavam o morro. Foi desse projeto que o presidente Lula - que classificou a si próprio de “Metamorfose Ambulante” (jornal O Estado de São Paulo de 5 de dezembro de 2007) - gostou muito, “dando a ordem para que fosse executado”.
Dia 23 de junho, uma segunda-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, decidiu que, no mesmo dia, a tropa do Exército fosse retirada do morro da Providência. Ele disse ter sido surpreendido pelo embargo das obras, naquele mesmo dia, pela manhã, do projeto Cimento Social por parte do Tribunal Regional Eleitoral. Segundo ele, assim que as obras forem retomadas, os militares voltarão a ocupar a favela para garantir a segurança dos serviços.
Morro da Providência - foto publicada em O Globo em 12.12.2007
Finalmente, a verdade nua e crua é que Lula e o ministro Jobim desconheceram o parecer do CML e mandaram que a obra fosse tocada pelos militares. No dia 12 de dezembro de 2007, soldados do Exército ocuparam a Favela do Morro da Providência para iniciar as obras do projeto, fruto de acordo de cooperação entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Defesa.
Assim, Lula, a “Metamorfose Ambulante”, colocou o Exército a serviço do marketing eleitoral do senador Marcelo Crivella, aliado federal e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Foi dele quem partiu a ordem para a Operação Cimento Social, e não pode dizer que não foi avisado das possíveis consequências, através de documento do comandante militar do Leste.
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