Sexta-feira, Junho 13, 2008
Onde estão os ladrões, afinal?
Edição de Artigos de Sexta-feira do Alerta Total http://www. alertatotal.blogspot.com
Adicione nosso blog e podcast aos seus favoritos.
Por Márcio Accioly
Os meios de comunicação de forma geral anunciam que Denise Abreu não apresentou prova nenhuma com relação à negociata da Varig. Como se precisasse fazer mais. O presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT-SP), num ato que só pode ser considerado como falho, disse que “só Freud explica as declarações de Denise Abreu”.
É possível que ele estivesse lembrando Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência, que, em 2006, prestou depoimento à Polícia Federal e negou qualquer participação no episódio de compra de um dossiê contra o ex-ministro José Serra (PSDB), atual governador de São Paulo.
O governo petista é uma administração de desmentidos. Entra escândalo, sai escândalo e todos desmentem e negam, porque o Brasil é dirigido por quadrilhas com ramificações nos três poderes da República. De uma forma ou de outra, são elas que comandam o processo.
A briga é saber como a quadrilha que sai irá desacreditar a que entra e preparar “retorno triunfal”. A quadrilha do PSDB, comandada pelo ex-presidente FHC (1995-2003), que nunca assumiu nem assume nada, não é muito diferente da “administração” do Partido dos Trabalhadores que já teve 40 de suas principais figuras indiciadas.
Como Dom Luiz Inácio jamais revelou qualquer intimidade com Sigmund Freud (1856-1939), “Pai da Psicanálise”, é claro que seu personagem alvo era aquele do rolo com o dossiê e que costumava assar churrasco durante os finais de semana na Granja do Torto, sempre regado a cachaça.
O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente da República, é acusado da prática de ilicitudes desde a época em que o PT dominava algumas prefeituras paulistas, antes de alcançar a Presidência.
As teias da bandalha na apropriação indébita de recursos financeiros públicos não têm fim. Na revista Época, em reportagem de Andrei Meirelles e Rodrigo Rangel, é relatada operação policial que prendeu Carlos Alberto Bejani (PTB), prefeito de Juiz de Fora (MG). O fato vem alcançando repercussão ampla.
O prefeito guardava, numa gaveta, pacote contendo oito DVDs em que detalha esquemas de corrupção por ele praticada. Num deles, Bejani fala a respeito de encontro que teria com o ex-ministro Zé Dirceu (Casa Civil), que iria, segundo ele, intermediar liberação de uma verba de 70 milhões de reais, proveniente do Ministério das Cidades.
O prefeito explica: “Eu tenho uma reunião com Zé Dirceu, às três horas. Tô liberando 70 milhões. Ce sabe quanto dá isso? Sete milhões de comissão”. E tudo aconteceu como previsto.
A gravação foi efetuada no dia 10 de maio de 2006. Pois não é que numa coincidência das coincidências sua ex-excelência foi à Capital mineira naquele dia? Fazer palestra na PUC, quando foi vaiado e xingado pelos estudantes?
50 dias depois, diz a revista, “o ministro Márcio Fortes desembarcou em Juiz de fora para assinar o contrato número 0161600373, com a destinação pela Caixa Econômica Federal de R$ 70 milhões para as obras no rio Paraibuna”.
É tripudiar demais. É diminuir demais. Não ter o mínimo respeito. Como é que o cidadão vai fazer uma palestra em que jura inocência e se encontra, ao mesmo tempo, navegando no mar de corrupção, acertando novos esquemas?
Quem estudar a história, terá a oportunidade de constatar que as sociedades se degeneram e se desmontam no descrédito das instituições. O Brasil está por um fio. Estamos na contagem regressiva de inevitável desmonte.
Márcio Accioly é Jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário