quarta-feira, 12 de novembro de 2008

MUNDO ANTI-SEMITA


Daniel Benjamin Barenbain


Em 1938, a Liga das Nações fechava os olhos para o progrom de Hitler e legitimava o Holocausto na Noite Dos Cristais. Em 2008, a Organização das Nações Unidas foi além e recebeu o presidente iraniano, Ahmadinejad, de braços abertos dando-lhe palanque para proferir absurdos tais quais que os "judeus estão por trás da crise financeira mundial". Será que o mundo mudou muito nestes 70 anos? E para melhor ou pior? E se a entidade representativa de todas as nações do mundo, recebe um ditador que promete "varrer Israel do Mapa" seria exagero dizer que estamos em um mundo anti-semita?

Este é um editorial especial ( e um desabafo) escrito por Daniel Benjamin Barenbein em memória as vítimas do Holocausto e aos 70 anos da Noite dos Cristais


O choro das vítimas não chega à ONU. Porque deveria? Acaso a Organização realmente tem interesse em fazer prevalecer a justiça e a dignidade da humanidade?

A ONU que foi construída sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e ainda sob a sombra do Holocausto, hoje é tudo, menos um espaço para a paz e os direitos humanos. Não se ouve os choros das vítimas. Daquelas do passado, sob o túmulo dos quais prometeu-se o "Nunca Mais" e as de hoje, do Sudão, as 500 mil vítimas negras silenciosas e os dois milhões de expulsos que ninguém quer ver. Silêncio, omissão, Noite dos Cristais...noite sem fim.

Cadê o direito das mulheres abusadas sob a égide islâmica, dos escravos vendidos como animais, das minorias desrespeitadas? Onde está o brado contra a intolerância religiosa? A condenação aos homens-bomba que se explodem em Israel, Londres e Bali? Aos mísseis que o Hamas e o Hizbullah jogaram sob populações civis?


Recentemente, durante a guerra na Geórgia, a Anistia Internacional lançava seu mais recente boletim com violações aos direitos humanos. Alguma das acima mencionadas constavam? Não! Algumas das centenas de violações que a Rússia estava cometendo na Géorgia? De modo algum! O que constava então? Material requentado de dois anos atrás, dos supostos crimes de guerra cometidos por Israel no Líbano em 2006!!!

Alguém já ouviu falar das quase 4 mil ações humanitárias que o Estado de Israel realizou em seus curtos 60 anos de vida? Nas crianças iraquianas que receberam transplantes de orgãos em hospitais israelenses? Do hospital pediátrico em Gaza que um médico judeu religioso sionista inglês ajudou a desenvolver? Dos refugiados de todos os conflitos do mundo, dos perseguidos que Israel adota independente de cor, etnia ou religião? (lá o choro das vítimas chega)

Não? Como não? A mídia não tem divulgado? Como assim? Não é assunto? Por acaso a ajuda de Israel na época do Tsunami as vítimas dos maiores países muçulmanos do mundo não deveria render manchetes garrafais? Mas para que mostrar tudo isso, se é muito mais fácil e divertido demonizar Israel? Colocar sob uma lupa todo e qualquer defeito que possa vir a ter cometido em guerras de defesa e ignorar os seus pontos positivos, bem como os verdadeiros massacres que ocorrem na humanidade?


Será que teria graça um mundo sem anti-semitismo? Para muita gente não!

Mahmoud Ahmadinejad subiu no palanque que um dia já foi usado por Arafat, que adentrou a casa com rifle na mão, para lembrar o mundo que os culpados pela crise financeira que os assola são os judeus sionistas. Sempre culpados. Todas as mazelas do mundo são de responsabilidade dos judeus. Já se tornou usual.

Vindo de um ditador, apoiador de grupos terroristas, violador contumaz dos direitos humanos das minorias no Irã, e que já organizou congressos de revisionismo do Holocausto ( para ele, este nunca existiu), não podia se esperar coisa melhor.

O problema é a ONU o receber de braços abertos. Dele ser aplaudido após vociferar novas acusações contra os judeus. Legitimado, isso é o que ele foi. Ele e seu discurso.

E em breve, em Brasília seremos testemunhas de um momento histórico. Quando um instigador de genocídio, o cabeça de um dos países que mais abusam e violam os direitos humanos no mundo, estimulador de conferências revisionistas do Holocausto, será recebido de braços abertos pelo nosso presidente.

Sim, no café com o presidente estará presente o postulante a novo Hitler. Pois é nestas horas que eu penso o que vale as palavras que Lula declamou em eventos de lembrança ao Holocausto, se agora vai estender o tapete vermelho para o ditador iraniano.

Não bastasse o Brasil ter enviado o seu chanceler, Celso Amorim para um tour em Teerã, onde ele legitimou o odioso regime de Ahmadinejad, como agora para completar a vergonha da nação o Brasil quer afinar e aproximar os laços com aquele que dia sim, dia não, afirma que vai “varrer Israel do mapa” e corre atrás dos meios para tal: a bomba atômica.

Talvez coubesse ainda a pergunta de porque Israel nunca foi digno de receber uma visita oficial do presidente brasileiro ou de seu chanceler o que fez para não merecer tal honra, enquanto Irã, Síria e até a Autoridade Palestina tiveram esta oportunidade. Mas seria um pouco de exagero e desacato não?

Mas retornando: nem criativo Ahmadinejad foi. Ao acusar os judeus de estarem por trás da crise financeira mundial, o presidente iraniano abriu as portas para algo que convenhamos já imaginávamos: que novamente iriam pipocar acusações e teorias sobre supostas conspirações judaicas por trás da tal crise. Na seqüência foi o Hamas a repetir a papagaiada e depois inúmeros sites neo-nazistas americanos. Reparem na frutífera e perigosa aliança.

Falando em neo-nazista, o estilo está em alta. Como vimos em comentários recentes, o Terra estava abarrotado de letras anti-semitas. E no decorrer desta semana recebemos denúncias de que não é algo particular. No Youtube e no Google (como já anteriormente expusemos também) cada vez é maior a proliferação deste material. O mundo não tem vergonha de ser anti-semita e não vê razão para coibir este tipo de atitude.

De resto, tudo na mesma: o anti-semitismo em ascenção na Europa, como mostram diversas pesquisas, tendo a Espanha como país onde as pessoas mostram maior ressentimento em relação aos judeus/Israel, a BBC continua com sua retórica parcial pró-palestina, onde ataques israelenses vêm na forma ativa e palestinos vem até dentro de aspas, e o Globo, Jornal do Brasil, Estado de S. Paulo no Brasil vão emulando a coisa.

Neste ínterim, Barack Obama é eleito presidente dos EUA. Sua política também é dialogar e não isolar nações terroristas e anti-semitas como o Irã e o Hamastão em Gaza. Diminuir e não aumentar sanções. Legitimar e não deslegitimar. Dar tempo ao tempo e não correr contra ele. Cada dia se aproxima mais rápido a existência de uma Teerã nuclear. Israel novamente está sozinho. Ninguém vai ajudar. Atacarão os israelenses ou aprenderão a conviver com a ameça da bomba genocida no Oriente Médio?

E é claro que não poderiamos encerrar o texto sem falar dele: Hizbullah! Hoje a organização tem em sua posse cerca de 60 mil mísseis, mais de quatro vezes o que tinha antes da guerra do Líbano de 2006. Foguetes de alcance muito mais longinquo que os Katiushas do conflito anterior, capazes de cobrir quase toda a totalidade do território israelense. A resolução de cessar-fogo que as tropas da ONU nunca conseguiram fazer valer, foi um fracasso, como admite entre outros o ministro da defesa, Ehud Barak.

Dia 9 de novembro de 2008: 70 anos da Noite dos Cristais. Lembranças de anti-semitismo, violência, morte, silêncio, omissão. E hoje, algum motivo para nos preocupar?


Publicado em De Olho Na Mídia

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