Domingo, Junho 08, 2008
O Governo Ideológico do Crime Organizado II
Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com
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Por Jorge Serrão
No Brasil, os ocupantes do poder – no Executivo, no Legislativo e no Judiciário – não trabalham em favor do desenvolvimento, independência e soberania da Nação por vários motivos: ou não querem e lhes falta vontade política; ou não podem porque estão envolvidos no “sistema”; ou não vale a pena, porque, para eles, aparentemente, tudo está bom do jeito que está.
Eis por que é conveniente o modelo de gestão do Governo Ideológico do Crime Organizado. O problema real não reside apenas em quem está ocupando o poder e se locupletando, eventualmente dele. Pouco adianta perder tempo com ataques aos supostos e eventuais “poderosos de plantão”. A matriz da corrupção no Brasil está em cada um de nós, que não conhecemos o verdadeiro inimigo, e, por conseguinte, não sabemos como combatê-lo. Conhecer como os reais bandidos operam e a chave para neutralizá-los.
O brasileiro sobrevive “enxugando o gelo” em uma nação que só produz e reproduz, mais corrupção, violência, intolerância, desrespeito, desigualdade, injustiça, impunidade e – consolidando tudo isso, no plural – despotismos, mentiras, medos e ilusões sem fim. As oligarquias bem pensantes ignoram as fontes de informação controladas por redes internacionais, atadas aos textos ligeiros. Perderam o foco objetivo e repetem as mesmices alimentando-se das iscas atiradas pelos controladores das mentes.
Os movimentos à direita e à esquerda se confundem num mesmo pacote emaranhado. Mentes voltadas para o global, enquanto em nosso quintal os ratos engordam. Nossas elites continuam debruçadas à janela esperando as novidades e diretrizes “civilizadas”. Arrumar a própria casa, necas! Arrumar a própria cabeça é trabalhar... Então, “pernas pro ar, que ninguém é de ferro”.
É fundamental compreender como funciona o governo ideológico do crime organizado. Os controladores comandam as organizações político-administrativas do País. Emprega agentes de influência, que são a mídia, as organizações não-governamentais, os chamados “movimentos populares”, as seitas e os sindicatos. Contam com um partido político no poder, como força-motriz de sua ação estratégica de controle. Os controladores exercem influência, corrompendo. Sua força de sustentação é o governo formal, nos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, dominando a política econômica, a classe política e os aparelhos repressivos do Estado.
Os controladores também operam com um “quarto elemento”. São as chamadas “forças subterrâneas” as mesmas que Jânio Quadros denunciou como “forças ocultas” que o levaram à renuncia acreditando talvez que nossas elites geniais e nossos militares atentos, se fossem insurgir contra as mesmas, reconduzindo-o ao poder como um Nasser caboclo.
Tais forças executam, na prática, as atividades criminosas, alimentando a cena para os debates políticos. Muda-se o foco das causas gerais para o efeito particular. Aí ocorre uma simbiose entre os poderes de Estado, dominados pelo controlador, e os marginais formais, membros das chamadas facções criminosas. Eles estão aliados à chamada narcoguerrilha, cujos integrantes atuam como agentes conscientes ou inconscientes. Eles acreditam e pregam uma pretensa “ordem revolucionária”, agindo nas áreas rural e urbana. Servem à Oligarquia Financeira Transnacional.
Os controladores operam com três instrumentos básicos de dominação: o terrorismo, as ideocracias (ideologias ou idéias fora do lugar) e as diferenças artificiais (regionais, econômicas, sociais, religiosas e raciais). Provocam e alimentam o bate boca sobre assuntos diversivos. Provocam e induzem as disputas ideológicas. Utilizam e financiam narcotraficantes e terroristas. Lançam as populações em situação permanente de instabilidade e medo.
Os controladores operam com dois objetivos fundamentais: O primeiro é a exploração econômica da nação e dos recursos naturais do seu território. O segundo é a contenção das potencialidades sócio-econômicas, culturais, ações políticas e militares da nação, na medida exata dos interesses transnacionais, globais. As ferramentas de que dispõem: reservas de mercado, cotação de minerais estratégicos, operações com bolsas, influências (corrupção) de formadores de opinião, legisladores, juizes, ministros, políticos em geral, monopólios, controle de áreas físicas, aquisição e participações em empresas estratégicas.
