por Jeffrey Nyquist em 26 de junho de 2008
Resumo: Estariam as reservas de petróleo atingindo seu limite máximo, e uma crise internacional de gigantescas proporções se aproxima?
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O preço do barril de petróleo subiu acima dos cento de trinta dólares. Qual é a causa deste aumento? Na última projeção do Wall Street Jornal, lemos que a maioria dos economistas atribui os ascendentes preços de alimentos e do petróleo às “condições fundamentais do mercado”. Não se trata de uma bolha de investimento. Ao que parece, a demanda está crescendo mais rapidamente que a oferta. Pergunta: a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está mesmo limitando a produção? Se isto for verdade, então a irritação quanto à política dos Estados Unidos no Iraque tem conseqüências de longo alcance. Recentemente, quando o presidente Bush visitou a Arábia Saudita, os sauditas recusaram-se a expandir sua produção de petróleo. Estariam eles descontentes com o presidente americano? Estariam tentando persuadi-lo, ou dissuadi-lo, quanto a um assunto em particular?
Contudo, há outra teoria, ainda mais perturbadora. É possível que tenhamos atingido um patamar na produção de petróleo tal como previsto pelos teóricos do “peak oil”. Na edição de 22 de maio, o Wall Street Journal apresentou uma reportagem curiosa, intitulada “Entidade Monitoradora da Energia Alerta para Severo Aperto na Produção de Petróleo”, de autoria de Neil King Jr. E Peter Fritsch. Ao que parece, os futuros fornecimentos de petróleo cru podem ficar “mais restritos do que antes se supunha”. O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, revelou ao Wall Street Journal: “Esta é uma situação perigosa”.
É interessante notar o quão pouco sabemos acerca do futuro preço do petróleo, do futuro desenvolvimento de fontes alternativas de energia, e do impacto econômico e político fundamental de ambos. A produção de petróleo pode estar se aproximando de um declínio irreversível. Por outro lado, a Rússia e a OPEP podem ter reunido a disciplina necessária para limitar a oferta. Como podemos determinar a causa operante neste caso? É preciso apenas considerar a natureza humana e a história da OPEP para descobrir a verdade.
Dentro da OPEP sempre houve uma competição por fatias de mercado. Enquanto o embargo árabe do petróleo em 1973 foi eficaz, as emoções sauditas estiveram apaixonadamente engajadas no apoio ao lado árabe na guerra contra Israel. Pela primeira vez, os Estados Unidos deram assistência material a Israel. Ao fim do embargo, em 18 de março de 1974, o petróleo saudita leve[*] tinha ido de US$2.58/barril a US$11.65/barril. Ou seja, o preço mais do que quadriplicou.
Em comparação, vamos considerar a situação dos últimos cinco anos. Desde setembro de 2003, o preço do petróleo quadruplicou. Não houve qualquer embargo de petróleo, apesar de ter havido uma guerra no Oriente Médio. De fato, se você rastreasse a disposição de ânimo do mundo árabe em resposta à invasão americana ao Iraque, você encontraria uma correlação com o preço do petróleo. Sabemos que o desprazer árabe diante do apoio americano a Israel em 1973 levou à quadruplicação dos preços do petróleo. Sabemos que a revolução iraniana de 1979 teve um impacto similar.
É claro que esta análise não prova que a OPEP seja responsável pelo fato de que o petróleo esteja sendo cotado a US$135/barril. Existe a possibilidade (tal com sugere o levantamento do Wall Street Jornal) de qua a demanda por petróleo esteja simplesmente ultrapassando a oferta. Aqueles que poderiam ganhar dinheiro aumentando a oferta não o fizeram. E por que não? Nessa altura, a resposta plausível é de que a produção mundial de petróleo está atingindo um platô.
E o que isso significa?
Significa que o peak oil chegou. Atingimos o máximo da produção global de petróleo. Significa que a produção declinará em poucos anos ou meses. Significa que o domínio americano global está chegando ao fim e outra era está por nascer. O dinheiro está sendo drenado dos países importadores de petróleo para os exportadores numa taxa que se acelera. O mais significativo de tudo é que o poder que sangra de uma grande potência está prestes a servir a uma outra. A Rússia é um exportador de petróleo e sua posição estratégica está progredindo rapidamente. Começando em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, o equilíbrio do poder tem pendido do Ocidente para o Oriente. Há algumas semanas atrás eu conversei com Andrei Illarionov, um ex-consultor de economia do Kremlin. Possuidor de algum conhecimento da relação “petróleo x condições econômicas”, ele me disse que a invasão americana ao Iraque está definitivamente relacionada a preços de petróleo mais altos.
Suponha que a produção de petróleo tenha atingido um platô. Mesmo nesse caso, a situação iraquiana significa que um importante país produtor não está fazendo a sua contribuição total à produção global e o efeito pode ser mais amplo do que antes imaginado.
Neste contexto, considere o que um ataque aéreo americano ao Irã faria com o preço do petróleo. É preciso enfatizar que a economia americana não é capaz de funcionar eficientemente com preços acima de US$120/barril. O dólar americano está sofrendo perdas, a posição econômica da Ásia e da Europa sofre danos, e os países importadores de petróleo do Terceiro Mundo são gravemente impactados.
A situação é muito séria.
[*] O petróleo leve tem o seu refino mais barato.
© 2008 Jeffrey R. Nyquist
Publicado por Financialsense.com
Tradução: MSM
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