quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Uma economia “saudável”?

Mídia sem Máscara

12 novembro 2008
Editorias - Economia, Estados Unidos, Livre iniciativa

A coisa mais verdadeira dita pelo senador John McCain durante a campanha eleitoral [*] foi a que lhe causou o maior problema: “A economia está saudável.”

“Saudável” não significa à prova de bala. Nem tampouco significa que tudo está maravilhoso no momento ou que não é preciso fazer nada.

Você pode ficar muito doente por ter comido a coisa errada. Mas isso não significa que você precise amputar o braço ou receber uma dose cavalar de morfina. Em outras palavras, seu corpo pode estar perfeitamente saudável – e tratamentos radicais podem causar danos mais permanentes do que seu sofrimento temporário.

A esquerda sempre soube explorar problemas econômicos temporários para criar instituições permanentes que refletem sua ideologia. Os “progressistas” fizeram isso no breve período em que os Estados Unidos se envolveram na I Grande Guerra, período este de menos de um ano e meio.

Naquele breve período, eles se fixaram em todo tipo de controle econômico e mesmo em restrições à liberdade de expressão que levaram a lendárias decisões da Suprema Corte.

Quando a Grande Depressão dos anos 1930 trouxe muitos daqueles mesmos “progressistas” de volta ao poder, liderados por um dos “progressistas” da administração de Woodrow Wilson, Franklin D. Roosevelt, eles trouxeram de novo ao governo a mesma mentalidade, chamando a si próprios “liberais” [daí o significado de esquerdista que o termo tem nos EUA] já que o rótulo “progressista” tinha sido desacreditado por suas ações prévias.

No final do século XX, os “liberais” se desacreditaram de novo, a ponto de eles retornarem ao termo “progressista” para novamente se autodenominarem, a fim de se libertarem de seu passado, tal como o faz a maioria das pessoas que declara falência.

Guerras, crises econômicas e outros desastres são oportunidades para a esquerda se aproveitar e criar alterações duradouras nas instituições da sociedade. É o que estamos assistindo hoje.

A mídia tem feito o maior estardalhaço sobre os atuais problemas econômicos a ponto de parecer que estaríamos caminhando para uma repetição da Grande Depressão dos anos 1930. Eles estão morrendo de vontade de usar a palavra “recessão”, mas há uma definição precisa de recessão – dois trimestres consecutivos de crescimento negativo – e nós ainda não atingimos essa situação.

Se o significado das palavras pode ser mudado para se adequar à conveniência política, então as discussões se tornam um exercício de futilidade.

Os dados oficiais mostram que o resultado da economia no trimestre anterior é negativo – por menos de metade de um por cento – mas, pelo menos, a mídia tem um daqueles dois trimestres para qualificar uma recessão.

Se eles vão conseguir o outro trimestre que eles precisam para começar a usar a palavra “recessão” é uma outra história. De fato, o processo de coleta de dados não é, de forma alguma, preciso para que o declínio de metade de um por cento se sustente, pois tais estatísticas são freqüentemente revisadas mais tarde.

Não é somente uma questão de ser capaz de escrever manchetes aterrorizantes nos jornais ou de usar retórica alarmista nos canais de televisão. Tais coisas são somente o prelúdio de grandes “mudanças” econômicas em instituições fundamentalmente saudáveis que, por mais de dois séculos, fizeram da economia americana a coisa mais invejada do mundo.

Se a esquerda tiver sucesso, será como amputar o braço de alguém por causa de uma dor de estômago.

Para aumentar ainda mais a dolorosa ironia, dentre os muitos que são os mais ansiosos por uma intrusão governamental maciça no mercado estão aqueles cujas intrusões econômicas anteriores são as responsáveis pela crise financeira atual.

Foi a esquerda – os “liberais” ou “progressistas” – que forçaram a situação que levou as instituições a emprestarem a indivíduos cuja história creditícia os credenciaram a apenas empréstimos “subprime”, que seriam arriscados tanto para devedores quanto para credores.

Tudo começou na administração Carter, com o Community Reinvestment Act [Lei do Reinvestimento Comunitário], e ganhou impulso ao longo dos anos com as ameaças legais de Janet Reno [Ministra da Justiça] e a selvageria da ACORN, tudo para forçar as instituições financeiras a aprovarem empréstimos a quem terceiros [os políticos esquerdistas] quisessem. Agora, temos uma forte dor de estômago – e a esquerda quer começar a amputar os braços do mercado.

[*] Este artigo foi escrito no dia da eleição, 04 de novembro. (N. do T.)

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

Autor: Thomas Sowell

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