por Sergio Kapustan em 12 de junho de 2008
Resumo: Os verdadeiros objetivos na Amazônia deveriam ser: controlar a "invasão branca" de ONGS, as fontes de água, explorar as ricas jazidas de minérios e povoar as zonas de fronteira, para garantir a integridade do território nacional sem agredir o meio ambiente.
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Controlar a "invasão branca" de ONGs, principalmente estrangeiras, assegurar o controle da água e explorar ricas jazidas de minérios – grande parte em reservas indígenas e praticamente inacessíveis devido a legislação em vigor – e povoar as zonas de fronteira, para garantir a integridade do território nacional sem agredir o meio ambiente.
Esses foram os principais temas debatidos no seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa?', realizado ontem (10/06), no clube Espéria. Segundo os participantes, o evento foi considerado um marco por mobilizar e entusiasmar setores da sociedade civil organizada em defesa da Amazônia e da soberania brasileira.
De acordo com o general Luiz Gonzaga S. Lessa, ex-comandante militar da região, de 5 milhões de quilômetros quadrados espalhados em nove estados, organizações e governos estrangeiros fazem campanha internacional aberta para retirar a Amazônia do controle brasileiro.
A população indígena é de cerca de 350 mil índios. As terras indígenas representam 12% do território brasileiro. Para ele, a política da Funai (Fundação Nacional do Índio) isolou os índios. "Há um imenso vazio demográfico que precisa ser explorado, mas não a todo custo", afirmou o militar, ao abrir o evento.
Em sua explanação, Lessa divulgou um estudo da ONG Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeiras (Siafi), que mostra o vertiginoso aumento de organizações não-governamentais, entre 2001 a 2006, atuando dentro do País.
De 22 mil, em 2002, elas pularam para cerca de 260 mil em 2006. Em 2007, o número subiu para 276 mil e 100 mil trabalham na Amazônia. A população indígena é estimada em 350 mil índios, ou seja, há 3,5 índios para cada ONG . "Há uma verdadeira invasão branca na Amazônia sem ninguém dar um tiro sequer. Trata-se de um neo colonialismo que estamos aceitando voluntariamente", denunciou o general.
Riqueza natural – Ao defender a soberania nacional, Lessa afirmou que o Brasil detém hoje 20% da água doce da superfície do planeta e 80% dela encontra-se na bacia amazônica. "Fala-se que a próxima guerra mundial será pelo controle da água. Veja a sua importância estratégica mundial", chamou a atenção.
O general falou também sobre a polêmica em torno da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, na divisa do Brasil com a Venezuela, que possui 12 vezes o tamanho da cidade de São Paulo e inúmeras riquezas, como o urânio, abundante e inexplorado. "Roraima, que tem sua superfície ocupada por reservas indígenas em quase 50%, representa o grande embate internacional contra o Brasil", afirmou.
Políticas públicas – Em sua fala, o líder dos índios macuxis, Jonas de Souza Marcolino, da Raposa Serra do Sol, responsabilizou a Funai, entidades religiosas e ONGs de isolarem os povos indígenas.
"Muitas ONGs têm influência negativa sobre a massa indígena", contou o índio, sob forte aplauso. "O que ocorre em Roraima é uma destruição de nossos valores nacionais. O estado expulsa os brasileiros e deixa lá os estrangeiros".
Zona de Fronteira – Terceiro orador a falar, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) afirmou que a demarcação de reservas em zona fronteiriça representa um risco à segurança nacional.
Durante o seminário, foram citados três focos de guerrilha das FARC, na divisa do Brasil com a Colômbia, e sua aliança com o narcotráfico. "A edificação de vilas e cidades é uma forma racional de ocupação de nossas fronteiras, que estão abandonadas", afirmou.
Lição imprópria – Último palestrante, o professor Denis Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e articulista do Diário do Comércio, disse que a comunidade internacional, principalmente européia, não tem o direito de cobrar o Brasil. Segundo Rosenfield, a Europa conservou só 0,3% de suas florestas nativas. "Querem nos ensinar a lição, quando eles é que devem aprender".
O prefeito de Paracaima (RO) e líder da Associação de Arrozeiros da reserva Raposo Serra do Sol, Paulo César Quartiero, que chegou a ser preso pela Polícia Federal, acusado de porte ilegal de explosivos e formação de quadrilha, também defendeu a soberania. "Está na hora de termos um plano de desenvolvimento da Amazônia que dê oportunidades a todos e proteja nossa fronteiras", afirmou.
Publicado pelo Diário do Comércio em 11/06/2008
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