sábado, 7 de junho de 2008

Da natureza das jaguatiricas e dos bandidos

por Heitor De Paola em 06 de junho de 2008

Resumo: Os bandidos, assim como as jaguatiricas, acabam por mostrar sua natureza selvagem, sem nenhuma afeição por ninguém, e impõem aos "especialistas" o confronto com a realidade, diante da qual nada adiantam contruções ideológicas delirantes e reclamações.

© 2008 MidiaSemMascara.org


“Experts na arte de torcer palavras, popularmente aplaudidos e regiamente pagos; capazes de, com fala macia, transformar o mal em algo bom e de transformar o branco em negro”.
PLATÃO SOBRE OS SOFISTAS

Na minha adolescência tive um amigo que certa vez ganhou de um tio um filhote de jaguatirica recém-nascido. Era lindo o bichinho! Meu amigo lhe dava mamadeiras e limpava a sujeirada. Só que o bicho foi crescendo, e rápido! Os amigos diziam que ele devia no mínimo mantê-lo preso. Mas o gajo se afeiçoou de tal maneira que só obrigado pela polícia usava coleira e focinheira para sair à rua; em casa, soltava o bicho! Só que a jaguatirica definhava, não tomava mais leite e queria mudar a dieta de acordo com sua natureza carnívora. Lá ia o cara para o açougue. A todas as recomendações e críticas ele respondia que o bichano também se afeiçoara a ele e não havia perigo. Pois um dia aconteceu o desastre anunciado: mal entrara em casa e a jaguatirica arremeteu sobre ele e por pouco não lhe arrancou metade da cara. Mesmo assim os danos foram feios, teve que ser submetido a uma cirurgia de emergência. O bicho foi apreendido e mandado para o zoológico de Esteio, ao norte de Porto Alegre. A jaguatirica enfim mostrava sua natureza!

Esta lembrança me ocorre à mente a propósito do violento ataque recentemente sofrido por uma equipe de reportagem do jornal O Dia, do Rio de Janeiro, por parte de bandidos da Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio. Os jornalistas, juntamente com um morador local, foram seqüestrados e brutalmente torturados.

Acostumados a uma interpretação sofística da realidade e “com fala macia, transformar o mal em algo bom”, agora se queixam amargamente quando a verdadeira natureza da bandidagem – tal como a das jaguatiricas – mostra a sua verdadeira face. Os jornais, há décadas, vêm alimentando os bandidos a mamadeiras e pão-de-ló, chamando as favelas de “comunidades”, os bandidos ladrões e assassinos de “pobres excluídos do neoliberalismo selvagem”, defendendo seus “direitos humanos” contra as autoridades policiais que, às custas da própria vida, os enfrentam e protegem a sociedade. As novelas da Globo glamurizam as “comunidades” onde se vive em paz e harmonia só quebrada pelos truculentos policiais. São até afrodisíacas, pois vovôs e vovós reencontram o antigo vigor sexual em seus barracos (de luxo, bem verdade!) e, embora riquíssimos, adoram o ambiente favelar. As empresas de turismo ganham rios de dinheiro levando turistas basbaques a visitá-las como zoológicos humanos – até os jipões parecem os do Kruger Park - e, de volta às suas terras, fazerem vultosas contribuições às ONG’s protetoras dos “direitos humanos”.

Quantos policiais já não morreram? Quantos já não perderam o emprego processados por tais ONG’s e Pastorais disto e daquilo por “desrespeito aos direitos humanos”? Mas isto não dá notícia. Agora que jornalistas “bonzinhos” são atingidos, começa o velho e desgastado ritual dos “atos públicos”, lá vem o ministro interino da Justiça (sic), Luiz Paulo Barreto, afirmar que a tortura a jornalistas é considerada um atentado à liberdade de imprensa e o Vice-Presidente da República a cobrar investigação rigorosa e dizer que, se houvesse punição adequada, bandidos teriam menos coragem de cometer atos violentos. Até a ONU, como seria de prever, já censura e exige punições.

Isto já sabíamos há muito, seu Alencar, diga algo novo para variar! Mas não são as próprias autoridades, mancomunadas com os intelectualóides esquerdopatas, a justiça (sic) e a imprensa que sempre defenderam os tais “direitos humanos” dos bandidos e impediram a “punição adequada”? A população clama por punição e o que vocês fazem? Ao invés de punir, impedem que a polícia faça seu serviço. Pudera, governos como os que se sucedem desde 1994, constituídos de assaltantes, guerrilheiros e terroristas, financiadores da guerrilha do MST, dos quilombolas e incentivadores de revoltas tribais, como não vão defender seus pares? Quando indivíduos que pegaram em armas contra o País, assaltaram bancos, montaram guerrilhas e assassinaram covardemente militares e policiais, são agraciados com altos cargos públicos e polpudas indenizações e posam como heróis da luta contra a “ditadura”, ao invés de serem punidos pelos seus atos, o que se pode esperar? Quando juízes se orgulham de não expedir sentença de prisão para traficantes de drogas, condenando-os a “trabalhos comunitários”, o que tornará muito mais fácil seus dignificantes “afazeres” de dizimar a juventude, o que se pode esperar?

A repressão saiu de moda na modernidade. Desde a infância os pais não exercem mais autoridade, não dizem pode/não pode ou castigam se fizer o que não pode. “Propõem”, sugerem conversar sobre o assunto e perguntar à criança “o que é que ela acha”. Seguem-se escolas com o mesmo comportamento recomendado pelos “especialistas”, as quais se temem reprimir ou castigar, pois serão alvo de queixas dos alunos e de seus pais e se verão às voltas com processos dos famigerados Conselhos Tutelares, esta excrescência do ECA. O que se pode esperar desta educação?

Vá lá tentar contestar a fala mole desta gente! Não pode, são os especialistas [*] que não admitem contestação. Eric Voegelin (Science, Politics and Gnosticism), já observara que na modernidade “emergiu um fenômeno desconhecido na antiguidade que permeia nossa sociedade de forma tão completa que sua onipresença impede que sequer a enxerguemos. Somos confrontados com pessoas que sabem que - e porque – suas opiniões não resistem a uma análise crítica e que, portanto, fazem da proibição do exame de suas premissas uma parte essencial de seu dogma. As perguntas do ‘homem individual’ são impedidas pelo ukase do especulador que não permite a perturbação de suas construções”.

Mas há uma resposta – que abrange todo o linguajar politicamente correto – e é aquela dada por Humpty Dumpty a Alice (Lewis Carroll, Through the looking Glass): “Quando eu uso uma palavra, ela significa exatamente o que eu escolhi para ela significar – nem mais nem menos... A questão é, quem manda – nada mais!”.

Só que as jaguatiricas e os bandidos acabam por mostrar sua natureza selvagem, sem nenhuma afeição por ninguém, e impõem aos “especialistas” o confronto com a realidade – esta é quem manda, não suas construções ideológicas delirantes! Agora não adianta chorar e espernear!

[*] Ver em:

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=3785

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4205

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4214

Nenhum comentário: