Segunda-feira, Novembro 17, 2008
Movimento ordem vigília contra a corrupção
Por Gustavo Gantois – Revista IstoÉ Dinheiro
MARCAVA 12H30 DO DIA 11 de outubro quando o telefone do ministro Tarso Genro tocou. Do outro lado da linha, o governador Blairo Maggi, de Mato Grosso, narrou uma cena de guerrilha. Cerca de 120 índios da etnia enawenê-nawe invadiram o canteiro de obras da Pequena Central Hidrelétrica Telegráfica, a
Tarso procurou o presidente da Funai, Márcio Meira, que disse estar a par da situação - mas nada foi feito. As obras para a construção da barragem hoje estão indefinidamente atrasadas. Informada, a ministra Dilma Rousseff reagiu de forma eloqüente. "Não vão me criar mais um bagre justo agora", disse, referindo- se à época em que ambientalistas tentaram embargar a licitação para as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira. O fato é que as PCHs, que serão implantadas ao longo de
A PCH de Juruena faz parte de um projeto de R$ 900 milhões, que está na mira dos índios desde dezembro do ano passado. Eles reclamam que as obras vão reduzir a oferta de peixes. A Secretaria do Meio Ambiente, órgão encarregado do licenciamento, diz que o impacto será pequeno. Indignada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou cartas para o ministro Tarso Genro e para o presidente da Funai. Não recebeu resposta. "É um ato de vandalismo e violência inusitados", reclama Armando Monteiro Neto, presidente da CNI. "Como se pode construir o desenvolvimento numa situação dessas?" Na terça-feira
PROJETO ENERGÉTICO DE R$ 900 MILHÕES DO PAC FOI DESTRUÍDO POR UMA TRIBO
Em vez de reagir, o governo pode até favorecer a etnia
O prejuízo material causado pelos índios com a destruição dos canteiros de obras é de R$ 15 milhões, mas os lucros cessantes são maiores. A Juruena Participações calcula que a obra irá atrasar pelo menos seis meses - em dezembro, o Mato Grosso entra no seu regime de chuvas mais acentuado. "Estamos ouvindo nossos advogados e deveremos responsabilizar diretamente a Funai", diz João Mauro Boscheiro, presidente da Juruena.
O que causa mais estranheza em toda a história é que havia na obra um "interdito proibitório". Legalmente, a Funai era obrigada a evitar a aproximação dos índios por causa de um outro incidente, quando a tribo fechou uma estrada para paralisar a obra. Em relação à Funai, também foi muito estranha a atitude da entidade, que convocou uma reunião fechada em Brasília, no dia 5 de novembro, e saiu com uma proposta de "moratória" de todas as obras no rio Juruena. Falou-se também em ampliação das reservas indígenas. Se isso não bastasse, há ainda uma suspeita atuação de ONGs internacionais na região. A principal é a norueguesa Operação Amazônia Nativa, que faria a ponte com o Ministério Público (Opan). O procurador Mário Lúcio Avelar entrou com várias ações para embargar a obra e foi derrotado no Supremo Tribunal Federal. O último lance dessa guerra foi o incêndio criminoso da usina que, no mínimo, foi tolerado pela Funai.
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