Papéis avulsos - Heitor De Paola
O futuro governo do PT tem se mostrado tão moderado que chega a encantar os Representantes do FMI, como está estampado em todos os jornais de hoje. O Palocci, futuro Ministro da Fazenda ou Planejamento, está tão afável que os radicais do PT, e imagino que a turma do PC do B e do PSTU também, já o chamam de Palan, mistura de Palocci com Malan. O Armínio Fraga poderá ser confirmado por mais seis meses. Será que todos os que enxergavam no PT um Partido revolucionário, com direito até a criar um “Eixo do Mal” com Cuba e Venezuela, estavam enganados?
Acho que a dica para entender tanta passividade e troca de gentilezas foi dada hoje pela Coluna de Políbio Braga (www.polibiobraga.com.br). A Deputada gaúcha Esther Grossi, que voltou de Havana deslumbrada e tendo deslumbrado o decrépito e longevo ditador Fidel Castro – o mais velho ditador comunista ou não do mundo – convidou para a Conferência Nacional de Educação, Armando Hart, o mitológico ministro da Educação do início da revolução cubana, em 1959. O programa de alfabetização do futuro Governo Lula será avaliado pelo próprio Hart.
Ora, ora, tanta moderação na economia é porque a revolução vai começar mesmo pela Educação, o resto é jogo de cena! Na campanha de Bill Clinton contra George Bush, senior, em 1992, foi inteligentemente usado um vídeo em que aparecia uma boca dizendo, sem som: “It’s the economy, stupid!”, para mostrar que Bush pai estava iludido de que o prestígio adquirido com a Guerra do Golfo iria ser o fator decisivo da campanha e levá-lo seguramente à re-eleição. Clinton se elegeu facilmente e ficou oito anos cuidando exatamente da economia. No Brasil de hoje é diferente: não é a economia, é a educação, e a estupidez é ficar observando somente as possíveis medidas econômicas a serem adotadas para o primeiro ano de Governo.
Só poderia ter sido um gaúcho, Políbio, que sofreu quatro anos sob os tentáculos de um governo do PT - felizmente alijado em outubro último - a intuir este aspecto. É exatamente na educação que o próximo governo Rigotto vai ter mais trabalho de reverter a ação nefasta do PT. O nosso excelente jornalista ainda conta que em 1963 esteve em Cuba junto ao próprio Hart para testemunhar a implantação do programa de alfabetização de adultos, e observou que ao final do aprendizado, cada aluno tinha por tarefa escrever uma carta do próprio punho a Fidel Castro, indicando o êxito da tarefa do Governo. Aqui no Brasil teremos aqui apenas o aprofundamento do que já vem sendo feito há oito anos com o método de doutrinação pseudo-educativo de Paulo Freire, agora com aval cubano. Está aí o eixo do mal. Em bom Português: o buraco é mais embaixo!
A infância sempre foi a área que recebeu mais atenção por parte de todos os governos totalitários – e me recuso a dividi-los entre “de esquerda” e “de direita” – porque, como dizia minha avó, é de pequenino que se torce o pepino! Daí a Hitlerjugend, os meninos de Beria, embrião do Komssomol, os desfiles marciais de estudantes instituídos pelo nosso Getúlio Vargas. Curiosamente, todos incluíam alguma cartinha daquele tipo cubano ao Führer, ao Duce, ao Guia Genial de Todos os Povos, ao Grande Timoneiro. Aprendeu bem, El Comandante, com seus pares. A quem será endereçada a tal cartinha aqui.
Publicado em OFFMIDIA - 20/11/2002
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