Sábado, Maio 31, 2008
Lula se convence que terá de baixar pacote de maldades para conter crédito, preços e alta da inflação
Edição de Sábado do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.comAdicione nosso blog e podcast aos seus favoritos.
Por Jorge Serrão
"Olhem para a minha cara: farei qualquer coisa para evitar a subida da inflação". O recado do chefão Lula da Silva, ontem, em discurso no Fórum dos Governadores da Amazônia, em Belém, deixou em pânico a equipe econômica. Lula também comentou que fará "qualquer sacrifício, mesmo que seja um remédio amargo" para segurar os preços. O medo foi que Lula adiantasse, por acidente verbal, o conteúdo da “qualquer coisa” que será feita para conter os preços, evitando que a inflação chegue aos 5,7% (superando a meta oficial de 4,5% no Indice de Preços ao Consumidor).
O pacote de maldades econômicas, em gestação pela equipe de Guido Mantega e do Banco Central, prevê um aperto ao crédito – o que vai afetar o consumismo desenfreado que rende popularidade e passa a falta noção de boas condições da economia. Algumas das medidas já vazam nos bastidores políticos. A principal delas é a redução do prazo para financiamento de compras com os cartões de crédito: de 5 a 6 vezes no máximo. O cartão também pode ser taxado. Outra intenção é acabar com o longo financiamento de 60 meses para carros. Prazo será de 36 ou 48. O governo também pretende é evitar compras feitas sem entrada.
O desgoverno vai exercitar o intervencionismo econômico. O desgoverno estuda a proibição para exportação de alguns produtos que podem faltar no mercado interno e elevar o preço, pressionando a inflação. Todo e qualquer aumento de preços de produtos e insumos passará por uma câmara setorial que vai analisar se existe razão ou não para o reajuste. A ordem será importar produtos que porventura faltem ou que insistam em subir de preços aqui dentro. Haverá isenção de imposto para isso. Produtos de fora, não essenciais, sofrerão uma taxação para tentar melhorar a economia nacional.
Outras medidas afetam as classes de poder aquisitivo mais baixo. Os supermercados não poderão vender comida a crédito. No máximo, parcelamento em três vezes. Pode ocorrer um aumento dos combustíveis. Estuda-se uma restrição aos saques de poupança, permitindo saques apenas de três em três meses.
Outras medidas afetariam quem tem maior poder de consumo. Bancos não poderão dar crédito para criação de empresas. Depósitos acima de R$ 10 mil podem sofrer uma taxação, caso a nova CPMF não passe. Estudam-se restrições em viagens ao exterior, com uma espécie de depósito compulsório na passagem.
Todas essas medidas estão em estudo no Ministério da Fazenda e no Banco Central. Se serão adotadas ou não, tudo depende das condições políticas, e da coragem ou eventual desespero do chefão Lula diante da alta previsível da inflação. Mês passado, o Banco Central já tirou de circulação R$ 6 bilhões em papel moeda. Apostam na questionável teoria monetarista de que, segurando a base monetária, vão conter a inflação. Não vão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário