Domingo, Junho 15, 2008
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Por Márcio Accioly
Muitas vezes, devido a problemas gerados diretamente pela família, não se tem como exercer plenamente a boa vontade nem desinteressado desejo de ajudar à população de forma geral. É o que se vê agora com a governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), cujo filho foi preso na Operação Hígia.
A história é a seguinte: o advogado Lauro Maia é acusado de dividir propina “dentro da residência oficial da governadora Wilma de Faria”. Ele é filho da mais alta mandatária potiguar.
De acordo com interceptações telefônicas, efetuadas pela Polícia Federal, os desvios dos recursos financeiros públicos alcançam o montante de R$ 36 milhões, vejam só. Pequena fábula!
A governadora, segundo assessores, encontra-se profundamente abalada, pois nunca tinha ouvido falar de coisa assim. A exemplo do presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), com relação à série de denúncias que atinge membros de seu governo e família, ela também “não sabe de nada”.
A família Maia, dizem alguns, domina o cenário político do Rio Grande do Norte desde o tempo em que Pedro Álvares Cabral aqui aportou, lá pelos idos de 1500.
Mas, outros, que por força de convicção religiosa mantêm contato comprovado com o além, acreditam que esse domínio foi acertado no momento em que Adão, antes mesmo do sopro divino, tomava forma no barro.
A verdade é que a família Maia tem se destacado e marcado presença em todos os regimes, seja de direita, centro ou esquerda, assumindo o comando da situação naquele Estado tanto na democracia quanto no autoritarismo.
Ninguém duvida que, mesmo no caso do fascismo ou do nazismo dar uma volta por cima, já que as coisas sempre se repetem e se eternizam, encontrar-se-á um Maia defendendo esta ou aquela posição.
Durante o Regime Militar (1964-85), que produziu a maioria dos monstros que vivem a assombrar nossos atuais pesadelos, o pai de Lauro Maia governou o Rio Grande do Norte (1979-83), pela Arena, indicado pelo general-presidente Ernesto Geisel (1979-85).
O filho da governadora foi preso juntamente com mais 12 pessoas, todas acusadas de desvios do dinheiro público. Entre os que a PF levou, estão secretário-adjunto de Esportes, João Henrique Lins Bahia Neto e a procuradora-geral do Estado, Rosa Maria Câmara. Iludiram por inteiro a mãe do cidadão, dona Wilma Maia.
Em casos como esse, o normal é a passagem por uma cela da PF por um período de dez dias. Mas já há quem anuncie mera passagem de cinco dias, dados os laços familiares de enorme prestígio.
Tivesse Lauro Maia roubado um pote de manteiga num supermercado qualquer e sua situação estaria consideravelmente agravada. Mas as acusações que o alvejam indicam uma montanha de 36 milhões. Na administração pública nacional, isso é nada.
De maneira que este caso, como centenas de outros, irá se inserir no tipo de disse me disse que forma rico folclore na área irrecorrível de generalizada impunidade. Rouba-se muito, isso é verdade, mas não há como se provar, seguindo-se os atuais parâmetros e princípios.
O melhor de tudo é aguardar novo escândalo, que virá em não mais do que 15 dias ou um mês. Com as instituições em frangalhos e a desmoralização sacramentada, só nos resta esperar o dia do juízo final. Que parece se aproximar com toda a energia.
Márcio Accioly é Jornalista.
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