sábado, 22 de novembro de 2008

Marchando para o abismo

Sábado, Novembro 22, 2008

Alerta Total

Por Arlindo Montenegro


Falando em liberdade, vem à lembrança um texto de Erich Fromm, traduzido no Brasil como “Medo à Liberdade”. A coisa a considerar é que o senso de liberdade conduz à responsabilidade.

Mas parece bem mais cômodo ser irresponsável, deixar que outros decidam, principalmente quando as escolas fornecem o prato feito, deixam a turminha sem possibilidade de fazer escolhas, sem capacidade para refletir, comparar, decidir e por fim assumir responsabilidades fundamentadas em princípios e valores costumeiramente respeitados.

Quando dizem que “cada povo tem o governo que merece”, ou com desprezo dizem que “brasileiro é um povinho de merda” é conveniente remeter-se à gênese histórica deste povo, ao governo que chegou pronto e acabado, d’além mar, impondo todas as regras e comportamentos.

Pior, baseando a conquista da terra em grandes latifundios que nomearam capitanias hereditárias. Terras e costumes impostos são hereditários até os nossos dias. Propriedade concentrada nas mãos de uns poucos e os servos ignorantes à disposição dos senhores. Paternalismo autoritário até hoje exercido por uns poucos oligarcas e reverência respeitosa aos provedores.

O “patrão” sabe tudo, ordena coisas e pessoas que não precisam pensar, só fazer. Coisa muito parecida com o planejamento da tradição totalitária, inspirado por Jean Jacques Russeau, teorizado por Marx e executado por Lenin durante mais de setenta anos em que o Partido Comunista da União Soviética ditou as regras, usurpando todas as propriedades e dirigindo a economia, a fome, massacres e campos de concentração que mais tarde inspiraram os nazistas.

É conveniente equilibrar a investigação de culpados por escolhas, desempenhos e resultados individuais. É conveniente debruçar-se na busca de soluções para corrigir as ações e comportamentos improdutivos, resultantes deste mergulho material que embebe toda a humanidade, afastando-a do superior componente espiritual, mais suave, mais justo, mais generoso, mais gentil e firmado sobre o perdão que restaura a leveza do ser.

Falta um olhar mais profundo sobre a casa grande e a senzala para chegar aos reais motivos da alienação, tão favorável ao totalitarismo em marcha. Nada melhor para um governo totalitário, para um partido totalitário, que o medo de decidir, que leva o indivíduo a abrir mão da responsabilidade e da escolha.

Renunciar à liberdade é o prato feito para seguir a palavra de ordem! Esta prática continuada, reduz a capacidade dos indivíduos para pensar e agir por si proprios. É bem bom para viciar na crença dogmática e conduz ao fanatismo: quem não está (pensando) comigo, está contra mim! É inimigo! Deve ser desprezado, eliminado, removido da cena.

O discurso simbólico, metafórico, generalista, atinge as vísceras e se manifesta para cada ouvinte desavisado e esperançoso, como o sonho já realizado. A responsabilidade pela materialização passa a ser do líder do momento. Instala-se a irresponsabilidade, a obediência cega, sem censura, às iniciativas ditadas por outros. Iniciativas carentes de experiência e reflexão individual.

As mentes embotadas, dependentes e estagnadas enfrentam a dureza da realidade. Mas são incapazes de atinar com a causa. A implantação de curriculos escolares que não ensinam a pensar é, neste caso, conveniente: a gente acaba indecisa até para escolher um prato num restaurante e repete o sanduiche de minhoca com maionese.

A propriedade privada que exercitou a responsabilidade de muitos povos para o desbravamento, construção e poupança durante gerações, podendo orgulhar-se do trabalho, foi capaz de superar a pobreza de meio mundo, conduzindo a posições cômodas e confortáveis.

Como não havia televisão os livros eram os melhores amigos. Os exemplos de nobreza de caráter e o orgulho de pertencer a uma família, situava as lições tradicionais em patamar superior às novidades que chegavam dos portos do progresso.

Falava-se do saber como tesouro que ninguém poderia roubar. O saber foi substituído pela informação ligeira e direcionada. A informação confusiva reduz a capacidade de visão mental e liberdade analítica. Lidar com a informação da mídia nos dias de hoje, sem ter uma bola de cristal, é como ser guiado por mãos desconhecidas, vendado, num terreno cheio de armadilhas.

Aplaudimos os militares no poder, as grandes obras, o pleno emprego. Sossegamos um pouco com o fim das ações armadas. Aplaudimos a Anistia que pacificaria o cenário político. Exilados e banidos de várias denominações revolucionárias começaram a voltar e retomar suas atividades sem problemas. Auto exilados professores e profissionais que saíram para trabalhar e lecionar no exterior, voltaram. Todos engajaram-se no movimento liderado por Ulisses Guimarães. Aplaudimos as “diretas já”.

Nas grandes manifestações estavam os jovens que hoje são senhores pais de família. Para estes, parece que ensinaram que a história do Brasil começava ali. Os militares entregaram o comando da nação aos políticos e os comunistas, então na legalidade, conduziram a marcha do retrocesso atrelado aos mais infames procedimentos registrados pela história da humanidade.

Os maduros e os jovens de hoje, ignoram o passado. Tudo foi desfigurado e reduzido à expressão mais simples: “somos democratas e êles torturadores!” De repente em toda a imprensa a informação disponível encontrou uma unanimidade... tão “avançada”!!! Os raros conservadores foram defenestrados quando não perseguidos... nada de oposição!

Caiu o muro de Berlim. Aplaudimos “o fim do comunismo”. Ledo engano. Mudou a máscara acenando uma bandeirinha de paz e amor. Os brasileiros crédulos, foram sistematicamente informados, com a ajuda dos padres da teologia da libertação, que Deus aprovava o psdb e logo o pt.

Prometiam-se rios de leite e mel. O direito à vida, à liberdade e à propriedade começou a sofrer ameaças que se foram consolidando em práticas cotidianas e finalmente Leis que agridem a propriedade – contra a constituição! Outras que fomentam a agressão de uns grupos contra outros – contra a constituição! Leis que desmoralizam a segurança pública e as Forças Armadas, lançam pais contra filhos, etnias e minorias contra toda a sociedade.

Enquanto isto, os governantes ditam novas regras (contra a constituição!) e submetem todos. Sem oposição. Se raras vozes se opõem ou denunciam, são caladas com habilidade e violência. É “preconceito” denunciar os comunistas e sócios que mantêm a roubalheira mais fantástica que se conhece na história desta nação envolvendo ongs, parlamentares, empresas... enlameando a “Ordem e Progresso”, destruindo todos os princípios e moral que poderia conduzir-nos na construção de Brasil diferenciado e exemplar, o “país do futuro” descrito por Stefan Zweig. O escritor suicidou-se.

O povo brasileiro parece estar sendo conduzido para a forca. Parece estar preso num labirinto, marchando para o abismo.

Arlindo Montenegro é Apicultor.

Alerta Total de Jorge Serrão

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