Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008
Blog do Clausewitz
Às vezes eu me pergunto no que foi que falhamos para que os escorraçados de ontem se apropriassem dos rumos da nação, sem qualquer vestígio de sacrifício... Não vivi esse dia glorioso em que a sociedade brasileira clamou pela ação da legalidade e pela expulsão de nosso território do comunismo ceifador de individualidades e corrempedor de coletividades... mas o que se seguiu a essa marcha retratada para a posteridade, vivi e asseguro que fomos todos felizes um dia aqui no Brasil, antes que os atores da corrupção moral do PT tomassem de assalto nossas vidas e nossos destinos...
Esse que o jornal O Globo caracteriza como governo irresponsável e fomentador da autofagia disciplinar das forças armadas chama-se governo do proletariado, ou do Sr João Goulart, como queiram, o mesmo que o PT anistiou nessa última semana com pompas e circunstâncias... muito pouco haveria a se retocar do que hoje se vê sendo praticado pelos perdedores de ontem, que mediante um revisionismo intenso e muito bem planejado, chegaram ao poder pela única maneira que os isenta de estarem em desacordo com a população, que hoje se faz deles refém, quer pelos mitos que se criaram, quer pelas mesadas, quer pela enganação torpe que se apoderou de todas as classes pensantes e não pensantes...
Nos dias atuais, a realidade nos apresenta o empresariado corrompido por também ser cúmplice da extorsão... as representações religiosas de todos os credos encontram-se contaminadas pelo fel da fé sem obras e pela libertação pregada por uma teologia que tem de tudo, menos Deus... os generais por sua vez vislumbraram a salvação do pecado de ter salvo a sociedade, na nebulosa estrada do anonimato político... as representações políticas do povo se ombrearam com os interesses egóicos e alienigenas da turba da foice e do martelo... as famílias contentaram-se em estarem dispersas, endividadas e sem bons mestres e bons educandários para legar aos filhos o saber intomável... nos dias atuais, a imprensa exalta as exceções e tenta transformar as exceções em excessos...
Culpa de quem tudo o que está acontecendo? culpa de quem termos um país que se transformou de conservador em anarquista? uma nação cívica que se mutacionou num aglomerado de delinquentes ansiosos por direitos e insensíveis aos deveres? culpa de quem não termos segurança para falar, para ir, para vir, para gastar, para pensar, para abrir a janela do carro? culpa de quem enxegarmos que as diversas cores que nos faziam um lindo país multirracial se transformaram num bicolor tendencioso?... culpa de quem? minha, sua, dele, nossa, apesar de não termos tido a chance de ler presencialmente o jornal O Globo de 2 de abril de 64... quem sabe o de 2 de abril de 2009 nos mostra um país parecido com aquele de 40 anos atrás...
Ressurge a democracia
"Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo. Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo. As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, "são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei. Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo. A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém.
É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor."
Editorial do jornal "O Globo" do Rio de Janeiro, em sua edição de 02 de ABRIL de 1964.
Transcrito do Brasil Acima de Tudo
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