Na verdade, as estratégias da Globalização obedecem a um poder maior de controle. As ideologias que defendem são mero instrumento de dominação do qual os controladores se aproveitam. Embora pareçam entidades com diferentes tendências de pensamento, na realidade objetiva, são meros instrumentos reprodutores das mesmas ações políticas, econômicas e ideológicas emanadas da City de Londres – que é o centro estratégico do real poder financeiro mundial, em que os banqueiros e suas corporações transnacionais exercem seu papel há vários séculos, desde o advento do capitalismo, atuando em parceria com outros clubes de poder, sociedades que já foram mais secretas, como o Bilderberg-gruppen.
Bilderberg surgiu sob os auspícios dos militares, dos homens de negócios, de agências de espionagem e do poder político. É na sua origem um instrumento da guerra-fria que visava à unificação da Europa (incluindo a reunificação das Alemanhas), a “concertação” de posições entre as elites deste continente e do americano, além do exercício do governo mundial. A evolução da organização acentuou o domínio do capital financeiro e a sua influência através dos meios de comunicação social, dos meios acadêmicos e de institutos e fundações.
A banda do poder mundial toca desta forma. Sob o manto das corporações transnacionais, nascem instituições, fundações e organizações que produzem idéias, influência e quadros. A elite forma os herdeiros que vão lhes suceder nas empresas, no campo político, nos meios acadêmicos e no campo dos meios de comunicação social. Eles controlam o mundo. Nos governam, e a gente não sente. Cuidam dos interesses deles, e a gente que se dane. Daí o mérito da eficiente estratégia de dominação, manipulação e controle.
É fácil constatar como as vaidades intelectuais têm sido manipuladas pelo “canto da sereia da Nova Ordem Mundial”, para disseminar a linha de pensamento dos colonizadores em direção à globalização. Como os grupos idealistas de esquerda são manipulados pelas idéias fora do lugar. Misturam-se nas cabeças, sobretudo dos mais jovens, pouco reflexivas e menos informadas, as miragens nacionalistas, socialistas, liberais... Idéias para confundir e dividir.
Os difusores dos “ismos”, geralmente os “socialistas fabianos”, cínicos pseudo-críticos dos males do capitalismo, sempre promoveram a “atomização ideológica” em defesa do que pareciam “princípios e metodologias revolucionárias”. Ora pró Rússia, pró China, pró Cuba, pró Albânia ou proto cristãs. Todas fadadas ao insucesso, mas todas beneficiando e encobrindo as negociações políticas de alto nível e estratégias dos senhores dos arsenais, das corporações transnacionais e das reservas econômicas de mercado em favor do “império”.
Nossa indigência cultural, o imediatismo dos ignorantes, o servilismo histórico em benefício do “império” são nossos defeitos mortais. Ainda mais que as oligarquias transnacionais e a daqui de dentro só enxergam nosso povo como coisa a ser explorada e usada, principalmente como mão de obra baratíssima. Aliás, os povos periféricos são encarados como sobreviventes disponíveis para qualquer tarefa brutal, inclusive a tarefa de matar e morrer por uma miragem transplantada: terrorismo, idéias fora de lugar e diferenças artificialmente induzidas.
Nossos governantes, pretensos “líderes” são escolhidos por processos de fora para dentro. O resultado das eleições presidenciais por aqui pouco importa. Os bem identificados “controladores” não jogam sua sorte no cassino eleitoral do Al Capone, com urnas eletrônicas totalmente passíveis de fraudes, embora o Superior Tribunal Eleitoral tente nos fazer acreditar no contrário. O jogo deles tem as cartas marcadas, e independe de quem vai vencer. Afinal, o poder real mundial controla as diferentes tendências ideológicas. Quem ganhar é um tentáculo da Oligarquia Financeira Transnacional.
Tantos conceitos objetivos, embora polêmicos e pouco conhecidos pela maioria, são necessários para que possamos desenhar o cenário previsível para o Brasil. Eles são as ferramentas para que possamos fazer um diagnóstico da nossa realidade capaz de indicar um projeto para a Pátria. Eis o desafio de se formular um projeto realmente Político para o Brasil. Este difícil trabalho é para ontem.
Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. http://www.alertatotal.blogspot.com e http://podcast.br.inter.net/podcast/alertatotal
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